sexta-feira, 30 de abril de 2010

Opinião pública mundial

Mais contestado dentro do seu próprio país do que fora, um estudo da BBC em 28 países mostra que a imagem dos EUA melhorou com a liderança de Barack Obama. Na realidade, piorar seria muito difícil. A coercibilidade e unilateralidade de Bush criaram muitos inimigos ou, pelo menos, menos amigos. Obama, com uma abordagem mais agradável, mais abrangente e dialogante, no geral, conseguiu que os Estados Unidos melhorassem a sua imagem depois do descalabro causado pela Guerra ao Terror. E como sempre aprendemos nas aulas de RI, a opinião pública é, ela mesma, um importante actor internacional.

Pela primeira vez desde 2005, as opiniões relativamente aos EUA são mais positivas do que negativas. Isto acontece em 20 dos 28 países inquiridos. Transcrevo um excerto do Jornal Público on-line de 20 de Abril para não estar a papaguear os resultados do estudo.

“Os resultados indicam que os EUA são vistos de forma positiva em 20 dos 28 países onde o estudo decorreu, com uma média de 46 por cento dos entrevistados a considerarem a sua influência positiva contra 34 por cento que a vêem como negativa. Desde o ano passado, as opiniões positivas melhoraram quatro pontos e as negativas caíram nove.

Os países onde a imagem dos EUA mais melhorou foram a Alemanha, onde as opiniões positivas subiram de 18 para 39 por cento, e a Rússia, de sete para 25 por cento. Em Portugal, as opiniões positivas subiram 14 por cento (de 43 para 57). Só em dois dos países abrangidos pelo estudo – que assenta em 29.997 entrevistas – a imagem dos norte-americanos é pior do que há um ano: Turquia e Índia. No conjunto, os EUA ultrapassaram a China, cuja influência é vista como positiva em 15 países e por 41 por cento dos inquiridos. “Parece que o ‘efeito Obama’ é real”, disse Steven Kull, da Universidade de Maryland, EUA, que colaborou no estudo.

As opiniões sobre os EUA não são tão boas como as relativas à Alemanha, com uma média de 59 por cento de opiniões positivas, Japão (53), Reino Unido (52), Canadá (51), e França (49). Mas os resultados do estudo da Globe Scan PIPA são um importante progresso para a imagem do país. Irão (15 por cento), Paquistão (16), Coreia do Norte (17), Israel (19) e Rússia (30) são os países com imagem menos positiva.”

quarta-feira, 28 de abril de 2010

UPMUN

A primeira edição do Model United Nations da Universidade do Porto decorrerá nos dias 21 e 22 de Maio de 2010 na Faculdade de Letras da Universidade do Porto.

O UPMUN, à imagem de outros eventos académicos que seguem este conceito, consistirá numa simulação da actividade da Organização das Nações Unidas (ONU), nomeadamente do Conselho Económico e Social (ECOSOC) e Conselho de Segurança, com o intuito de proporcionar aos participantes a oportunidade de desenvolverem competências em termos de negociação e de resolução de problemas e de conflitos, bem como as suas capacidades de argumentação e o seu espírito crítico.

Este evento está aberto a todos os interessados, estando as inscrições abertas até 8 de Maio.

Mais informações disponíveis em https://sites.google.com/site/upmun2010/

Inscrevam-se!

terça-feira, 27 de abril de 2010

Evento

Seminário: «The Asian Diplomacy»
03 de Maio, 2ª feira
10h00

Museu do Oriente (Sala Beijing)

No quadro das celebrações dos 150 anos do Tratado de Paz, Amizade e Comércio entre o Japão e Portugal, a Fundação/Museu Oriente, o IPRI-UNL e a Embaixada do Japão em Lisboa organizam o Seminário «The Asian Diplomacy», no dia 3 de Maio, às 10h00 no Museu do Oriente.

10h00
Open session

Tatsuo Arai, Japan Embassy, Lisbon

Carlos Monjardino, President, Fundação Oriente

Carlos Gaspar, Director, IPRI-UNL

10h30
The Asian Diplomacy

Chair: Tiago Moreira de Sá, IPRI-UNL

THE JAPANESE FOREIGN POLICY: Toshihiro Minohara, University of Kobe

THE CHINESE FOREIGN POLICY: Moisés Silva Fernandes, University of Lisbon

THE EVOLUTION OF EAST ASIA: Luis Tomé, Autónoma University

Entrada livre
Língua de trabalho: inglês

Museu do Oriente (localização)

Evento

Emprego

RECÉM-LICENCIADO Relações Internacionais (M/F)

Somos um grupo empresarial com mais de 30 anos de actividade, sedeado em São João da Madeira, que para dar continuidade aos seus planos de expansão e crescimento, pretendemos reforçar a nossa equipa com a admissão:

Funções:
- Administrativa;
- Secretariado;
- Gestão de Clientes;
- Conhecimento de Mercados Africanos

Competências técnicas:
- Licenciatura na área de Relações Internacionais

Competências linguística:
- Conhecimentos de Inglês (preferencial)
- Conhecimento de Francês

Competências informáticas:
- Conhecimentos de MS-Office e Internet

Competências relacionais:
- Capacidade de trabalho em equipa
- Criatividade, dinamismo, empenho e persistência
- Boa capacidade de comunicação
- Pessoa dinâmica, pro-activa e com gosto pelo trabalho e trato directo com as pessoas
- Disponibilidade para viajar

Serão consideradas, todas as respostas recebidas com carta de motivação, juntamente com o envio do Curriculum Vitae, para a seguinte morada:

Cavex, Lda
A/C: Teresa Rodrigues
Apartado 6001
3701-907 S. João da Madeira

Candidaturas até dia 30 de Abril de 2010

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Extrema-Direita III

Candidata da extrema-direita com 15,62 por cento nas presidenciais austríacas.

Koninkrijk België ou Royaume de Belgique ?


A Bélgica é um país complicado em termos de identidades e representação política. Recentemente esteve numa situação periclitante e agora vê-se novamente envolvida em complicações e instabilidade política.

