quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Referendo na Turquia

As relações da Turquia com o clero e os militares têm uma longa tradição de aproximações e afastamentos. Nos últimos anos, e também no âmbito da sua integração no espaço europeu, o estado turco tem tentado estabilizar essas relações, afastando-se tanto de uns como de outros, no sentido em que pretende diminuir a influência destes dois grupos sociais na vida civil.

Normalmente orgulhosa pelo seu laicismo, a confusão que muitas vezes se estabelece entre o Islão como religião maioritária ou como religião oficial do estado não faz jus à situação da Turquia, que, apesar de ser esmagadoramente muçulmana, não tem qualquer religião oficial. Por outro lado, os militares têm uma longa história de intervenção política – foram eles que retiraram o poder a governos democraticamente eleitos, o detiveram por algum tempo e o devolveram novamente aos civis quando assim o entenderam. Isto aconteceu por várias vezes desde a fundação da República em 1923.


No dia 12 de Setembro, um referendo na Turquia veio provar que a maioria da população continua a pretender que o seu país seja laico e se autonomize completamente da influência militar. Para o Primeiro-Ministro, estas mudanças consolidam a democracia turca, democratizando a Constituição que resultou do golpe de Estado da década de 80 e aproximam o país da União Europeia. Politicamente, significa uma vitória para o partido de Erdogan, o AKP, que muito provavelmente será reeleito no próximo ano, aquando das eleições legislativas. 58% dos turcos votaram a favor.

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