sexta-feira, 30 de outubro de 2009

A "dor de cabeça de Obama"



Zelaya vai finalmente retomar o seu lugar enquanto Presidente das Honduras, depois de alguns meses de impasse. Não esperava este resultado tão cedo, mas como tão bem explica o Jornal Público online, os americanos não ficaram parados:



O Presidente tem uma dor de cabeça, algo incómodo e inesperado, toca a pôr as mãos na massa e tudo se resolve como eles entendem que deve resolver-se. Este é um dos sinais evidentes do poder e influência dos Estados Unidos, num momento em que são vários aqueles que apontam para a perda de hegemonia do país.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

TPI = Temos Possibilidade de Interferir?

Ao contrário daquilo que era expectável e que comentei há alguns dias, o T.P.I. actuou da forma que me parece mais correcta - aos olhos do Direito Internacional e da justiça moral. Contrariando o boicote do ex-líder sérvio Karadzic, o Tribunal vai prosseguir com o julgamento mesmo na ausência da acusado (que é, simultaneamente, o seu advogado de defesa), criando condições na cela de Karadzic, caso insista em não comparecer, para que o caso seja tratado a partir de lá - já que é o próprio que tem que interrogar as testemunhas. E se a situação piorar, o TPI poderá nomear um advogado para o réu, tornando desnecessária a sua presença, física ou não.


Esta é uma prova de pragmatismo e de alguma destreza no tratamento das questões jurídicas e judiciais no complexo e burocrático mundo do Direito Internacional. Inúmeras questões são levantadas sistematicamente quanto à validade deste Direito, mas a solução deste caso parece-me inteligente e de uma grande justiça para aqueles que aguardam há vários anos o julgamento do alegadamente responsável de crimes violentos no seu país.

E se me parece razoável afirmar que apesar das elites políticas perderem continuamente accção e poder num processo de globalização que extrapola os limites fronteiriços geográficos e de actuação dos seus governos, é inegável a sua influência em certas situações, uma vez que é essa mesma elite que cede parcelas de soberania a instâncias como o TPI, que procura actuar precismante nesses campos pantanosos onde, simultanemante, ninguém e toda a gente é responsável. As elites não comandam os destinos das vidas das populações, mas têm ainda grande capacidade de influência nesses mesmos percursos, apesar de se notar uma crescente emergência de outros actores, como as Relações Internacionais e mesmo a Ciência Política têm constatado.

Esta acção do TPI no caso de Karadzic faz ter alguma esperança neste sistema internacional e na possibilidade de sucessos na cooperação.

Notícias sobre o caso podem ser lidas aqui e aqui.

E a corrida já começou...

Pois mesmo sem a assinatura de Klaus, sem a completa e "definitiva" ratificação do Tratado de Lisboa e sem a instituição do novo cargo de Presidente da União, e já os eurocratas correm para formar fila para o cargo.

Tony Blair foi o primeiro e aquele que uns consideram o ideal para o lugar, mas que outros criticam por pertencer ao país menos europeu dos europeus, o eurocéptico Reino Unido. Outro nome também falado é o do holandês Jan Peter Balkenende.

Agora, e fazendo lembrar o ex-Primeiro Minsitro português Durão Barroso, Jean-Claude Juncker, actual chefe do Governo luxemburguês, vem dizer-se disponível e o ideal, atendendo à sua visão "ambiciosa" da Europa. Ainda muita água vai correr debaixo da ponte, que é o mesmo que dizer que muitos nomes vão ainda surgir para o big boss europeu.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Eleições e... a democracia?

Com acusações de autoritarismo disfarçado e de falta de democracia, Ben Ali ganhou o seu 5º mandato na Tunísia. Há 22 anos no poder, obteve quase 90% dos votos - pela primeira vez ficou abaixo da fasquia dos 90. A oposição já perdeu a esperança na democracia tunisina, que considera inexistente enquanto Ali continuar no poder.

A população parece gostar do líder que trouxe alguma estabilidade para o país africano, considerando-o um "salvador". Gostava só de perceber melhor o que se passa na realidade na Tunísia para que haja denúncias como estas...

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

TPI = Temos Pena da Ineficiência?

