segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Pelo Brasil...

"Televisamente", os dois principais candidatos à presidência brasileira estão empatados. Algum nervosismo de Dilma e pouca assertividade de Serra foram as causas deste empate, segundo os media brasileiros. No entanto, para um país com a importância do Brasil na cena internacional, é de lamentar que a audiência do primeiro debate tenha estado nos 5,5%, enquanto que a do jogo de futebol transmitido pela mesma altura quase chegou aos 37%...

As referências a Marina Silva, dos Verdes, e Plínio Arruda, do PSOL, foram muito escassas.

Tudo continua em aberto numas eleições que eu não quero perder! E você também não!

14 comentários:

  1. É de lamentar porquê?

    Não percebo o snobismo que existe à volta do futebol! Do ponto de vista cultural é tão ou mais importante do que a política.

    Abraço

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  2. Da minha parte não existe snobismo em torno do futebol; apenas me parece contraditório que a população se queixe constantemente de défices democráticos, de corrupções políticas e afins, quando ela própria, que deveria basear todo os sistema democrático, não está empenhada nesse processo. E futebol há a qualquer hora em canais desportivos; debates com os candidatos à presidência nem por isso...

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  3. Não está empenhada porque não faz diferença nenhuma. É uma perda de tempo. Não é contraditório. É racional...

    Diz-me, se pudesses falar com a população para promover a sua participação política, que lhes dirias?

    Abraço

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  4. Não faz diferença? Pareces um anárquico a falar? Quem toma as decisões, afinal? Quem orienta a alocação dos recursos? Para mim não há racionalidade nenhuma aí..

    Diria que faz parte da cidadania e que se é um sistema democrático têm essa possibilidade de contribuir para a tomada de decisões na sua sociedade, de forma indirecta..

    Para mim, é irracional.

    Abraço!

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  5. Quem toma decisões? Mas que decisões tomam que não sejam triviais? "Orienta alocação dos recursos"?

    Não têm essa possibilidade pela própria estrutura do sistema democrático. O político faz aquilo que o votante mediano quer porque é isso que lhe garante a reeleição. Ele não sabe precisamente o que isso é, mas aponta sempre para aí...

    Se fores mediano, não tens de te preocupar. Se não fores também não - não faz diferença... Vê antes o jogo que a vacuidade mental é menor.

    Não é determinístico mas é quase.

    =P

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  6. Mas isso põe em causa todo o sistema; um sistema que tem funcionado e que, como se ouve milhares de vezes, é o melhor que até agora se encontrou...

    Há a possibilidade de participação política dos cidadãos, que serão representados mais ou menos justamente dependendo do sistema eleitoral. E votar na Dilma será diferente de votar no Serra. Assim como em bastantes outros candidatos pelo mundo fora... Em política externa, então, isso é mais do que visível...

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  7. Claro que ponho em causa todo o sistema... Já fomos apresentados? =)

    Tem funcionado? É o melhor que até agora se encontrou? I beg to disagree...

    O problema do Estado, André, é que fica tudo muito no potencial... Por exemplo, elevados gastos públicos reduzem investimento que reduz o crescimento económico de longo-prazo. Mas esse crescimento era potencial, portanto nem damos conta...

    Não é o melhor que até agora se encontrou. E, de qualquer das maneiras, a questão é: será que é o melhor que teria sido possível?

    Abraço

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  8. Eu sei que o pões em causa! :P

    Tem funcionado e tem falhas, como qualquer sistema. Que haverá outro que aumente a concretização dessas potencialidades? Não me parece.. Claro que existem sempre falhas a corrigir e melhoramentos a levar a cabo, mas qual a alternativa? Uma anarquia?

    Abraço!

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  9. Andreuccio...

    Para quem é tão apologista do cinzento acho giro que para ti seja 50% do PIB ou anarquia...

    Abraço

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  10. Ah ah ah! Sim, de facto.. Excedi-me! ;) Temos então que falar sobre essa hipótese cinzenta...

