segunda-feira, 1 de março de 2010

Media e Democracia


As mudanças estruturais vividas nos últimos 25 anos transformaram, naturalmente, a realidade: a individuailização, a secularização, a economização, a estetização e várias outras dinâmicas referidas por Maria João Silveirinha promoveram a “deslocação dos media para o centro do processo social” (Blumer, Kanvanagh, 1999 apud Silveirinha, s/d), tornando o acesso à informação dependente daqueles meios e criando uma comunidade “massmediada” (Silveirinha, s/d). E se prestarmos atenção a alguns pressupostos das democracias actuais, nomeadamente o da participação cívica e o da escolha racional, percebemos a importância de um público informado e interventivo nesse sistema que o acolhe.

Assim, a democracia surge como a “única forma de regime cuja legitimação implica necessariamente a comunicação” (Blumer, 1987 apud Ibidem), onde os media em geral funcionam como um vigilante do governo, sendo apelidados de “Quarto Poder”, “contra-poder” ou “cão de guarda” desse mesmo sistema democrático. Efectivamente, a liberdade de imprensa é, na actualidade, considerada um dos principais pressupostos de uma sociedade aberta, na qual os seus objectivos passam por transmitir uma imagem rigorosa do mundo , dar a possibilidade ao público de reagir ao que se passa nesse mesmo mundo e “dar voz à opinião dos cidadãos e não apenas aos detentores de outras formas de poder”. (Patterson, 2002: 35) Daí que formas patológicas de jornalismo tenham consequências na saúde da democracia e da vivência cívica. Também Hermenegildo Borges reconhece o valor e a ligação entre estes dois pólos, quando afirma que:

“Importa reconhecer que, nos regimes de democracia política, o jornalismo se funda nos princípios constitucionais da liberdade de expressão e, consciente do seu lugar e função na sociedade, procura nortear o seu agir por normativos deontológicos que sublinham o propósito de independência face ao poder político.” (Borges, 2010)

Este autor cita mesmo Ayala, defendendo uma similitude entre o discurso parlamentar e o género editorial, acrescentando que o parlamento e a imprensa acabam por ser, nas sociedades democráticas, “indispensáveis, complementares e coordenados”. (Ayala, 1984 apud Borges, 2010) Parece, então, evidente esta relação íntima entre política e comunicação. Compete-nos agora aprofundar essa relação.

(Excerto de trabalho pessoal)

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