A comunidade internacional aguardava com expectativa o julgamento de Karadzic, antigo líder dos sérvios na Bósnia, acusado de crimes de guerra e contra a humanidade, naquele que foi o conflito mais sangrento depois da II Guerra Munidal, como noticia o Público de hoje.

O problema é que o senhor boicotou o julgamento e o TPI ficou sem saber o que fazer. São estas situações que descredibilizam junto das populações instituições internacionais como este Tribunal - principalmente os sobreviventes bósnios que aguardam justiça há 15 anos. É que além disso, pela complexidade do problema, está previsto que termine apenas em 2012.


O sr. Karadzic é o responsável pela sua própria defesa, o que é uma das causas destes atrasos. Na minha opinião, se as organizações internacionais pretendem ser elos de ligação entre as elites políticas que comandam os destinos do mundo e as as populações, têm que mostrar que realmente existem para isso e que funcionam quando se trata de defender aqueles que são as bases de todo o sistema, a razão pela qual existem. As intenções do TPI são as melhores, os seus resultados nem sempre. Será que a sigla passou a significar "Temos Pena da Ineficiência"?

Assim é difícil unir o mundo numa cidadania global.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Coeficiente de Gini, pobreza e desigualdade

A designação deste índice deve-se ao seu criador, o estatístico italiano Corrado Gini, que em 1912 criou esta forma de calcular a desigualdade na distribuição do rendimento familiar. Sem juízos morais, ele é aplicado em várias outras áreas do conhecimento, desde a Ecologia, à Geografia, e mesmo à Química.

Esta medida define um valor entre 0 e 1, onde o 0 corresponderia à completa igualdade, acontecendo precisamente o oposto com o 1. A par de outros índices com o mesmo objectivo, como o Atkinson ou o Theil, estes cálculos, depois representados na curva de Lorenz, permitem ter uma ideia da distribuição de riqueza dentro dos diferentes países, possibilitando a comparação entre eles, como é visível no mapa em baixo, que ilustra o coeficiente de Gini no mundo em 2009 (com dados do The World Factbook da CIA)




Em comparação com esta realidade, mais ou menos expectável, da desigualdade de rendimentos, podemos ainda observar o mapa reproduzido abaixo, disponibilizado pelo World Mapper, com a representação da pobreza mundial.




Surpreendentemente, há algumas diferenças curiosas entre os dois – enquanto a América do Sul é marcada por grandes diferenças no rendimento (coeficiente de Gini), já a pobreza humana afecta sobretudo o continente africano e o sul da Ásia. A Índia é dos países que nesta área tem uma maior representação, mas em termos de distribuição de riqueza situa-se ao mesmo nível de Portugal, do Japão ou da Nova Zelândia. Já para não referir que na Argélia a desigualdade é menor que nos EUA. Tal como o Afeganistão, que ocupa o 181.º lugar no ranking da pobreza e que, em termos do coeficiente de Gini, apresenta valores inferiores aos dos Estados Unidos.

É na análise comparativa das diferentes realidades e no cruzamento de diversos dados que conseguimos diagnosticar o estado dos diferentes países, traçando um quadro geral no qual nos apoiamos para produzir conhecimento e apresentar soluções ou propostas para o bem-estar geral da população, um dos objectivos dos teóricos que se debruçam sobre estas questões, uma vez que só assim se evitam extremismos, fundamentalismos, criminalidade e, em última instância, os conflitos ou mesmo a guerra.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Às turras com a imprensa


Sílvio Berlusconi, como noticia o Público, escapou "por uma unha negra a uma crítica do Parlamento Europeu às interferências na liberdade de imprensa de que é acusado em Itália, no quadro de uma votação tumultuosa que chegou a envolver referências a Manuela Moura Guedes e à TVI."

Com uma margem mínima de 3 votos, Berlusconi evitou ainda mais um escândalo, pois a aprovação implicaria a formulação de legislação europeia para evitar e concentração de órgãos de informação - mesmo assim, a elaboração deste texto, para um dos eurodeputados portugueses do BE, foi difícil e teve uma grande intervenção italiana.

Já alguns eurodeputados do PSD aproveitaram a ocasião para puxar a brasa à sua sardinha, que é como quem diz, para lançar suspeitas sobre o caso Manuela Moura Guedes e o cancelamento do seu Jornal Nacional.

