sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Ashton mete o pé na argola

A Alta Comissária e Vice-Presidente, Catherine Ashton, voltou a irritar os europeus.

"A ordem de prioridades da chefe da diplomacia europeia está a provocar uma irritação crescente entre os governos dos Vinte e Sete: em vez de assistir – e presidir – a uma reunião dos ministros da Defesa da União Europeia, hoje, em Palma de Maiorca, Catherine Ashton preferiu assistir à tomada de posse do novo Presidente ucraniano, Victor Ianukovich, em Kiev." (In Público on-line, 25-02-2010)

Muitos diziam que a figura desta senhora muito raramente ia marcar a agenda mediática. No entanto, Ashton enganou quem tal vaticinou, uma vez que tem sido notícia com alguma frequência, apesar de não ser pelos melhores motivos. Esta opção de não comparecer a uma reunião marcada há mais de um ano (havendo já comparações com Solana que nunca faltou a este encontro) parece descabida do ponto de vista estratégico e dos interesses da União. Em vez de presidir à reunião dos Minsitros de Defesa da UE, com os quais discutiria sobre as implicações da entrada em vigor do Tratado de Lisboa, a baronesa foi a Kiev assitir a tomada de posse do Presidente Ianukovich.

É uma questão de estabelecer prioridades. Mas dá a entender que a senhora não tem assim uma grande pontaria para essa hierarquização. Pela altura do Hiti, que acabei por nunca comentar, o apoio de União Europeia passou completamente despercebido - falou-se do envio de ajuda de Portugal, de Espanha, da França, etc, mas nunca da UE. E a figura de Ashton deveria ter vindo mais à baila por essa altura. Deslocou-se a Washington para falar com Hillary Clinton, mas nem os pés pôs no Hiti, ao contrário da Secretária de Estado Americana.

Que papel global querem então para uma União Europeia que não se faz ouvir globalmente? Que actor importante pode ser este, estando sempre escondido nos bastidores? É esta Europa que o Tratado de Lisboa queria construir? Não. E por muito que os líderes acabem por não ter a amplitude de decisão que gostariam ou que o seu lugar implicaria, sendo em parte suplantados por uma enorme equipa de eurocratas que circulam por Bruxelas, o que é facto é que influenciam, tomam decisões, fazem escolhas, estebelecem hierarquias, prioridades, metas. Ashton, para mim, voltou a falhar. Falhou porque não incarnou os princípios de uma Europa globalmente activa e visível que o Tratado que deu à senhora baronesa o lugar queria criar.

Se juntarmos a isto a invisibilidade de von Rompuy, ainda outro dia duramente criticado e insultado por eurodeputados, podemos começar a ponderar a entrada da UE numa espiral descendente de importância e influência num mundo onde se compete por estar presente, por ser visto e por influenciar. A UE está a perder o jogo. E ou estes senhores mudam de atitude perante os seus postos ou poderá ser tarde de mais mais para voltar às luzes da ribalta internacional.

4 comentários:

  1. Bem... hoje parece-me que o Rompuy vai ter muita visibilidade...

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  2. http://www.telegraph.co.uk/news/worldnews/europe/eu/7326640/War-in-the-EU-as-Herman-Van-Rompuy-makes-power-grab.html

    Claro que o jornal é britânico.

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  3. Tinhas mesmo razão. Obrigado pela notícia! E que notícia! De facto, uriosamente o jornal é britânico... Esta apanhou-me de surpresa!

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