Depois da saída do governo de um dos partidos da coligação que o formavam, o Primeiro-Ministro belga apresentou, igualmente, a sua demissão. No centro desta oposição entre partidos estão questões linguísticas que dividem francófonos e flamengos e assim voltaremos a assistir à formação de novo governo e à procura da estabilidade naquele país europeu.

domingo, 25 de abril de 2010

Extrema-Direita II

Sem mais comentários, transcrevo a notícia do Público de hoje:

"Voto na extrema-direita é incógnita das eleições austríacas

A dúvida das eleições presidenciais de hoje na Áustria não é quem ganha - o social-democrata Heinz Fischer parece ter a reeleição assegurada -, mas que percentagem de eleitores escolherá a candidata de extrema-direita Barbara Rosenkranz, que deve ser a segunda mais votada.

As sondagens dão a Fischer, de 71 anos, intenções de voto entre 80 e 82 por cento, garantia quase absoluta de um segundo mandato de seis anos na chefia do Estado. Foi eleito para este cargo em 2004, após o que deixou a militância no SPÖ e se declarou independente.

Não fossem as perturbadoras propostas de Rosenkranz, de 51 anos, mãe de dez filhos, e a campanha eleitoral teria passado quase despercebida, notou a agência AFP. Com o argumento de defesa da liberdade de expressão, a representante da ala mais radical do partido populista de extrema-direita FPÖ reafirmou as suas ideias de reforma da lei que proíbe actividades neonazis e opiniões negacionistas e referiu-se à negação do Holocausto por um deputado do seu partido como um acto de liberdade de expressão.

A "franqueza" de Rosenkranz, que se descreve como uma "nacional conservadora" e defende a ideia de que o papel da mulher é ficar em casa a criar filhos, reflectiu-se de imediato nas sondagens. Os cerca de 20 por cento de intenções de voto baixaram para 13 a 16 por cento, nas sondagens publicadas a uma semana das eleições. Face à controvérsia, inclusive no seio do FPÖ, a candidata arrepiou caminho: jurou que não duvida da existência do Holocausto e que não tem nada a ver com a ideologia nazi.

ÖVP não vai a jogo

Mas o facto de não se ter demarcado das actividades do marido, Horst, que, recorda a AFP, esteve na fundação do partido neonazi NPD, actualmente interdito, não a ajuda. Nem isso nem um vídeo colocado no You Tube, que, lembrava ontem o britânico The Times, a mostra em celebrações do solstício de Verão, integrada num grupo que canta uma velha canção adoptada pelas SS de Hitler, em que se percebe a voz clara da única deputada austríaca que, em 2005, votou contra a Constituição Europeia.

A ausência de um candidato conservador forte - o ÖVP, que integra o Governo de grande coligação liderado pelos sociais-democratas do SPÖ, não apresentou candidato, devido às perspectiva de reeleição de Fischer - poderá beneficiar Rosenkranz, que os membros do seu partido querem que seja uma "mãe para a Áustria".

Os resultados da candidata, que considera a imigração "errada e perigosa" e se opõe à construção de minaretes nas mesquitas, são aguardados com expectativa. A derrota era um dado adquirido à partida, mas uma votação significativa será um estímulo para os radicalismos nacionalistas europeus. O FPÖ e o outro movimento de extrema-direita austríaca, BZÖ somaram nas eleições europeias do ano passado 17,74 por cento.

O terceiro candidato à Presidência é Rudolf Gehring, presidente do pequeno partido cristão CPÖ, que recolhia por quatro a cinco por cento das intenções de voto. Os Verdes, na oposição, optaram por apoiar o Presidente, como forma de travar a extrema-direita. Entre os 6,35 milhões de austríacos que hoje são chamados às urnas estão, pela primeira vez, eleitores com 16 anos."

sábado, 24 de abril de 2010

Extrema-direita


Voltando às eleições britânicas, gostava de voltar a focar um fenómeno sobre o qual já falei várias vezes aqui no blogue. Ainda muito recentemente, dava conta que o ambiente de crise vivido na Hungria dava grandes expectativas a uma subida acentuada dos votos no partido de extrema-direita. Crise, imigração, descontentamento com as políticas mais moderadas, sentimento de impotência, etc. são as razões comummente apontadas para este fenómeno.

Ora, vivemos tempos de campanha eleitoral também no Reino Unido, como disse. E também no Reino Unido esses problemas de natureza interna estão a agitar o eleitorado. Cansado de uma sucessão de Labour e Tories, os liberais democratas ganharam relevo. Mas não foram os únicos. Também o Partido Nacional Britânico, de extrema-direita, parece chamar para si muita das atenções dos ingleses.

Independentemente das visões e ideologias que possamos ter (uns mais no armário do que outros), qualquer um dos três partidos de que falei inicialmente apresenta propostas que, ainda que distintos na sua forma de alcançar objectivos distintos, são congruentes com um Estado de Direito democrático que os europeus conseguiram alcançar numa luta de séculos.

Agora, a minha questão é a seguinte: estando acontecimentos como a II Guerra Mundial ainda presentes (penso eu) na memória colectiva europeia (e mais abrangentemente, mundial), como é possível falar-se na ascensão de um qualquer partido que tenha dúvidas sobre o Holocausto, descrevendo-o como “this nonsense about gas chambers”?!

Tudo bem que algumas pessoas ignorantemente culpem imigrantes do caos da sua situação financeira, tudo bem que estejam descrentes dos partidos que se sucedem no poder, tudo bem… Agora, acreditar num partido de extrema-direita? Completamente fascista? Não consigo suportar…

Evento

Mais informações: http://www.universidade-autonoma.pt/noticias.aspx?id=1035

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Reflectir sobre o eixo

Armar o país para defendê-lo até ao último milímetro: é assim mesmo que Chávez explica a sua cada vez maior aquisição de armamento. E numa cerimónia onde contou com os representantes de vários países sul-americanos, desfilaram:

1. Grupos folclóricos

2. Tractores iranianos

3. Tanques antimísseis russos

4. Mísseis russos

5. Aviões de combate chineses

É interessante perceber que, à semelhança de outros Estados frágeis democraticamente, também a Venezuela aposta em cerimónias grandiosas, na tradição (folclore), no simbolismo de todas as posições, dos discursos inflamados contra um qualquer inimigo externo, na força militar dissuasora. O discurso foi contra o imperialismo e o império, que “não não podem ser subestimados, mas também não devem ser temidos”. Também interessantes são as parcerias dos negócios venezuelanos: Teerão, Moscovo, Pequim e Caracas num eixo de intercâmbio bélico. Dá que pensar.

