quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

China - que brilho? (I)

A China tem constado da agenda mediática internacional dos últimos dias e por vários motivos.

Já aqui referi por várias vezes a minha descrença relativamente à posição dos chineses enquanto challengers dos EUA na “liderança” da comunidade internacional.

Vou publicar uma série de artigos nesta lógica, a começar já hoje.

Tibete: a China tem reforçado a sua inflexibilidade quanto aos pedidos de autonomia dos tibetanos. Não abdica de qualquer parte de soberania (será a soberania divisível?) naquele espaço que continua a defender como seu. Os tibetanos, pacificamente, vão-se resignando ou manifestando sem grande impacto, depois da carnificina que foram as manifestações sangrentas de há uns tempos. O Presidente dos EUA pretende encontrar-se com Dalai Lama – a China já o avisou que não ficará contente com tal acto e que tal prejudicará as relações entre os dois países. Mais, qualquer país sofrerá consequências se dialogar com aquele que a China considera um perigoso separatista.

Bem, na realidade, isto é tudo menos ilógico; faz parte de um pensamento que o governo de Pequim tem consolidado e é algo de expectável e coerente da sua posição. E quem esperava por alguma abertura daquele país depois dos Jogos Olímpicos (qual acontecimento messiânico que salvaria os 2 biliões de chineses) desengane-se, pois estão tão fechados como até então.

Repare-se que os EUA não consideram o Tibete um país independente, mas sim parte da China – tal como a comunidade internacional o entende assim. Contudo, a sua preocupação, manifestada através do encontro do qual Obama não abdicará, prende-se com os Direitos Humanos e o respeito por aquela parte da população. A intenção é a promoção do diálogo e da solução pacífica e conforme os Direitos Humanos e não o reconhecimento da autonomia da região.

A situação é delicada; os EUA, tal como a comunidade internacional, não pedem mais do que um tratamento justo dos tibetanos; a China defende o que é seu, sempre com aquele medo tão característico (não será razoável?) de que um aumento de autonomia hoje signifique o desmembramento amanhã.

Assim, a China, mais do que uma economia forte e crescente (até quando?), é um país que ameaça desagregar-se (lembremo-nos de Xinjang) sem um Estado “umbrella” que possa tudo unificar através da força.

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