segunda-feira, 31 de maio de 2010

Ataque de Israel

Israel diz que foi atacado primeiro, os Palestinianos dizem que foram as vítimas. Ainda é cedo para fazer reflexões cuidadas e com ponderação. Deixo aqui alguns links sobre os últimos desenvolvimentos, prometendo voltar à questão. Adianto apenas que me cheira a crise diplomática das sérias e que vou falar muito nisto...










8 Goals for Africa

Ana Ferreira, no seu blogue Relações Internacionais, dava conta de uma iniciativa que juntou 8 músicos africanos, onde cada um representava um dos 8 objectivos para o desenvolvimento do milénio. Aqui fica o meu louvor ao acontecimento e o convite para que ouçam a música no blogue ou aqui. Just enjoy.


domingo, 30 de maio de 2010

A primeira saída

Foi nobremente que o Ministro das Finanças do Reino Unido apresentou a sua demissão. Apesar de ser um revés para o tão recente governo de David Cameron, pelo menos a saída daquele Ministro por alegadamente ter violado a lei de cobrança indevida foi uma atitude íntegra e coerente com o discurso do chefe de governo do Reino Unido que sempre lutou contra situações como esta. Ainda agora o senhor lá tinha chegado...

Evento

Gostava de ler este livro...

Emprego

German Speaker - Internship


A Infineon Technologies Shared Service Center Unipessoal Lda. é uma empresa prestadora de serviços contabilísticos e financeiros a todas as empresas do grupo localizadas na Europa e América do Norte. Foi fundada em 2003 com os objectivos de harmonizar os processos contabilísticos do grupo, melhorar aqualidadeda informação financeira e tornar-se numa empresa de referência do grupo através da implementação de "Best Practices".

Descrição da Função:
Responsável pela comunicação com os clientes / partners da empresa, na Alemanha e Áustria.

Requisitos:
- Licenciadoem Contabilidade, Economia, Gestão, Linguas (Inglês / Alemão), Secretariado;
- Capacidade de trabalhar sob pressão e de gerir prioridades;
- Dinâmica e com facilidade em relacionar-se com outras pessoas;
- Atitude positiva, curiosidade e insistência;
- Gosto pela pesquisa e pelo estudo de novos processos de trabalho;
- Conhecimentos deMicrosoftExcel;
- Bons conhecimentos em Língua Inglesa;
- Muito bom conhecomento da lingua Alemã (Obrigatório).

Regalias:

- Empresa multinacional;
- Integração numa equipa jovem e dinâmica;
- Formaçãocontinua;
-EstágioRemunerado.

Localização:

- Tecmaia, Moreira da Maia

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Miguel Carrapatoso
Infineon Technologies Shared Service Center, Unipessoal, Lda.

sábado, 29 de maio de 2010

Quentes e boas... chinesas!

Duas notícias da China, um apanhado rápido:

1. A China não apoiará nenhuma das Coreias em caso de conflito entre elas. Um dado fundamental para o desenvolvimento de qualquer animosidade mais bélica entre ambas no seguimento da tensão diplomática causada pelo afundamento de navios. A China a dar um bom exemplo e a mostrar que está aí para dar cartas e que tem que ser ouvida. Sensata.

2. A China apresentou um plano de intervenção para a região de Xinjang. Medidas de natureza económica e de integração daquela região são um sinal da intenção do país em assegurar a sua integridade territorial e acalmar os ânimos.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Mais uma, Berlusconi!


“O projecto de lei que a oposição italiana considera servir para calar os media e deixar muitos criminosos impunes será debatido no Senado já na próxima segunda-feira, anunciou ontem o grupo parlamentar do Partido da Liberdade, no poder.

Num apelo publicado nos principais jornais, incluindo alguns considerados próximos do Governo, a imprensa uniu-se para “denunciar o perigo” que a lei representa “para uma informação completa e livre”.

Em Itália chamam “lei da mordaça” ao projecto que o Governo apresenta como essencial para limitar o recurso às escutas telefónicas nas investigações e à sua publicação na imprensa – Silvio Berlusconi argumenta que isso tem sido usado para desacreditar pessoas que lhe são próximas.

Para a oposição, esta é mais uma lei feita à medida, visando salvar colaboradores próximos de Berlusconi envolvidos em processos de corrupção: as notícias sobre estes casos já obrigaram à demissão do chefe da Protecção Civil, Guido Bertolaso, e do ministro do Desenvolvimento Económico, Claudio Scajola.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Evento


21 a 26 de Junho
Centro Cultural de Cascais

Coordenação Científica: Dr. Carlos Gaspar, IPRI-UNL

Organização: Instituto de Cultura e Estudos Sociais e Câmara Municipal de Cascais

PROGRAMA

Segunda-Feira, 21 de Junho

16h30
Sessão de Abertura
Presidente da Câmara Municipal de Cascais
Prof. Doutor José Manuel Tengarrinha
Carlos Gaspar, IPRI-UNL