Emprego


Oferta de Emprego na área da CP, RI e EE:

"EMPRESA DE PRODUÇÃO E GESTÃO DE COMUNICAÇÃO AUDIOVISUAL E ESCRITA, DE PLANEAMENTO E GESTÃO DE EVENTOS, DE CONSULTORIA NAS AREAS DE ACTIVIDADE, A DESENVOLVER UM PROJECTO SOBRE A UNIÃO EUROPEIA PRETENDE RECRUTAR COLABORADORES FINALISTAS OU LICENCIADOS NA AREA DE: - CIENCIA POLITICA, DIREITO, ESTUDOS EUROPEUS OU RELAÇÕES INTERNACIONAIS; - ESSENCIAL TER CONHECIMENTOS SOBRE A UNIÃO EUROPEIA; - TER CONHECIMENTOS DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS - CASTELHANO E INGLES; - TER DISPONIBILIDADE PARA DESLOCAÇÕES E PERMANENCIA QUINZENAL EM DIVERSAS LOCALIDADES DE PORTUGAL CONTINENTAL"

Podem consultar o link aqui.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Emprego


Recruta-se um Técnico Superior em RI para Organismo da Administração Central em Valongo. Os interessados devem procurar as informações relevantes no site da Bolsa de Emprego Público.

The Third Wheel



As eleições no Reino Unido aproximam-se a passos largos. E, desde o primeiro debate televisivo entre os três candidatos a Primeiros-Ministros do governo da Rainha Elizabeth II, entrou um novo dado para as campanhas de Cameron e Brown – o centrista Clegg. Os conservadores ingleses admitiram ter mudado a sua estratégia desde que ficaram a saber que os liberais democratas poderão fazer a diferença no sufrágio: de uma campanha anti-Brown, passaram a ter que defender mais o seu programa e dividir os ataques entre o governo no poder actualmente e a nova ameaça.

Apostas fazem-se já com força para os resultados das legislativas: conseguirão os ‘tories’ derrotar Brown e Clegg? Conseguirá Clegg derrotar sozinho os dois titãs da política tradicionalmente bipartidária britânica? Sairá Brown vencedor sozinho das eleições? Ou contará com a ajuda de Clegg e formarão ambos um governo de coligação?

Umas hipóteses são mais prováveis do que outras, mas ainda está tudo por decidir. A competição tornou-se mais feroz, o que não significa, de todo, uma perda de qualidade nestas semanas de campanha. Naturalmente, os assuntos mais em destaque são os de natureza interna ou doméstica, mas a guerra do Iraque e do Afeganistão poderão ser, no âmbito da sempre pouco usada eleitoralmente política externa, bons trunfos para a oposição.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

A inversão turca (II)

Tal como prometido, aqui estão mais alguns excertos. Poderão ler o artigo na íntegra aqui.

"Such views are simplistic. Turkey does not face a clear-cut choice between west and east. The country should be able to combine its growing regional role with its EU aspirations and its allegiance to Nato – provided that it continues its internal modernisation and dares to stand up for values such as democracy and tolerance when dealing with less liberal neighbours.

If Turkey has gained new respect in the middle east and beyond, this is not because of its mediation skills (its peace-making efforts, for example, have produced few results). The real reason why people across the wider region - from central Asia to northern Africa and across the Arab world - are paying attention to Turkey is because it is a rare success in a region beset by problems: a predominantly Muslim country with a secular order, functioning democracy, fast-growing, open and diversified economy, increasingly well-educated people (and that includes most girls) and rising living standards.

To continue on its path towards modernisation, Turkey needs the EU anchor. But that anchor can only be firm if European Union governments withdraw the vetoes that hold up the accession talks and stop questioning Turkey’s right to negotiate for full membership, which Recep Tayyip Erdogan reaffirmed during his official visit to France on 6-7 April 2010. The Europeans should also acknowledge that Turkey is different from other, smaller would-be members such as Iceland and Serbia. The EU must find a way of working with Turkey in areas of common interest – foreign policy, security, energy – in ways that go beyond the narrow, bureaucratic confines of the accession process. For the EU, treating Turkey more as an equal partner in some questions while keeping the accession talks on track will be tricky. But an EU that wants to be a big foreign policy player must at least try.”

terça-feira, 20 de abril de 2010

A inversão turca (I)

A Turquia fascina-me. Fascina-me, porque é um daqueles raros casos que representam uma ponte entre dois mundos, entre duas civilizações, enre duas mundivisões. Viram-se para Oriente e têm os árabes e o Islão. Viram-se para Ocidente e dão logo de caras com os vizinhos europeus, cristãos, “ocidentais” na acepção cultural que o termo carrega.
Durante toda a História funcionou como essa mesma ponte. Como se a sua localização fosse (e certamente o será) um privilégio de poder agradar a gregos e troianos, que é como quem diz dar-se bem com Deus e com o Diabo.
A adesão à União Europeia é a chave para se aproximar mais do lado ocidental; o afastamento da UE dá-lhe maior liberdade para exercer uma maior influência enquanto potência regional no Médio Oriente. É por isso mesmo que os americanos davam tudo para que Ancara se sentasse em Bruxelas de vez: teria debaixo de olho um ponto estratégico na zona do globo que mais preocupa Washington.

