Quando se fala sobre o Médio Oriente, inclui-se sempre a agitação e instabilidade que teima em não abandonar aquela região do mundo. Israelitas e palestinianos, turcos, Islão, Irão, Iraque, Líbano, Síria, Jordânia,... Há sempre um problema por resolver, um conflito por apaziguar, uma tensão a desfazer. Ultimamente, com esta história de Gaza e do bloqueio, eu diria que é mais do que isso. Este episódio marca, para mim, o início de um processo de mudança mais profundo.
A Turquia, que sempre foi um dos maiores aliados dos EUA, está agora a fazer-lhe frente por causa das sanções contra o Irão; está a dar uma dor de cabeça aos americanos que não quereriam, digo eu, perder este ponto estratégico no Médio Oriente. Mas a Turquia quer lançar cartas na região e vai fazê-lo, eventualmente, sozinha. O Irão ponderou aceitar a mediação brasileira e turca e exportar o urânio, cedendo. Israel está a desafiar toda a região com o seu bloqueio, a sua postura intransigente e a sua falta de diplomacia, afastando-se também dos Estados Unidos que já não podem aparar tantos golpes sem serem fortemente criticados. Os israelitas também querem ter uma palavra a dizer sobre aquela região. O problema surge quanto encontram uma Turquia que pretende ocupar a mesma posição e tem características tão diferentes das deles. Um choque de interesses que azeda as relações entre ambos, antes bastante calmas. Os países muçulmanos acorreram a apoiar os turcos, criando uma divisão ainda mais clara.
Ainda é cedo para compreender a dimensão destes acontecimentos mais recentes e uma visão mais histórica não pode nunca ser esquecida, mas, para mim, há uma quase certeza: a rede de alianças e amizades no Médio Oriente está a remodelar-se e isso terá implicações no resto do mundo. A questão será descobrir quais serão essas implicações.
Sem comentários:
Enviar um comentário