Notícia do Público de 21 de Julho que pode ser lida aqui.
"O Presidente venezuelano Hugo Chávez anunciou que o Estado poderá assumir o controlo do principal canal de televisão ligado à oposição, a Globovisión, o que está a ser considerado um novo ataque à liberdade de expressão. A estação emitiu um comunicado a defender que a sua linha editorial “não se expropria”.
Chávez fez as contas em directo, no programa televisivo Alô Presidente. Explicou que 28,5 por cento das acções da Globovisión estão na mão do banqueiro Nelson Mezerhabe, que vive em Miami, nos EUA, e está a ser investigado na Venezuela por “corrupção”, depois de o Banco Federal, que dirigia, ter falido e sido intervencionado pelo Estado. Outros 20 por cento pertenciam ao fundador do canal, Luis Teófilo Nunez, que morreu em 2007, e agora deverão “passar para o Estado”. Ao todo, são 48,5 por cento das acções Globovisión."
Autoritarismo a quanto obrigas...
Um ponto de equilíbrio diz-se localmente assimptoticamente estável ou um atractor local se é Lyapunov estável e, quando t→+∞, todas as trajectórias que começam perto se aproximam dele. Ou seja,
ResponderEliminar∃ E > 0 : dist(X(0),X∗) < E ⇒ lim t→+∞ X(t) = X∗.
Um ponto de equilíbrio diz-se globalmente estável se atrai trajectórias que passam em qualquer ponto do espaço de fase.
Eles estão mais próximos do equilíbrio global do que nós. Ou achas que o "meio termo" em que acreditas não tende para um atractor limite - o autoritarismo?
Bem, das explicações matemáticas percebi 0! Por que é que dizes que eles estão mais perto do equilíbrio global que nós? Referes-te aos venezuelanos e aos europeus? É esse meio termo o sistema democrático?
ResponderEliminarObrigado por elevares o nível científico do blogue usando metodologia quantitativa! :)
Não. Eles também estão numa "democracia"... Mas Socialismo. Estado consumir metade da riqueza implica uma evolução no sentido do autoritarismo. A velocidade depende de características idiossincráticas, mas isso não lhe retira a tendência secular. Aliás isso é perfeitamente claro do caso europeu. Olhó Berlusconi... =P
ResponderEliminarAbracinho.
Ah! Disseste bem: democracia entre aspas. E no caso venezuelano, não sei se poderemos falar de uma democracia ou de uma pseudo-democracia ou uma mera democracia eleitoral ou usar outra das inúmeras denominações à disposição. Nos casos europeus, não se encontra o extremismo venezuelano, como espero que seja claro. Tudo bem que há uma lógica subjacente que pode ser comparado, uma vez que são de esquerda, mas isso não pode reduzir os socialismos europeus a "Venezuelas mais lentas no-sentido-do-autoritarismo-totalitário-de-esquerda"... Einverstanden? O caso Berlusconi tira-me qualquer capacidade de argumentação! Aponto só para as percepções e as identidades dos italianos!! ;)
ResponderEliminarGrüsse!
Mas eu não disse que lá estávamos... Disse que tendemos inexoravelmente para lá! E isso só consegues ver se deres um passo atrás e comparares. Right?
ResponderEliminarA diferença que eu encontro é de discurso e de percepção. Um eurocrata tem um processo de raciocínio em tudo semelhante ao Chavez, só que muda a retórica - o que é suficiente para reduzir a velocidade em direcção ao equilíbrio autoritário. (The road to serfdom?)
Sim... O Berlusconi foi uma rasteira argumentativa. Tough Luck! Banires o sal do pão foi cá...
abraço
O objectivo último dos europeus não se compara ao objectivo último de Chávez. Aí reside a grande diferença. O ritmo é menos acelerado e as metas são distintas... Mais do que a retórica.
