domingo, 16 de maio de 2010

Os Trabalhistas

Derrotados quase duas décadas depois da sua entrada em Downing Street pelo carismático Tony Blair, os Trabalhistas enfrentam agora uma crise, relativa e passageira, eu diria.

Com umas saídas pouco brilhantes nos últimos dias, típicas de quem dá o tudo por tudo para se manter no poder, perderam alguma da dignidade com que poderiam deixar o governo.

No entanto, outras questões se levantam. A primeira prende-se com o facto de agora fazerem parte da oposição. Significa que vão assistir, de bancada, à aplicação das medidas de austeridade para a recuperação económica do país, o que lhes poderá granjear muitos votos nas próximas eleições, caso os resultados não sejam os desejados e a população fique descontente, o que é muito frequente nestas alturas.

Por outro lado, há agora a corrida à liderança do partido. Brown está de fora e disse já não apoiar nenhum candidato. Os dois favoritos parecem ser David Miliband, o ex-MNE, e Ed Balls, ex-Ministro da Educação. No entanto, uma terceira figura começa a ganhar eco pelos corredores: Ed Miliband, irmão de David. A competição pode ser feroz, mais do que amistosa. Mas só lá para Setembro se saberá definitivamente quem vai liderar a oposição britânica, numa postura a que os Labour já não estão assim tão habituados. Vamos acompanhar como corre.

4 comentários:

  1. Não é passageira. É estrutural. O modelo deles caiu! E diga-se de passagem, o teu. Aquele modelo da engenharia social, do "fairness as redistribution" etc. foi rejeitado sumariamente pelo eleitorado. As pessoas NÃO partilham desse vosso sentido de justiça que quer endogeneizar a sorte e exogeneizar o mérito.

    Jack Straw, who is presumably free to speak the truth because he is past all personal ambition, put it most explicitly last week. In order to recover, he said, Labour would have to get back the votes of “decent, hard-working families” who felt that “we had not been listening enough on issues such as immigration, benefits and fairness”.

    ResponderEliminar
  2. Ora bem, essa análise ignora alguns factos importantes sobre eleições. Numa época de crise, na qual todos perdem regalias, poder de compra, etc., claro que há que penalizar quem o fez e muda-se o partido, a maior parte das vezes independentemente das crenças em modelos sócio-políticos. Se for preciso, como o novo governo terá que tomar medidas de austeridade (como agora tanto se ouve), nas próximas eleições, com um rosto novo e promessas de mais distribuição na sociedade e etc, os eleitores acorrem em massa ao Labour novamente.. No poder desde 1997, não te parece flagrante esta mudança precisamente num momento como aquele que a economia britânica, à semelhança da maioria das restantes economias mundiais, está a passar? E que há uma grande volatilidade na opinião pública, mais do que convicções?

    ResponderEliminar
  3. Tu é que estás a dizer que há volatilidade... Durante a queda do muro de Berlim podias ter dito o mesmo. Mas houve uma mudança na estrutura. No meu entender estamos na presença de uma manifestação da insustentabilidade prática desse modelo. =P

    ResponderEliminar
  4. No meu entender, estamos na presença de um eleitorado que rapidamente se vai cansar dos conservadores.. ;)

    ResponderEliminar