sábado, 24 de abril de 2010

Extrema-direita


Voltando às eleições britânicas, gostava de voltar a focar um fenómeno sobre o qual já falei várias vezes aqui no blogue. Ainda muito recentemente, dava conta que o ambiente de crise vivido na Hungria dava grandes expectativas a uma subida acentuada dos votos no partido de extrema-direita. Crise, imigração, descontentamento com as políticas mais moderadas, sentimento de impotência, etc. são as razões comummente apontadas para este fenómeno.

Ora, vivemos tempos de campanha eleitoral também no Reino Unido, como disse. E também no Reino Unido esses problemas de natureza interna estão a agitar o eleitorado. Cansado de uma sucessão de Labour e Tories, os liberais democratas ganharam relevo. Mas não foram os únicos. Também o Partido Nacional Britânico, de extrema-direita, parece chamar para si muita das atenções dos ingleses.

Independentemente das visões e ideologias que possamos ter (uns mais no armário do que outros), qualquer um dos três partidos de que falei inicialmente apresenta propostas que, ainda que distintos na sua forma de alcançar objectivos distintos, são congruentes com um Estado de Direito democrático que os europeus conseguiram alcançar numa luta de séculos.

Agora, a minha questão é a seguinte: estando acontecimentos como a II Guerra Mundial ainda presentes (penso eu) na memória colectiva europeia (e mais abrangentemente, mundial), como é possível falar-se na ascensão de um qualquer partido que tenha dúvidas sobre o Holocausto, descrevendo-o como “this nonsense about gas chambers”?!

Tudo bem que algumas pessoas ignorantemente culpem imigrantes do caos da sua situação financeira, tudo bem que estejam descrentes dos partidos que se sucedem no poder, tudo bem… Agora, acreditar num partido de extrema-direita? Completamente fascista? Não consigo suportar…

4 comentários:

  1. Andreuccio

    Tens razão! (Adoreiiii o teu momento Lourenço com o armário! :D)

    Agora deste-me uma impressãozinha assim no olho quando disseste que "tudo bem que algumas pessoas ignorantemente culpem imigrantes etc". Não... Não é tudo bem! Posso estar a exagerar, mas enquanto se disser "tudo bem", não cortamos o mal pela base.

    Acharias inconsistente se os partidos de ED não fossem permitidos?

    Já às dúvidas sobre o Holocausto... Depende da sua natureza. Repara, a mim até me custa acreditar que tal horror se tenha passado! Uma modalização diferente que convém ter em mente, n'est-ce pas?

    ResponderEliminar
  2. Sim, de facto há essa necessidade de cortar pela raíz, mas o apoio a um partido como esse tira-me do sério!! Mas claro que sem um não haveria o outro...

    É uma questão difícil: por um lado, têm direito a existir enquanto representativos de uma facção da população e isso é democrático; agora, a sua própria natureza e pressupostos são completamente anti-democráticos.. Não sei o que fazer. Aliás, sei: é combater todos as ideias falsas que eles transmitem e fazer com que as pessoas percebam que não é solução... Mas isso é tãaaaao difícil!

    A modalização deles foi, infelizmente, muito diferente da tua... Porque a mim também me custa a acreditar...

    ResponderEliminar
  3. Mas olha lá..... o que te interessa que seja democrático ou não? Já discutimos que democracia é mais meio do que fim... O sufrágio é qualificado, por ex com a constituição, para não cairmos na tirania das maiorias.........................

    O que creio que tu queres dizer, é que democracia é o melhor meio para se atingir os fins que tu qualificas de bons... Pro tanto, que qualquer atentado ao bom exercício desse meio é, prima facie, um mal.

    Acertei?

    ResponderEliminar