Do outro lado do Atlântico, o objecto de discórdia é a cadeia televisiva (em muito semelhante à TVI) Fox News. O Presidente Obama declarou-lhe guerra, considerando-a uma inimiga, por apenas incluir a perspectiva dos republicanos naquilo que admite “não [serem] verdadeiramente notícias mas sim [a] promoção de um ponto de vista”.

Muitos criticam esta pouca abertura de Obama; outros relembram que esta luta entre a Casa Branca e a Imprensa é já antiga e que foram vários os presidentes que desenvolveram estes ódios de estimação por esta ou aquela cadeia.

Definitivamente, a imprensa e os governos têm tido alguma dificuldade em comunicar. Limitação da liberdade de imprensa? Promoção de ideais "transvestidos" de notícias claras e objectivas? Campanha da oposição? Liberdade de expressão? Com que limites? São estas algumas das questões que estas notícias nos suscitam e que implicam uma análise cuidada de todos os factores.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Onde param os uigures?




A Human Rights Watch está preocupada com o desaparecimento de dezenas de uigures capturados nos motins de Julho em Xinjang. Segundo esta organização e a notícia do jornal Público, cerca de 43 homens e adolescentes (de 12 a 14 anos) foram levados pelas forças policiais e até hoje desconhece-se o seu paradeiro. O Governo e as autoridades locais fecham-se em copas.

Relembre-se que a minoria uigure tem sido alvo de políticas de homogeneização vindas do governo central, que tem deslocado milhões de chineses do grupo han para Xinjang, além de outras medidas discriminatórias contra este grupo de maioria muçulmana e turcófona.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Elições no Afeganistão



Pelo Médio Oriente...

O Afeganistão, o Paquistão e o Irão chamam a atenção da comunidade internacional para uma das zonas mais instáveis do mundo, por diferentes motivos.




No Afeganistão, a Comissão de Queixas Eleitorais, cujos resultados ainda não são conhecidos oficialmente, ordenou a anulação dos votos provenientes de 210 mesas de voto, indicando assim que ocorreu, na realidade, fraude eleitoral. Segundo se consta, isso irá originar a descida do eleitorado de Karzai para menos de 50%, o que levará a uma segunda volta com o número dois, Abdullah. Ambos estão prontos para novo sufrágio.

No Paquistão, as forças nacionais continuam combates acesos e com resultados duvidosos contra o “centro do terrorismo”, ou seja, contra os taliban. Este movimento originou já a deslocação de 100 000 civis e calcula-se que várias outras centenas de milhares se encontrem encurralados com esta ofensiva.

No Irão, cada vez são mais fundamentados os rumores que dão como morto do Ayatollah Khamenei e a procura do seu sucessor, que promete uma luta de facções que poderá desestabilizar o país. Os sinais são vários: desde o encerramento do seu site pessoal, ao não aparecimento no Domingo a comentar o violente ataque que vitimou os Guardas da Revolução, a publicação de fotografias de encontros passados na imprensa oficial,… Até quando quererão manter a expectativa? Aguardemos pelas repercussões do desaparecimento do líder espiritual iraniano – ou muito me engano ou ainda vamos ver mais tumultos em Teerão.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Um hambúrguer, uma estante e a economia mundial


Poucos saberão que, em economia, o Big Mac tem uma destacada importância. Mas do que pelo seu sabor que nos tenta, este hambúrguer representa, para a ciência económica, um indicador, que permite analisar a paridade do poder de compra, isto é, a comparação do custo de vida em vários países. O criador, Pam Woodall, jornalista do The Economist, lembrou-se de usar o preço praticado pelas diferentes McDonalds por todo o mundo na venda do Big Mac, que efectivamente se institucionalizou como índice: o índice Big Mac.

A explicação da utilização de produtos deste género surge na edição de 27 de Setembro do Jornal Público:

"são vendidos em grandes quantidades numa enorme variedade de países, os seus preços são definidos pela mesma entidade para cada país e são produzidos da mesma maneira em todo o Globo. Assim, é possível saber, de forma exacta e imediata, quanto é que um português e um americano gastam para comprar o mesmo produto, com a mesma marca, no mesmo tipo de loja e com a mesma qualidade de serviço.”