ResponderEliminarEssa do pão foi bem aplicada! Não concordo com ela e não tem lógica, mesmo para quem acredita em alguma intervenção institucional. Aquilo que é importante perceber é a existência de diferentes graus de intervenção. Dois dos princípios básicos da democracia, a liberdade e a igualdade estão, frequentemente, em conflito. Aquilo que cada um defende é a o ponto em que o regime deve intersectar ambas as realidades. Tu optas por uma maximização da liberdade (Hobbes' state of nature), Chávez opta(rá) pela maximização da igualdade e eu procurarei sempre um ponto intermédio (Locke)... E depois, claro, existe ainda um terceiro pilar, o controlo, que tenta resolver o conflito entre os dois anteriores.
Bem, mas esta seria uma discussão muito longa... :) De qualquer forma, deixo-te aqui um link de um artigo que estou a utilizar no meu trabalho e que acho muito bom, para um dia que te apeteça lê-lo:
http://www.nccr-democracy.uzh.ch/publications/workingpaper/pdf/WP10.pdf
Abraço!
Andreuccio...
ResponderEliminarLocke NUNCA acharia que 50% do PIB é um ponto intermédio... Mas isso é um conversa para outra altura.
Agora, o suposto objectivo último ser diferente não tem relevância quando a acção sobre o estado de coisas leva a comportamentos evolutivos semelhantes. E o teu erro está em achar que pode haver um compromisso com "liberdade". Não! Liberdade e coerção não são contrários, são contraditórios! E o princípio do terceiro excluído entra em força. Não podias ter-me dado mais razão. Quereres um "meio termo" implica que no limite caias no que o Chavez pretende (o que eu tenho vindo a defender), pelo simples facto de que não existe um meio termo com a liberdade. Ou é ou não é. Só podes influir negativamente sobre ela - impedindo a sua violação. Não podes influir positivamente e achar que a mantens. Cinzento é meio termo entre preto e branco, mas não há meio termo entre ser e não ser, por exemplo.
Por aqui passa um pouco a minha crítica ao "meio termo", "moderação", etc. enquanto estratégia universal. Há que partir-se do real, ou daquilo que concebemos como tal. Por vezes faz sentido falar-se em meio termo, por outras é um absurdo. O dizeres "a tua consciência é livre de produzir mas 50% sou eu que vou gastar" é procura de "liberdade + igualdade" pode ser verdade no sentido de que tu conscientemente achas que é isso que estás a promover. Mas já eliminaste a liberdade da tua equação. E, em boa verdade, não vês no discurso político dominante grande enfoque na liberdade...
Quanto à igualdade numa acepção económica estar implicitamente ou explicitamente na base da democracia, é outra ENORME discussão.
Merci pelo artigo. =)
Beijos, abraços e muitos palhaços.
Nada a agradecer! :)
ResponderEliminarPois... Isto são muuuitas discussões!! Sabes que eu sou um moderado, por isso, para mim, não só existe cinzento, como acho que é a melhor cor de todas. Não esteticamente falando... ;)
Deve existir liberdade, mas ela deve ser condicionada por outros princípios que são importantíssimos, tal como a segurança, a igualdade, a dignidade humana, etc. Já sei que não concordas com isto, assim como eu também não consigo aceitar alguns dos pressupostos que apresentaste. Mas é por isso que somos amigos! :) Loool!
Abraço!!
André
ResponderEliminarTu és "moderado" por princípio... Porque a tua intuição ética e estética te indicam que "no meio está a virtude". Mas se a Sara engravidar não há "moderação". Ela não vai estar "meia grávida" por mais baixinho que tu sejas. =)
Dizes que eu não concordo com esse teu segundo parágrafo... Que pressupostos rejeitas? Do terceiro excluído na liberdade? Isso é metafísica... Eu consigo conjugar liberdade com todos esses princípios sem a condicionar, ie, destruir. Mas no nosso eternamente adiado café, falaremos mais disto.
Abraço
Ah ah ah! Hey! Baixinho??! Loool!
ResponderEliminarHá casos onde impera o terceiro excluído, mas socialmente as coisas, para mim, não são assim... Sabes o que penso sobre isso..
Ok! Esperemos pelo café! (Bem, na realidade, neste momento estava a precisar de um balde de café por causa do maldito trabalho...)
Abraço!