17h00
A democracia brasileira e a política externa
Moderador: Carlos Gaspar, IPRI-UNL
André de Lacerda e Sousa, Instituto Teotônio Vilela, Brasil
Andrés Malamud, ICS-UL
Carmen Fonseca, IPRI-UNL

Terça-Feira, 22 de Junho
17h00
As novas políticas externas e de defesa do Brasil
Moderadora: Teresa Gouveia, Fundação Calouste Gulbenkian
Embaixador Gelson Fonseca
Amaury de Souza, IETS e CEBRI

Quarta-Feira, 23 de Junho
17h00
O Brasil, os Estados Unidos e a América do Sul
Moderadora: Alexandra Barahona de Brito, ISCTE
Clovis Brigagão, Universidade Cândido Mendes
Eusebio Mujal-Leon, Georgetown University

Quinta-Feira, 24 de Junho
17h00
O Brasil, Portugal e a União Europeia
Moderadora: Margarida Marques, Chefe da Representação em Portugal da Comissão Europeia
Alfredo Valladão, IEP de Paris
João Marques de Almeida, Comissão Europeia
Thiago Carvalho, IPRI-UNL

Sexta-Feira, 25 de Junho
17h00
A cultura brasileira e a língua portuguesa
Nélida Piñon
Leonor Xavier

Sábado
26 de Junho
17h00
Visões do futuro
Moderador: José Esteves Pereira, FCSH-UNL
Embaixador Rubens Ricúpero
Paulo Sotero, Brazil Institute, Woodrow Wilson Center, Washington
Teresa de Sousa, Público

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Bravo, Garzón

Ganhou o Prémio Liberdade e Democracia em França, foi convidado para ir para o Tribunal Penal Internacional em Haia e foi aprovada a sua ida, apesar de estar no meio de um processo judicial. O juiz espanhol está confiante e espero que tenhas motivos para estar. Ter coragem para pôr o dedo na ferida do franquismo é necessário. Avivar memórias, não esquecer o passado e não deixar impunes quem abusou da dignidade humana.

Bravo, Garzón!

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Zuma e a SIDA em África

A África do Sul, um dos países mais influentes da África austral começou uma forte campanha de combate à SIDA, apostando na circuncisão dos homens para diminuir a probabilidade de contrair a doença. O Presidente, Jakob Zuma, que mantém uma relação poligâmica com três mulheres e está noivo de outra, deu o exemplo e submeteu-se à intervenção. Pelo menos deu o exemplo e espera-se que milhões de sul-africanos o sigam para reduzir o número de infectados no país que ocupa o primeiro lugar em termos mundiais com quase 6 milhões de seropositivos.

Um problema grave num continente que tem que se preocupar com tanta coisa...

Porquê agora?

Então agora que tudo se recompunha, é que a China se convenceu?!


Major Powers Have Deal on Sanctions for Iran



EUA anunciam apoio da China e da Rússia a sanções contra o Irão


Tudo bem que não deixem passar impunes castigos previstos nos Tratados internacionais sobre o nuclear ou sobre qualquer outro assunto, porque é assim que as diferentes entidades que participam na cena internacional interiorizam as normas, mas porque é que só agora é que se conta com uma posição favorável da China? Agora que a Turquia e o Brasil tinham conseguido um acordo? A China teria agora a desculpa mais fácil para justificar a sua oposição às sanções no CS da ONU. O que andará por detrás disto?

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Mugabe e Kim Jong-Il II

Então não é que os animais para a Coreia do Norte já começaram a morrer com o stress e ainda nem sequer iniciaram a viagem?!

Alguém perito em climatologia/meteorologia que me explique se haverá alguma semelhança entre o clima no Zimbabué e na Coreia do Norte para que os animais do primeiro se dêem bem no segundo?

Nonsense..

Mugabe e Kim Jong-Il


O que terão em comum Kim Jong-Il e Mugabe?

Humm.. Além do que estão a pensar, têm uma arca. Uma arca de noé. 
Desculpem, mas esta notícia desmotiva qualquer comentário razoável sobre estes dois senhores.


Mugabe vai enviar uma "Arca de Noé" para Kim Jong-il

Evento

terça-feira, 18 de maio de 2010

Evento

Turquia, Brasil e Irão

Este eixo tem vindo a ficar cada vez mais conhecido pelo mundo. Ankara e Brasília uniram-se numa posição crítica face à quase totalidade da restante sociedade internacional e bateram o pé. Bateram o pé de tal maneira que trabalharam conjuntamente no sentido de mediar a crise que se tinha instalado entre Teerão e o bloco ocidental liderado pelos Estados Unidos que clamavam por mais sanções contra um Irão que violava constantemente as normas internacionais da não-proliferação.