É ainda possível avaliar a sobre-/subvalorização monetária ou quantas horas é preciso trabalhar em cada país para se comprar um hambúrguer.

Contudo, a novidade surgiu em Setembro: é que o Big Mac encontrou um rival! Vindo, nada mais, nada menos, da Suécia. Falamos da Estante Billy, da cadeia IKEA. Esta apresenta as características necessárias a este tipo de indicadores. Confirmando a presença em massa das lojas IKEA por todo o mundo. Apesar de ter sensibilidades diferentes, porque o público-alvo desta cadeia é bastante diferente do da McDonalds, este índice terá vindo para ficar e complementar aquele que já existe desde a década 80.

domingo, 18 de outubro de 2009

Under Water

As Maldivas são dos países mais ameaçados pela subida do nível médio das águas do mar. Para mostrar ao mundo que esta situação pode causar o desaparecimento do país, o Conselho de Ministros decorreu a 5 metros de profundidade nas águas que poderão traçar o destino último do arquipélago. Esta acção, no mínimo original, tem como objectivo promover políticas de alteração climática, em vésperas da Cimeira da Copenhaga que tratará do tema.


As questões que continuam a levantar-se, cada vez como mais força, prendem-se com a relação entre a actividade do homem e o aquecimento global – até que ponto é que esta evolução será evitável? É certo que uma mudança nos comportamentos humanos pode ajudar; mas poderá realmente fazer assim tanta diferença?

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Islão no Mundo


Islão. Este é um conceito que tem assustado muita gente, principalmente depois do 9/11 e da caça ao terrorista. Diariamente chegam-nos imagens de violência, atentados, bombas, feridos e mortos – e esta informação é de tal ordem que já passa ao lado de muita gente. Quem sabe quantos mortos resultaram do último ataque bombista da Al-Qaeda ou dos Taliban? Que se apercebeu que ele realmente ocorreu? Praticamente ninguém passa dos títulos que anunciam tais tragédias, o que é compreensível. Associamos muçulmanos ao fundamentalismo e está feito. Não há cá a eventualidade de perceber que nem todos os muçulmanos defendem uma literal guerra santa ou de tentar perceber quais são os verdadeiros e reais motivos das organizações terroristas. Muitos crentes podem estar apenas em concordância com esses organismos simplesmente porque o entendem como a única forma possível de integração e de se fazerem ouvir no mundo. Erradamente.


Um estudo que levou três anos a estar concluído e que se chama “Mapping the Global Muslim Population”, levado a cabo pelo Pew Forum on Religion and Public Life, apresenta algumas conclusões interessantes.

Um em cada quatro habitantes do mundo é muçulmano. A Indonésia e o Paquistão são os países que concentram um maior número destes crentes, seguidos pela Índia, mesmo sendo este um país maioritariamente hindu – o que surpreende.



O que talvez não surpreenda é que dois terços dos muçulmanos se encontrem na Ásia, mesmo apesar de países como Marrocos terem 99% de população que segue o Islão. Ao todo, no mundo, há 1,57 biliões de muçulmanos contra os 2,25 biliões de cristãos (não só católicos, naturalmente). A diferença está em que os primeiros têm tendência para aumentar, ao contrário dos segundos. Nitidamente, estes valores extrapolam em muito o Médio Oriente, o que implica que se redefinam políticas e concepções, pois este não é o centro do mundo muçulmano.

Aconselho a leitura do relatório, da sua síntese ou mesmo de notícias que se referem a ele.

É altura de desfazer confusões e mal-entendidos. Destruir preconceitos e promover a tolerância e a aceitação mútua. De analisar e arranjar soluções. É para isso que servem as Relações Internacionais e o que de fascinante têm.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Chineses e Muçulmanos

Na sequência dos confrontos acontecidos em Julho passado entre os uigures (minoria chinesa de religião muçulmana, mas maioria na região de Xinjang) e os han (maioritários em toda o país, mas minoritários naquela zona), a Al-Qaeda apela à jihad na China, que acusam de ser opressora, comparando-a com a URSS.


Esta organização terrorista declara que vai ficar ao lado dos irmãos oprimidos naquela zona que está próxima de pólos muçulmanos importantes, como o Afeganistão, o Paquistão, o Cazaquistão, o Tajiquistão, para além ainda da Rússia, Mongólia e Índia.