Mas não é isso que tem acontecido. Os sucessivos adiamentos da sua entrada e uma certa desilusão com a política europeia têm originado uma inflexão de, digamos, 180º da sua posição. Opõem-se duramente às sanções contra o Irão, estão a ganhar um ódio mortal aos israelitas, aproximaram-se da América de Obama, mas não tanto como o esperado, defendem o líder do Sudão das acusações de genocídio, continuam firmes na questão curda, muito duros de roer com os cipriotas,…

Um excerto de um texto muito interessante sobre esta inversão:

“Some commentators conclude that Turkey is turning away from the west and towards the east. Ankara’s priority, they say, is no longer European Union accession and working alongside Nato allies; rather it is to pursue a “neo-Ottoman” foreign policy designed to restore Turkey’s regional predominance, give it “soft power” among Muslim nations and turn it into an independent player in a multipolar world (…).

This perceived shift in Turkish foreign policy worries many Europeans and Americans, for two reasons. First, Turkey’s growing ties with regimes or movements shunned by the west – those of Syria, Iran, Sudan, as well as Hamas – could undermine western foreign-policy objectives. Turkey may help such regimes to overcome their sense of international isolation and shield them from western pressure. Turkey, in other words, may no longer be a reliable ally of the west.

Second, some observers suspect that Turkey’s stronger ties with the middle east and the former Soviet Union are the outward manifestation of worrisome trends within Turkey. The Kemalist opposition in Ankara accuses the ruling Adalet ve Kalkinma Partisi (Justice & Development Party / AKP) of pursuing a creeping Islamisation of Turkish politics and society; more liberal types detect a rollback of democratic freedoms and civil rights. Many critics of the AKP say the party no longer aspires to modernise the country and therefore prefers stronger ties with autocratic and Islamist regimes.”

Amanhã deixarei outros excertos do artigo com uma interessante posição dos autores relativamente a este comportamento turco. A não perder!

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Nuclear

Eu sei que passo a vida a falar dos Estados Unidos, mas não posso evitá-lo – de todo. Superpotência, potência hegemónica, líder de um mundo multipolar, polícia do mundo, capitalistas interesseiros ou o que quer que se queira chamar aos Estados Unidos, o que é facto é que os números não mentem. E ter gastos em defesa que estão quase ao nível de todos os outros países do mundo juntos e com tropas é por si só um factor que torna qualquer análise internacional incompleta sem a referência a Washington.

Hoje é sobre a bomba iraniana. Oficiais americanos defendem que o Irão precisa de dois a cinco anos para produzir uma bomba atómica funcional. Se cinco anos dá alguma margem de manobra, dois é já bastante apertado. A questão é que uma vez com capacidade para produzir a tão temida arma, o Intelligence americano deixará de conseguir saber quando a concretizarão os iranianos. E isso pode ser perigoso, especialmente para um governo que precisa mais deste acto simbólico de poder e influência externa regional do que eleitores que votem nele…

sábado, 17 de abril de 2010

A marca de Obama

No New York Times li uma interessante análise à política externa americana. Dizia lá que Obama avisou os seus conselheiros que para este domínio teria dois objectivos distintos: o primeiro seria resolver o legado de Bush (Afeganistão, Iraque, imagem dos EUA no mundo) e o segundo seria aplicar a sua própria visão de política externa.

Ora, todos sabemos que nos últimos meses Obama mais não tem feito do que dedicar-se a “assuntos de Bush”. No entanto, agora a situação vai começar a alterar-se e o presidente americano traçará a sua política para o futuro.

Esse artigo falava na última conferência liderada por Obama sobre o nuclear como o primeiro passo dessa nova etapa. A política nuclear (ou desnuclear) foi sempre uma das principais bandeiras do líder americano – aliás, foi por isso que recebeu o Nobel da Paz. E esse assunto não foi esquecido, como provou agora mesmo em Washington ou ainda quando assinou o START II, prometeu que não atacaria com armas nucleares Estados que não as tivessem, etc. Há, de facto, uma linha coerente com uma forte marca do Presidente. É, efectivamente, o primeiro passo. O conflito no Médio Oriente será outra aposta forte para os próximos meses.

Naquele mesmo artigo, vários analistas políticas enquadravam Barack Obama na escola realista, argumentando que o Presidente, para prosseguir os interesses estratégicos do seu país, relegou para segundo plano questões como os Direitos Humanos e a Democracia. É um facto indesmentível. E muitos acreditavam num Obama mais idealista que realista. Mas será realmente possível liderar uns Estados Unidos e uma sociedade internacional sem olhar para questões pragmáticas como os interesses económicos do país? Sim, era. Mas (eleitoralmente) não seria a mesma coisa.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Top Priority


Disse num dos meus últimos posts sobre a política externa americana, que algumas alterações se aproximavam, no seguimento daquela análise política feita no NYT. E um dos assuntos em que certamente veríamos mudanças seria o do conflito israelo-palestiniano.

Pois parece que é isso mesmo que vai acontecer. Cansado deste impasse entre israelitas e palestinianos, Barack Obama deverá tomar as rédeas deste tema, porque se trata de uma das grandes apostas de política externa da sua campanha e que os eleitores poderão cobrar caro – apesar do desinteresse americano por assuntos externos.

Mas este é delicado para os EUA, mesmo sendo do outro lado do mundo, no distante Médio Oriente. É que a paciência dos palestinianos tem limites e Israel tem arriscado muito, numa política muito pouco diplomática e moral: prossegue a construção de colonatos, ignora apelos dos eternos aliados americanos, expulsa palestinianos, ataca-os e não respeita normas internacionais. A situação é vergonhosa. E à semelhança da paciência dos árabes, também a paciência do presidente dos Estados Unidos tem limites. Um primeiro momento mais quente foi o aumentar das tensões diplomáticas com o anúncio da construção dos colonatos mal o Vice-Presidente estava a sair do país com promessas de esforços no sentido da paz dos israelitas. Não caiu bem, como se compreende. Apesar dos anúncios de ambos os lados de que as relações israelo-americanas continuavam de boa saúde, isso deixou marcas.

E como eu dizia, Barack Obama não pode permitir uma escalada de violência naquela zona: os EUA têm tropas em Israel, no Iraque, no Afeganistão,… Sangue e dinheiro seriam dois dos principais custos de um confronto entre os dois arqui-inimigos, como disse o próprio Presidente.

