Ainda assim, nenhuma das partes se furtou ao encontro. Sem condições prévias, os dois líderes chegaram a Washington e cumpriram a sua parte, lamentando os ataques mútuos, mas dizendo que não seriam suficientes para boicotar o acontecimento.
Netanyahu fez ainda uma surpresa. Dizendo que as negociações deveriam ser discretas e que poderiam ser concretizadas duas vezes por mês, este Primeiro-Ministro já no seu segundo mandato, prometeu surpreender os cépticos do processo de paz, sem contudo deixar de assegurar que tinham que zelar pelos interesses de Israel. Naturalmente, todos esperam que ambas as partes o façam. A grande questão que se coloca é até que ponto ambos estão dispostos a ceder para concretizar esta paz. O seu Ministro da Defesa dizia que estavam disponíveis para entregar partes de Jerusalém, mas tal não foi confirmado pelo chefe do governo.
A 1 de Setembro, em Washington, Obama recebeu isoladamente Netanyahu, Abbas e os líderes do Egipto e da Jordânia, todos muito empenhados na resolução deste caso. Tiveram ainda um jantar em conjunto de onde resultou a reiteração dessa mesma intenção. No segundo dia, o foco deslocou-se para a Secretaria de Estado, encabeçada por Hillary Clinton. À partida, no final do mês ocorrerá a segunda volta destas conversações directas, mas já no Médio Oriente.
Alguns analistas consideram que o P-M israelita está no auge do seu poder político como já ninguém estava há uma geração, tendo uma grande margem de manobra e nenhum opositor à altura. Aluf Benn chama-o de “Gorbatchev israelita” e esperemos que assim seja. Aquele que sempre se opôs à solução dos dois Estados poderá ser aquele que venha a acabar por consegui-la.
Seria um acontecimento histórico; digno de celebração, um segundo Muro de Berlim a cair. E a resolução pacífica deste conflito e o entendimento das duas partes provaria ao mundo que os realistas nem sempre têm razão com os seus cálculos e a sua percepção da condição humana. Há interesses a defender nas duas partes, mas há também vontade de paz e estabilidade; há um processo histórico que desgasta as duas entidades, as duas populações; um processo que custa vidas e sofrimento. E a sua resolução seria motivo de orgulho para a comunidade internacional e para todos os que se preocupam com a dignidade humana. Não me iludindo com a celeridade do processo nem com a aceitação pacífica por parte de algumas facções das populações em causa, sinto que uma solução será possível.
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