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  11. André, realmente concordo com você em relação ao debate. É de lamentar que a audiência do futebol tenha sido maior. Sou brasileiro e tem algumas coisas que na minha opinião favoreceram à pequena audiência. A emissora que passou o debate não é a que possui tanta audiência (isso não quer dizer que ela é ruim ou menos importante) em relação à Rede Globo. O que foi comentado aqui no Brasil é que a Globo forçou o jogo de futebol para o dia do debate, o que tirou a atenção de muita gente, pois não iriam trocar mesmo de canal. Sei que isto não é desculpa, e tenho certeza que o descaso que a maioria dos brasileiros tem pela política favorece este quadro relato por você. Mas também foi o início das propagandas eleitorais, para você ter uma idéia a propaganda na televisão e nas ruas está começando e é nessa hora que as atenções são direcionadas para as eleições.

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  12. Caro, Cristiano. Obrigado pelo comentário. De facto, acrescenta alguns dados novos à nossa reflexão, aos quais não temos acesso. São interessantes essas manobras em volta do jogo/debate.. Não pensava que funcionasse dessa forma. Mas acha que com o início do período de campanha os brasileiros focam mais atenção na questão política?

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  13. Caro André, o interesse em torno do debate político é bem diversificado. Parte da sociedade brasileira á está interessada nos bastidores e preparativos para as eleições. Jornais e revistas semanais já discutem sobre os políticos há algum tempo. Pelo que percebo as notícias não discutem tanto as idéias e sim buscam enfraquecer ou fortalecer a imagem dos principais candidatos (Dilma e Serra, sendo os demais sem chances)e, no geral, reproduzem o discurso desses políticos. Dessa forma, o público que compra os jornais (O Globo, Folha de São Paulo) e as revistas (Veja, Época, Carta Capital)está ligado à movimentação política pré-eleições. No entanto, a maior parte da população só tem acesso às idéias pela propaganda política da TV e mesmo assim (levando em consideração a descrença que nós temos com nossos políticos hoje em dia) acabam decidindo sem muito ter noção do que o candidato ou o partido representam em termos de tipo de governo. A população mais desfavorecida não tem o costume de ler e se informar sobre política (para muitos não vale mais o esforço, pois todos que chegam em Brasília mudam o comportamento, tornam-se corruptos etc.) e isto prejudica o entendimento das ideias divulgadas pelos candidatos. Aqueles que possuem mais tempo no horário eleitoral e mais estrutura financeira ao ponto de conseguirem fazer uma campanha que chame atenção mais pelos programas do que pelas idéias acabam se favorecendo. Quando falo do programa me refiro à qualidade visual como as músicas de fundo, a fotografia em determinadas reportagens, a qualidade da filmagem, o tempo disponível etc.) além, é claro, da massificação nas ruas com outdoors, cabos eleitorais (pessoas que trabalham entregando panfletos), rádio. Nestes instrumentos são trabalhadas idéias bem superficiais como "sou mais preparado", "vou melhorar o Brasil desenvolvendo a economia", "farei um governo mais transparente", ou seja, criam imagens de bons, mais capacitados ou que o outro é despreparado e sem habilidade (isto é mais perceptível no debates que passam na TV, onde o objetivo não é vencer pelas idéias, mas sim enfraquecer a imagem do outro mstrando parte do passado ou dizeres...) O importante é estabelecer uma comunicação objetiva para aqueles que se encontram no grupo com maior contingente eleitoral. Espero ter contribuido um pouco mais para seu entendimento em relação ao meu país. Deixo claro que é a minha visão (sou professor de HIstória) procuro tentar entender um pouco desta realidade com base no que leio e acompanho.

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  14. Caro Cristiano, muito obrigado pelo comentário. É sempre muito bom termos a opinião de quem vive dentro dos fenómenos sobre os quais reflectimos e que têm impacto na vida das pessoas...

    A situação acaba por ser semelhante em Portugal, se bem que a campanha me pareça menos "feroz" aqui. A ideia de venda da imagem do político mais do que seu conteúdo e os constantes ataques aos adversários também se aplicam no nosso caso.

    Obrigado mais uma vez!

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