Obama tem interesses a defender, assim como uma importante promessa eleitoral. E, muito sinceramente, apesar da importância de um aliado fiel na região, os Estados Unidos têm que deixar-se de aparar os golpes de Netanyahu antes que seja tarde de mais. Ainda no outro dia os israelitas se queixavam que a Síria estava a fornecer armamento ao Hezzbollah e apesar de estarem muito calmos e optarem pela via pacífica a humilhação que têm sofrido pode estar para chegar ao fim e aí já não plantarão árvores, mas contarão com a ajuda de todos os árabes numa luta contra o usurpador dos seus territórios. Para mim, esta devia ser das prioridades da Casa Branca – uma guerra nestes moldes não pode dar bom resultado.

Sugestão - a Polónia depois do acidente

Muito se tem escrito e dito sobre a Polónia após o trágico acidente de há alguns dias. No entanto, depois de ter lido este texto, não posso deixar de aconselhá-lo, pela clareza da sua visão e pelas explicações úteis sobre a nova situação do país e o que se segue a um acontecimento desta natureza que apanha qualquer estrutura de liderança desprevenida. Pode ler-se neste link ou aqui mesmo no blogue.

Texto retirado do Público de 13 de Abril de 2010, da autoria de Jorge Almeida Fernandes:

Polónia: As instituições funcionam, o resto é incerteza e especulação

"A Polónia está em choque, não em crise institucional. A palavra decapitação, exacta para a dimensão da tragédia, é politicamente enganosa. Não há vazio nem deriva. Há incerteza. Incerteza em relação às querelas que fracturam a Polónia e, sobretudo, em relação à Rússia.
A elite política sofreu uma catástrofe sem precedentes. Desapareceram o chefe de Estado, os comandantes das Forças Armadas, o chefe dos serviços secretos, o presidente do Banco Central, muitos parlamentares e dois dos candidatos às presidenciais.

Mas as instituições "responderam sem soluços". O líder do Parlamento, Bronislaw Komorowski, ocupou interinamente o lugar de Lech Kaczynski na Presidência da República e convocará eleições. Os chefes militares foram substituídos pelos seus vices. As nomeações definitivas virão depois. Não são necessárias eleições para preencher os lugares dos deputados mortos, apenas para os senadores.

"É uma situação dramática, traumática e que muda de dia para dia, mas é absolutamente certo que a estabilidade institucional da Polónia está assegurada pelas regras constitucionais", diz à AFP o constitucionalista Edmund Wnuk-Lipinski. É a constatação dos factos. Entrando nos desejos, acrescenta: "Espero que esta tragédia permita à política polaca concentrar-se mais nas questões de fundo e menos na política partidária, negativa e emocional."

Há dois níveis de incerteza. O primeiro diz respeito à agenda política. As eleições presidenciais, previstas para Outubro, vão ser antecipadas. O favorito nas sondagens era até agora o homem que substituiu Kaczynski, o liberal Komorowski, da Plataforma Cívica (PO), o partido do primeiro-ministro Donald Tusk. Desapareceram na tragédia os seus dois grandes concorrentes: Lech Kaczynski e o pós-comunista Jerzy Szmajdzinski. O quadro eleitoral foi radicalmente alterado.

Ignora-se também o efeito da catástrofe sobre o partido Direito e Justiça, dos gémeos Kaczynski. Perdeu a maioria dos dirigentes. Que irá fazer o seu líder, Jaroslav Kaczynski? Vai ser relançado por uma vaga de simpatia popular? Ou serão Donald Tusk e a PO a capitalizar a comoção? São perguntas sem resposta.

O Presidente tem poder de veto mas não governa. A Polónia vivia em "coabitação", conflitual mas sem drama. A maioria dos analistas pensa que o Governo irá manter as grandes linhas da sua política, interna ou externa.

A segundo e mais importante incerteza diz respeito ao impacto da tragédia na sensibilidade nacional. O desastre de Smolensk fica associado a Katyn, lugar trágico da memória polaca.

Que impacto terá a comoção desta semana nas querelas históricas - e na utilização do passado como arma política - que têm dilacerado o país?

E, sobretudo, que impacto terá esta "segunda Katyn", de que falou Walesa, na relação com a Rússia? Fará explodir a uma nova vaga de suspeição? Ou, ao contrário, como disse à BBC o ministro dos Negócios Estrangeiros, o atlantista Radek Sikorski, "a reacção exemplar dos russos" poderá, "paradoxalmente", melhorar as relações russo-polacas? Esta é a mais importante incógnita." "

quinta-feira, 15 de abril de 2010

"Em casa de Mumu"


Esta notícia do Público de 14 de Abril pode parecer um fait divers, mas, infelizmente, é mais do que isso. É o símbolo de uma democracia demasiado recente e com feridas mal curadas - o grande país euroasiático ainda tem destes episodios típicos de qualquer democracia que mal tem estatuto para aguentar com o peso do nome. Filmar e criar armadilhas a pessoas da oposição mostra a natureza do regime instalado e as acções dos visados relacionadas com corrupção e tráfico de influências revelam algum carácter das elites russas, nada desconhecido por entre a população. A ler.

Interdisciplinaridade em RI – Psicologia e Guerra

Numa altura em que leio bastante sobre correntes do pensamento em Relações Internacionais, as tão aclamadas Teorias de RI, especialmente o Construtivismo Social, encontrei este artigo do NYT sobre a explicação dos psicólogos do que aconteceu nos ataques aéreos no Iraque. Muito interessante e elucidativo sobre a guerra…

O artigo está disponível aqui: Psychologists explain Iraq airstrike vídeo.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Plantando árvores…


Os palestinianos estão a optar por formas pacíficas de manifestação contra Israel; pelo menos parte deles, naturalmente. Ainda assim, os israelitas estão a deter esses manifestantes, que se limitam a plantar árvores em zonas que não pertencem, legalmente, a Israel mas ao Estado Palestiniano.

