quarta-feira, 28 de julho de 2010

Mea Culpa

Afinal de quem é a culpa?

O atentado que ocorreu no Irão no dia 15 de Julho foi reivindicado por um grupo sunita. No entanto, as entidades iranianas apontam o dedo aos Estados Unidos e à União Europeia, que já tinham vindo a lamentar o sucedido e as mortes causadas, e que aqueles culparam de treinar os terroristas.


“Os responsáveis por este crime foram treinados e equipados fora das nossas fronteiras”, declarou o viceministro do Interior, Ali Abdollahi, citado no site da televisão estatal e pela AFP. “Este acto terrorista cego foi perpetrado por mercenários do ‘mundo arrogante’”, terminologia que designa as potências ocidentais. O Presidente do Parlamento iraniano, o conservador Ali Larijani, acusou directamente os EUA: “Os americanos devem responder por este acto terrorista no Sistão [a região no leste país onde foi o atentado]. Não podem evadir-se”, disse, segundo a televisão estatal. O ministro do Interior, Mostafa Mohammad Najjarm, incriminou Israel." (Público, 17 de Julho de 2010)

Repare-se como um atentando que foi claramente contra a maioria xiita do país talvez contra a discriminação da minoria sunita foi percepcionado pelas elites iranianas como um ataque das potências ocidentais. Na realidade, é óbvio que elas sabem que isso está, muito certamente, longe da verdade. Ainda assim, não puderam deixar de tentar inculcar às massas uma imagem demoníaca do outro - o outro que não é muçulmano, fazendo-os acreditar que os sunitas não o fariam sozinhos. A questão da identidade e dos significados que se atribuem às acções concretas são ainda mais importantes para perceber determinadas dinâmicas do que as acções em si. É o que nos ensina, sabiamente, o Construtivismo. E a única interpretação que justifica esta posição do governo iraniano.

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