De destacar que Xinjiang tem grandes reservas de petróleo e é o maior produtor de gás natural de toda a China, o que justificará, em parte, este apoio estratégico da Al-Qaeda.

Financiamento

Parece que enquanto a Al-Qaeda se vê envolvida na crise e tem a sua pior situação financeira em vários anos, os Taliban continuam a somar com a comercialização de droga no Afeganistão. Talvez por isso defendam com tanta garra o território e estejam a causar valentes dores de cabeça aos EUA - têm lá o seu maná.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Negociações e Política Externa Alemã

As negociações entre o FDP e o CDU continuam. Merkel e Westerwelle tentam arranjar convergências nas suas propostas para a formação do novo governo alemão para que a coligação se concretize de facto. Contudo, mesmo apesar de esta ter sido a escolha de Merkel, em detrimento da renovação da coligação com o SPD, há perspectivas que divergem e que podem trazer à Alemanha e ao mundo uma certa mudança.



Por exemplo, para Westerwelle, não se justifica a existência de um Ministério independente para o Desenvolvimento – paradoxalmente, este foi criado em 1961 por um liberal. Desejável para o líder do FDP era a incorporação deste Ministério no dos Negócios Estrangeiros. Ora, a chanceler discorda, considerando que isso implicaria um tratamento marginal de um assunto tão importante e complexo. Isto pode terminar em mudanças na política externa alemã muito significativas. Westerwelle é contra a ajuda que a Alemanha presta ao desenvolvimento de países que estão a industrializar-se rapidamente, como a China, o Brasil ou a Índia.

Além disso, procurará o próximo Ministro dos Negócios Estrangeiros (MNE) negociações rápidas com os EUA para que estes retirem o armamento nuclear que está em solo alemão, no seguimento da sua política de desarmamento nuclear global. Esta intenção não agradará muito ao CDU, que tradicionalmente via este armamento americano como parte essencial da política de segurança alemã.

Apesar de ser criticado por alguns politólogos por falar ao público de assuntos diplomáticos que exigiam alguma discrição (que é, aliás, o ponto forte de Merkel), a verdade é que esperam-se algumas mudanças da presença da República Federal no mundo. Até onde podem ir, só o resultado das negociações e o tempo nos poderão dizer.

domingo, 11 de outubro de 2009

A notinha de rodapé e um dos Sete Anões

Os desenhos animados continuam! Agora com os Sete Anões! Porque, para mim, Vaclav Klaus parece o Zangado.


Porque afinal já se sabe o que quer o Presidente da República Checa! Quem não se teria lembrado de fazer um pedido destes?! É a altura certa!

"uma cláusula para impedir eventuais exigências de retorno das propriedades confiscadas por Praga aos alemães dos Montes Sudetas em 1945."

O episódio remonta ao pós-II Guerra Mundial, quando o então Presidente Benes expropriou 2 milhões de alemães dos Sudetas por serem considerados cúmplices de Hitler. Os checos temem a revogação destes decretos depois de Lisboa.

Os 27 preparam-se para debater a questão já no final do mês - a ver se é desta que a coisa vai! Mais uma birra... Está difícil este parto.

Tom & Jerry e o Tratado de Lisboa


É com um episódio destes desenhos animados que a ratificação do Tratado de Lisboa se parece cada vez mais. Depois do (segundo !) referendo na Irlanda que deixou todos os europeístas a respirar de alívio, dois nomes surgiam na ribalta: Kaczynski e Vaclav Klaus – nada mais nada menos que os Presidentes da Polónia e da República Checa, respectivamente, ambos eurocépticos que têm adiado ad aeternum a sua assinatura.

Na Polónia, na 6.ª feira, houve o diz que disse. O líder da oposição e ex-Primeiro Ministro polaco, que calha também ser irmão do Presidente da República, desmentiu o assessor do seu irmão gémeo, garantindo à imprensa que este não assinaria o Tratado no Domingo seguinte. Horas mais tarde, lá vem o irmão desmenti-lo, dizendo que não o assinaria no Domingo, mas no Sábado! E assim foi. Depois de mandar o comentário sobre a necessidade de alargamento para os seus aliados nos Balcãs e para a Geórgia, a assinatura foi firmada.