“Something is stirring in the West Bank. With both diplomacy and armed struggle out of favor for having failed to end the Israeli occupation, the Fatah-dominated Palestinian Authority, joined by the business community, is trying to forge a third way: to rouse popular passions while avoiding violence. The idea, as Fatah struggles to revitalize its leadership, is to build a virtual state and body politic through acts of popular resistance.” (NYT, 6 de Abril de 2010)

Qual a justificação dos israelitas agora?

“Khalil Shikaki, who runs the Palestinian Center for Policy and Survey Research in Ramallah, said: “The society is split. The public believes that Israel responds to suffering, not to nonviolent resistance. But there is also not much interest in violence now. Our surveys show support for armed resistance at 47 percent in March. In essence, the public feels trapped between failed diplomacy and failed armed struggle.” Israeli military authorities have not decided how to react. They allow Mr. Fayyad some activity in the areas officially off limits to him, but on occasion they have torn down what he has built. They reject the term nonviolent for the recent demonstrations because the marches usually include stone-throwing and attempts to damage the separation barrier. Troops have responded with stun grenades, rubber bullets, tear gas and arrests. And the military has declared that Bilin will be a closed area every Friday for six months to halt the weekly marches there”. (NYT, 6 de Abril de 2010)

terça-feira, 13 de abril de 2010

Enfim

A Igreja ainda não saiu de uma alhada e já está a meter-se nooutra: tomara, com afirmações como esta... Enfim...

A mensagem por detrás da mensagem

A mensagem de Obama sobre a sua estratégia nuclear é clara: qualquer Estado que não tenha arsenal nuclear não terá, mesmo que ataque os Estados Unidos, uma retaliação com armamento nuclear. É uma oferta unilateral, que não pede nada em troca, excepto a não proliferação do nuclear. É efectivamente uma oferta típica e coerente com a lógica da não expansão destas armas de destruição pela qual os EUA optaram aquando da eleição de Barack Obama.

Mas há uma mensagem por detrás desta mais explícita mensagem: é que a Coreia e o Irão, enquanto “prevaricadores”, não terão esta sorte. Considerados à parte deste baralho maior que nunca sofrerá um ataque nuclear norte-americano, Kim Jong-Il e Ahmadinejad podem continuar a preocupar-se porque não deixaram de ser alvos. A intenção é, também ela, bastante evidente: demover, por via desta prenda, o desenvolvimento dos programas nucleares iraniano e coreano. Não me parece, contudo, que estas Brancas de Neve mordam a maçã envenenada, pois devem preferir continuar com o poder simbólico do seu estatuto de Estados nucleares a sentirem-se menos vulneráveis a ataques estrangeiros.

Apesar de parecer, pelo menos no caso iraniano, é tudo menos uma questão de opção: o regime precisa do nuclear para se legitimar: não abdicará dele, com o sem maçã.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Uma cambalhota à direita

Foto: Público

Aconteceu na Alemanha de Weimer, acontecerá no Reino Unido de Brown e está a acontecer na socialista Hungria: a extrema-direita ganha força num contexto que está mais do que provado ser profícuo a movimentos como estes, que, populisticamente, convencem os cidadãos de ser a resposta para todos os males do país, criando bodes expiatórios para o estado da economia e da sociedade.

Na Hungria, o movimento de extrema-direita, representado pelo partido Jobbik, aumenta nas sondagens e pode conseguir um segundo lugar, atrás do partido social-democrata e empurrando para o terceiro lugar o partido de esquerda.

A situação na Hungria é problemática: a crise económica trouxe a visão radical para a frente do palco eleitoral e têm-se multiplicado os sinais típicos de fundamentalismos:

«"Porco judeu, porco judeu!", gritavam os apoiantes do Jobbik ao presidente da câmara de Budapeste. "Para o Danúbio!", gritam a Gábor Demszky, um ex-dissidente do regime comunista, há 20 anos autarca, que estava junto ao monumento ao poeta Sándor Petöfi para fazer um discurso. (...)

Dois jovens com o braço estendido numa saudação nazi dizem, primeiro mais baixo e depois com mais força: "Para o campo de concentração!" (...)

Mas o Jobbik, Movimento para uma Hungria Melhor, não é só um partido: é uma milícia que patrulha as ruas exibindo símbolos nazis, em fardas de combate e camuflados ou uniformes negros." (Público, 11.04.2010)

Aguardemos os resultados finais.

domingo, 11 de abril de 2010

A adesão turca - sugestão de leitura

Sobre a temática da Turquia que tenho vindo a abordar em alguns posts do blogue, deixo a sugestão da Revista Intellector, uma publicação do Centro de Estudos em Geopolítica e Relações Internacionais do Rio de Janeiro, onde se encontra um artigo da minha autoria. Uma das minhas primeiras publicações, apesar de o artigo ter já alguns mesitos.

A Revista Intellector encontra-se aqui.

Merkel vai a Ancara

A chanceler alemã, Angela Merkel, esteve/está na Turquia, numa visita oficial ao país candidato à União Europeia que mais anos tem esperado por entrar para o clube dos 27. É conhecida em toda a parte a posição da Alemanha face à entrada da Turquia na União – é um facto. No entanto, o que não seria assim tão linear era que Angela Merkel o dissesse alto e bom som no primeiro dia de visita àquele país.


Diplomaticamente pouco delicado e estrategicamente pouco inteligente, a chefe do governo alemão poderia ter pautado a sua visita pela discrição que tão bem a caracteriza. Não fazendo um grande esforço para parecer muito simpática num país com tantos emigrantes no seu território, defendeu uma parceria privilegiada (isto parece estar na moda para contentar uns quantos) com Ankara, o que o país rejeita, querendo a plena adesão. Ao lado de Merkel está Sarkozy: para eles, uma Turquia pobre e com tantos muçulmanos não tem lugar na Europa.

A minha pergunta é se alguém disse que a Europa era para cristãos ricos… Porque eu nunca li essa definição de União Europeia, enquanto espaço de tolerância e abertura a todos – desde que cumpram os requisitos para a entrada.

