O "El Mundo" publicou uma sondagem que revelava que, se as eleições fossem hoje, o Partido Popular Espanhol as venceria com uma diferença de quase 13 pontos relativamente ao PSOE. Nada de escandalosa nesta informação. Assim como não é inesperada uma derrota dos Democratas nos Estados Unidos, uma eventual vitória do PSD numas próximas eleições em Portugal, uma estrondosa derrota de Sarkozy em França, a eventual derrota de Merkel, etc. Como ser percebe pelo panorama eleitoral internacional (se é que isso existe) é a vontade de mudança das populações. Aquilo que me questiono é se essa vontade de mudança se prende apenas com a crise ou com a falta de identificação do eleitorado com os seus políticos nos poder. Será Portugal menos de esquerda do que há alguns anos atrás? Será a França mais de esquerda agora? E serão os americanos mais conservadores?
Esta reflexão pode ser completada com aquilo que se passa no Brasil. Contrariando o resto do mundo, a tendência é de manutenção, de seguimento, de não rotura. Mas o Brasil e o resto dos países que mencionei têm que ser colocados em grupos diferentes: o primeiro, porque está em crescimento, com dinheiro para políticas sociais que atraem qualquer eleitorado; o segundo, porque está em declínio, a fazer frente a uma dura crise que os impele a cortes e mais cortes. E, para mim, são estes cortes que levam e levarão às mudanças que poderão a vir a ocorrer nos governos europeus e americano - exceptuando o de Angela Merkel que poderá fugir a este padrão.
As medidas de austeridade desagradam à população; os escândalos de corrupção e de falta de seriedade na política minam a confinaça dos eleitores que se afastam. Quando há prosperidade, mantém-se o executivo. Por isso, as eleições são efectivamente um lugar de "accountability" e "responsiveness", de pedir contas do que foi alcançado. Mais do que como foi ou deverá ser alcançado. Não é uma batalha ideológica. É uma batalha de resultados.
Não creio que seja uma questão de "mudança de direcção" na orientação política por si só (e estou a restringir-me ao caso português). Os eleitores tendem cada vez mais a votar nos líderes do partido e não na ideologia do mesmo (falta de consciência política/desinteresse - talvez no nosso caso mais este último). Assim sendo, parece-me normal que em situações de crise as intenções de voto mudem.
ResponderEliminarQuanto aos americanos serem mais conservadores, sou obrigada a concordar (sobretudo se atendermos às reformas do tão famigerado sistema nacional de saúde que Obama luta por implementar numa sociedade cada vez mais relutante).
Sim, possivelmente será uma das explicações também.. :)
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