Mais um alívio.

Mas não por muito tempo.

O conservador e eurocéptico Presidente da República Checa ficou sozinho na sua obstinada oposição ao Tratado de Lisboa. Mas não baixou a guarda. Pelo contrário, exigiu que fosse incluída na Carta de Direitos Fundamentais da União uma “nota de rodapé”, que o senhor insiste em não revelar. A União já avisou que a função de pedir uma declaração política cabe ao Governo e nunca ao Presidente da República. Ele continua a bater o pé.

E o fim do ano aproxima-se. E a República Checa nunca teve tanta atenção.

Teerão




E ainda se morre por ideais...

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Prémio Nobel da Paz 2009

Os Prémios Nobel têm por hábito surpreender mesmo os mais atentos a todo o processo, galardoando candidatos que não são, de todo, os favoritos. O Nobel da Paz 2009 não foi excepção: todos sustiveram a respiração ao ouvir o nome do Presidente dos Estados Unidos. Segundo o comité responsável pela nomeação, esta ficou a dever-se aos “seus extraordinários esforços para reforçar a diplomacia internacional e a cooperação entre os povos”. As questões do desarmamento global nuclear e do ambiente não terão sido esquecidas no momento da escolha, que apanhou todos desprevenidos, incluindo Barack Obama que se disse surpreendido. Como em tudo, uns apoiaram, outros criticaram. Mas parece haver um consenso relativamente ao facto deste prémio significar o reconhecimento daquilo que Obama está a tentar alcançar, mais do que aquilo que alcançou em 10 meses de governação. É um apelo à acção, nitidamente.


Considero um pouco forçada esta nomeação, apesar de perceber a intenção dos noruegueses. Muitos discordam completamente dela. E somos todos tentados a comparar Obama com outros vencedores do mesmo prémio: Roosevelt, Wilson, Martin Luther King Jr, Willy Brandt, Madre Teresa de Calcutá, o 14.º Dalai Lama, Suu Kyi, Nelson Mandela, Ramos-Horta, Kofi Annan, Ahtisaari, enfim… Um rol que impressiona. Todos com obra feita. Obama tem ainda a obra por fazer – aliás, como o próprio admite no seu discurso.

Simpaticamente, o porta-voz dos Taliban, Zabihullah Mujahid, apelida o prémio de ridículo, criticando: “The Nobel prize for peace? Obama should have won the 'Nobel Prize for escalating violence and killing civilians'” Muitos tenderão a concordar com o afegão.

Felizes e longe da polémica, vão ficar as organizações de caridade destinatárias de 1,4 milhões de dólares!

Para mais informações:

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Nobel da Literatura 2009

Foi hoje anunciado o Prémio Nobel da Literatura 2009. A obra da galardoada, Herta Müller, resulta da sua experiência e vivência entre duas culturas, a alemã e a romena, entre as quais a autora sempre tentou “estabelecer pontes”. Para a Academia Sueca, ela “descreve a paisagem dos excluídos”, referindo-se às minorias na Europa Central, da qual fez parte, num período conturbado, o pós-II Guerra Mundial. A mãe foi inclusivamente deportada para um trabalho de campo de trabalho na antiga URSS.

Nascida na Roménia, mas pertencendo a família alemã, teve que deixar o seu país natal por criticar abertamente o governo romeno e a sua polícia secreta. Herta Müller encarna as pontes que as Relações Internacionais tentam estabelecer todos os dias.

Aguardamos agora com curiosidade pelo Nobel da Paz, anunciado amanhã, que poderá também ter algo a dizer quanto à compreensão e ao diálogo entre os povos.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Bem-vindos!

Mais um blogue. Mais uma experiência.

Desta vez a solo, tentarei manter este blogue de forma activa e assídua. Comentarei acontecimentos nacionais e internacionais e tentarei ainda analisar questões de natureza epistemológica ligadas às Relações Internacionais, área sobre a qual me debruço com especial dedicação e interesse.

Assim, sugiro a todos os que gostem destes assuntos que passem a acompanhar-me nesta viagem pelo mundo, deixando sempre os seus comentários e as suas críticas, que, desde já, agradeço.