O irónico da situação é que Merkel, depois de fechar as portas da Europa, deixando apenas uma intransponível fresta, vem pedir à Turquia que resolva pacífica e eficazmente os diferendos com o Chipre. Mas afinal por que haveríamos de o fazer depois do primeiro recado? – hão-de pensar os turcos…

E apesar de terem resolvido o diferendo bilateral sobre as escolas turcas na Alemanha, a questão do Irão veio à baila, mas Erdogan não abre mão da defesa acérrima do regime de Ahmadinejad. De facto, não tem porque não o fazer, mesmo sendo a Alemanha o seu parceiro privilegiado em termos comerciais…

sábado, 10 de abril de 2010

Emprego - RI

Aqui estão mais duas oportunidades de emprego na área:

1. Gestor/ Relações Internacionais

2. Línguas e Relações Empresariais 

Presidente Lech Kaczynski


Apanhando todos de surpresa esta manhã, a morte do Presidente da Polónia, da sua mulher e de várias outras individualidades polacas que se dirigiam para celebrações na Rússia, aconteceu na sequência da queda do avião presidencial onde toda a comitiva viajava, já perto do destino.

À morte do Presidente da República, o Presidente do Parlamento polaco ocupará o seu lugar. Certamente que várias teorias sobre este incidente começarão a brotar, mas o importante a esclarecer a verdade e restaurar a estabilidade política que eventualmente se perca durante os próximos dias.

O desanuviamento transpacífico II

Muito tipicamente, contudo, a notícia constatava de forma bem clara que os líderes chineses (entre eles bastante divididos quanto a este tema) poderiam voltar a desvalorizar a moeda tão depressa como a valorizarão.

Ainda assim, Barack Obama agradecerá qualquer que seja o valor dessa mudança na moeda, uma vez que tem sido confrontado pelo Congresso no sentido de endurecer o seu discurso contra aquele que está a prejudicar os negócios americanos. Não podemos também ser ingénuos ao ponto de acreditar que a amizade entre os dois países foi o único motivo para esta inflexão chinesa ou a sua simpatia por Obama, mas motivações internas de uma economia que não estava a reagir bem ao valor estabelecido também estarão por detrás deste comportamento. A publicação de um relatório monetário americano tem sido adiada, apesar da contestação do Congresso, uma vez que este órgão exige que a China seja declarada manipuladora da sua moeda, o que endureceria novamente a posição sina no seu relacionamento com Washington e reiniciaria a crise diplomática entre os dois blocos.

O aviso está feito, a mudança acontecerá em breve, mas as elites chinesas não se entendem quanto a esta nova política de Pequim. Por enquanto, Obama respira de alívio. Depois da vitória do sistema de saúde, consegue mais algum fôlego relativamente ao Congresso.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

E agora, Obama?

E agora, Obama? Sanções? Quantas medidas existem afinal?

O desanuviamento transpacífico I

As relações transpacíficas têm vindo a sofrer um desanuviamento – para usar terminologia da Guerra Fria. Refiro-me, claro está, ao melhoramento das relações entre a China e os Estados Unidos, relações essas que não estavam propriamente amistosas: recepção do Dalai Lama, Google, Tibete, política monetária, Irão, …. Muitos eram os pontos de divergência entre os dois blocos.

No entanto, após um encontro do Presidente dos Estados Unidos e o Primeiro-Ministro chinês, a diplomacia parece ter surtido os seus efeitos e os dois parecem mais próximos.

Mas mais do que este eventualmente ilusório bom relacionamento de Pequim e Washington, uma notícia do NYT fala por si: a China anunciou que estará para breve uma revisão da sua política monetária. Pois é verdade! Depois de tantos pedidos americanos, a viagem do Secretário do Tesouro americano à China terá também influenciado esta mudança. Repare-se que a desvalorização da moeda chinesa colocou os EUA numa posição de desvantagem e que esta mudança na política monetária poderá diminuir essa diferença. Um outro artigo do NYT adiantava que os economistas acreditam que o valor do renminbi poderia ser, caso fosse comercializado livremente, 40 a 60% mais alto do que está agora.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Agora Chipre...

A adesão da Turquia à União Europeia é, claramente, um teste à paciência e flexibilidade turcas. Há décadas esperando a completa integração no espaço europeu, Ankara tem permanecido na corrida. Mais recentemente, a UE tem apontado o dedo a algumas situações que a Erdogan tem que ser capaz de resolver: a instabilidade política e as ameaças de golpe de estado, a influência militar, etc (relativamente fácil), as relações com a Arménia (difícil) e a questão cipriota (muito difícil).

Três situações que têm estado na baila do discurso europeu ao candidato de há anos. Parece-me haver boa vontade política. Mas até que ponto aguentará esta política do "carrot and stick"?

Porque se quem espera sempre alcança, quem espera também pode desesperar... Para que lado desta moeda fornecida pela sabedoria popular penderá a Turquia? Bem, essa é uma das questões que me vai ocupar nos próximos meses de investigação e, por isso, por enquanto, não tenho a resposta. Talvez possa adiantar algumas ideias nas próximas semanas, a correr bem...

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Islão em Portugal

Uma interessante entrevista do progrma Sociedade das Nações da Sic Notícias a Abdool Karim Vakil, Presidente da Comunidade Islâmica de Lisboa, numa altura em que se fala de integração e auto-exclusão, tradicionalismo e fundamentalismo, prática religiosa e terrorismo.

Está disponível na íntegra neste link:

terça-feira, 6 de abril de 2010

A repetição da História


Aconteceu o que já tinha acontecido?

Não estou certo se já falei aqui no blogue sobre o crescimento e a disseminação dos Taliban no Afeganistão. Este grupo radical islâmico defendia um regresso às origens islâmicas do país e à sua tradição. Adoptou, nos locais que conquistava aos senhores da guerra que proliferavam após a saída soviética, decretos extraordinariamente restritivos, pondo fim a qualquer tipo de entretenimento, desde a música aos jogos; aumentou as restrições às saídas das mulheres, ao comportamento dos homens, à manutenção da sua barba, etc etc.

