Ontem foram conhecidos os resultados da segunda volta das eleições brasileiras. Vários líderes do mundo inteiro felicitaram a primeira mulher a chegar à Presidência do Brasil.
Roussef veio juntar-se à chanceler alemã, Merkel, à Primeira-Ministra australiana, à vizinha argentina, à longínqua Finlândia e várias outras mulheres que o século XXI trouxe para as luzes da política. Um artigo sobre o poder no feminino pode ser lido aqui. Também Obama foi um fenómeno não facilmente expectável - naturalmente não como mulher, mas como afro-descendente que chegou à Casa Branca e que, apesar do descontentamento geral, continua a contar com o apoio sólido da população negra americana, como podemos ler aqui.
Excepções e igualdade de género à parte, retomemos as eleições brasileiras. Fecha-se hoje um ciclo de uma longa campanha, marcada por avanços e retrocessos, calma e tensa, renhida e decidida. Como se suspeitava praticamente desde o início (apesar das dúvidas que entretanto surgiram e voltaram a dissipar-se), Dilma Roussef será a próxima "Presidenta" do Brasil, como diria Lula. Serra aceitou a derrota, respeitando a voz do povo, mas prometeu voltar.
56 milhões de pessoas escolheram-na para liderar o país, certamente numa lógica de continuidade das políticas de Lula, o tão amado Presidente que deixará o cargo em Janeiro. Nunca se saberá qual teria sido o resultado sem o empenho efusivo deste petista que escolheu a sua protegida e conseguiu pô-la no lugar que ansiava. Fenómeno fantástico, este de um presidente em final de mandato ser tão popular que como que "deixa uma filha, uma criação sua" no seu lugar. Que não veremos muitas mais vezes ao longo da nossa vida, isso parece-me certo.
Parte do caminho está desbravado, mas apenas parte. O desejo de Dilma é fazer subir o Brasil de 8.ª para 5.ª economia do mundo. Isso assegurar-lhe-ia certamente uma fácil reeleição, a par com medidas de cariz social que tanto agradam ao eleitorado do PT e que facilmente podem resultar dessa potência económica que se gera e que deverá manter-se nos próximos anos. Para terminar, não queria deixar passar em claro a segunda referência da vencedora no sue discurso: a primeira foi para o facto de ser mulher e ter triunfado e a segunda remeteu-a para a democracia. Segundo Dilma, esta lutará para defender a liberdade de imprensa, de expressão, de religião:
“Vou zelar pela mais ampla e irrestrita liberdade de imprensa. Pela mais ampla liberdade religiosa e de culto, pela observação criteriosa e permanente dos direitos humanos.”
Numa América Latina perdida num tempo de indefinições, ter um país com o estatuto do Brasil com uma líder a afirmar e a pôr em prática esta máxima é muito positivo.
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