Na Somália, um lugar cada vez mais perigoso para a segurança internacional, mas que não tem chamado tanto a atenção de outros países, a História repetiu-se: o grupo islâmico Hizb al-Islam proibiu as rádios de Mogadíscio de transmitirem música, uma vez que a interpretação das letras vai contra os preceitos do Islão. Ameaçaram os desobedientes com a aplicação da Sharia, a lei muçulmana. Outras proibições já foram lançadas pelo mesmo grupo, desde o ensino do Inglês a simples festas particulares, além de que fazem um apelo a todos os jihadistas que se concentrem no Corno de África para lutar contra o inimigo do Islão... Foi assim que fizeram os Taliban no Afeganistão até terem conseguido chegar ao poder central, onde mantiveram a mesma linha que acabou por desagradar, compreensivelmente, aos mais conservadores dos islâmicos...

É a História a repetir-se, é o fundamentalismo com tudo o que traz e o resultado disto só dependerá da vontade política e da forma como estes problemas serão tratados internacional e internamente, uma vez que a situação é grave e preocupante. Muito preocupante. 


segunda-feira, 5 de abril de 2010

Política interna e externa

Lia no Jornal Público uma notícia que garantia mais pontos aos conservadores britânicos, separando-os cada vez mais dos rivais trabalhistas, que têm vivido uma queda acentuada.

De imediato, como internacionalista que me orgulho de ser, pensei no Tratado de Lisboa e nas implicações para as relações externas do Reino Unido: os conservadores disseram que se chegassem ao poder, levá-lo-iam a referendo; desdisseram-se mais tarde; mas ficamos sem perceber bem onde ficaria a UE no meio disto tudo. Certamente que durante a campanha teremos oportunidade para satisfazer esta curiosidade. Quem fala na UE, fala nas relações externas, nomeadamente a relação com Estados Unidos e a questão da Guerra do Afeganistão e outras, como os programas humanitários e afins. Talvez uma ainda maior cooperação com Washington seja expectável e, muito seguramente, um afastamento de Bruxelas.

Mas em Relações Internacionais há um grande debate relativamente à interacção entre política interna e externa. Qual a dinâmica que subjaz à relação entre estas duas vertentes? Mais comummente aceite, a política interna tem claras influências na externa. Terá igualmente a externa reflexos nas questões domésticas? Em escolhas eleitorais? Provavelmente, e do que conheço da História e dos acontecimentos actuais, a resposta é sim. Uma crise internacional, uma situação bélica, um estado de beligerância ou de defesa relativamente a uma ameça têm efeitos muito práticos na vivência de uma sociedade, no seu orçamento, na opinião pública, nas eleições, etc.

Dessa forma, defendo uma linha das RI que aposta no tratamento conjunto das duas vertentes: política interna e externa como dois lados de uma mesma moeda, muitas vezes sem limites definidos claramente e com uma dinâmica que própria que não se consegue compreender se se excluir da análise um dos lados.

Emprego - RI

ASSISTENTE COMERCIAL


Descrição da Empresa
Na RICHWORLD RENEWABLES dedicamo-nos ao desenvolvimento de tecnologias e soluções no âmbito das energias renováveis e da eficiência energética que contribuam para a sustentabilidade energética e ambiental.
Com sede em V. N Gaia, somos um dos principais produtores de colectores solares OEM da Península Ibérica.

Descrição da Função
No âmbito da nossa estratégia de internacionalização pretendemos admitir estagiário profissional para integrar o departamento comercial sob a orientação da Sales Manager, com as seguintes funções:
- desenvolver material de comunicação destinado a mercados e clientes internacionais
- market research como suporte de processos pré-venda
- assistência comercial na gestão de contas dos clientes e na prospecção comercial

Perfil do Candidato
- Licenciados pela Faculdade de Letras da UP em situação de 1º emprego;
- Domínio do Alemão e/ou Italiano e/ou Francês
- Boa capacidade de comunicação/assertividade;
- Gosto pela área comercial e facilidade nas relações interpessoais
- Dinamismo e boa capacidade de organização e atenção ao detalhe;
- Sentido de responsabilidade e ética;
- Elevado conhecimento de informática na óptica do utilizador, especialmente PowerPoint e internet research;

Contacto
Se reúne os requisitos solicitados e quer fazer parte de uma equipa jovem, profissional e altamente motivada, envie a sua candidatura para:

Catarina Gouveia

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Ninguém contava com esta...


E ninguém contava com esta: Hamid Karzai culpou o Ocidente das fraudes maciças que admitiu terem ocorrido nas eleições de Agosto do ano passado. O Presidente Afegão acusou os estrangeiros presentes de interferências maciças no processo eleitoral, apontando o dedo a personalidades concretas, como foi o caso de Peter Galbraith, já afastado em Setembro por ter ignorado as irregularidades de que teve conhecimento.

"“Sim, houve fraudes, não há dúvidas disso, mas não foi uma fraude dos afegãos, foi uma fraude dos estrangeiros, de Galbraith e do [chefe da missão de observadores da União Europeia, Philippe] Morrillon, disse Karzai, acusando aqueles diplomatas de terem pressionado os membros da Comissão Eleitoral afegã e de terem fornecido informações falsas à imprensa." (Público, 1 de Abril de 2010)

O que eu não consigo perceber é o timing destas acusações e a sua fonte: aquele que, apesar das irregularidades, foi eleito e ficou com o poder que queria. Talvez se prenda com uma intenção estratégica: é que Karzai quer aprovar no Parlamento um decreto que dá poder ao Parlamento para escolher todos os memrbos da Comissão Eleitoral. Os doadores internacionais não acharam bem, uma vez que essa medida, à semelhança da actividade deste executivo, não contribui para a luta contra a corrupção que é fulcral no democracia afegã.

A questão permanece: será realmente uma itnerferência estrangeira em assuntos internos? ou terão direito aqueles que doam constantemente dinheiro para a subsistência do país a manifestar a sua posição face a um assunto tão delicado que mexe com as suas contribuições?