Sinceramente, quando Lula da Silva e Erdogan começaram a consolidar esta oposição ao resto do mundo, duvidei que conseguissem mover Ahmadinejad. Naturalmente, não considerei o peso que as relações diplomáticas entre o Brasil e o Irão, e a Turquia e o Irão mantinham. Pelos vistos, a coisa funcionou. E funcionou de tal maneira que a mediação feita por aqueles dois países deu frutos. Acalmou os ânimos da discussão internacional (deixei de ver artigos a falar nas exaltações de ambos os lados por mais ou menos sanções) e agora veio para os jornais a aceitação de Ahmadinejad da proposta sobre o nuclear que os parceiros fizeram.

"Ao fim de 18 horas de negociações, o texto foi assinado pelos três ministros dos Negócios Estrangeiros na presença dos presidentes Mahmoud Ahmadinejad e Lula da Silva e do primeiro-ministro turco Recep Tayyip Erdogan, reunidos para uma cimeira em Teerão.


Esta proposta será agora comunicada à Agência Internacional de Energia Atómica, o órgão da ONU para as questões nucleares. Se as grandes potências que têm estado envolvidas na negociação deste dossier aceitaram este acordo, “o Irão enviará no prazo de um mês 1200 quilos do seu urânio fracamente enriquecido para a Turquia. Os Estados Unidos e vários países europeus têm tentado travar o programa nuclear iraniano, principalmente o enriquecimento de urânio realizado por Teerão. Apesar dos desmentidos iranianos, temem que o programa vise dotar o Irão de uma bomba atómica e não produzir energia.

Estados Unidos, Rússia e França já tinham oferecido a Teerão um acordo deste tipo, que permitisse às autoridades iranianas receber o combustível de que necessita. Nesse caso, o urânio fracamente enriquecido seria enviado pelo Irão para a Rússia, onde seria enriquecido a 20 por cento e de onde seguiria para França para ser transformado em combustível. Teerão recusou, evocando um problema de confiança."


O Irão mostrou alguma cooperação. Esperemos agora que o Ocidente também o faça e aceite um acordo que pode comprovar (talvez) as intenções pacíficas do programa nuclear iraniano e as suas boas intenções.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Dia Internacional da Homofobia

Não podia calhar em melhor data.
Espero que o Sr. Presidente da República leia isto antes de decidir assinar ou não o documento que tem em mãos...






Islão

Chamo a atenção para o artigo de Bruno Oliveira Martins no seu blogue sobre o Islão e um protesto que extremistas desta religião estão a programar.

Enfim, como em tudo, qualquer extremismo é deplorável e triste. Este é mais um caso. E um triste caso que cria na opinião pública uma imagem distorcida daquela religião.

O artigo pode ser encontrado aqui.

domingo, 16 de maio de 2010

Os Trabalhistas

Derrotados quase duas décadas depois da sua entrada em Downing Street pelo carismático Tony Blair, os Trabalhistas enfrentam agora uma crise, relativa e passageira, eu diria.

Com umas saídas pouco brilhantes nos últimos dias, típicas de quem dá o tudo por tudo para se manter no poder, perderam alguma da dignidade com que poderiam deixar o governo.

No entanto, outras questões se levantam. A primeira prende-se com o facto de agora fazerem parte da oposição. Significa que vão assistir, de bancada, à aplicação das medidas de austeridade para a recuperação económica do país, o que lhes poderá granjear muitos votos nas próximas eleições, caso os resultados não sejam os desejados e a população fique descontente, o que é muito frequente nestas alturas.

Por outro lado, há agora a corrida à liderança do partido. Brown está de fora e disse já não apoiar nenhum candidato. Os dois favoritos parecem ser David Miliband, o ex-MNE, e Ed Balls, ex-Ministro da Educação. No entanto, uma terceira figura começa a ganhar eco pelos corredores: Ed Miliband, irmão de David. A competição pode ser feroz, mais do que amistosa. Mas só lá para Setembro se saberá definitivamente quem vai liderar a oposição britânica, numa postura a que os Labour já não estão assim tão habituados. Vamos acompanhar como corre.

sábado, 15 de maio de 2010

Ministro dos Negócios Estrangeiros

William Hague é o novo Ministro dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido, aquele que ocupará o Foreign and Commonwealht Office.

Com 49 anos, Hague teve a sua formação em Oxford e chegou pela primeira vez ao exercício da política em 1989 numa “by-election” que o colocou na Câmara dos Comuns. Um conservador que ocupa esta pasta fundamental da política britânica e que, pessoalmente, não me inspira muita confiança.

Mais uma vez aproveito a Wikipédia para citar algumas informações que me parecem relevantes para este Ministro:

“After a controversial party conference speech in March 2001, Hague was accused of xenophobia and racism by sections of the media[citation needed]. In the speech, Hague said:

We have a Government that has contempt for the views of the people it govern.
There is nothing that the British people can talk about, that this Labour Government doesn't deride.
Talk about Europe and they call you extreme. Talk about tax and they call you greedy. Talk about crime and they call you reactionary. Talk about asylum and they call you racist; talk about your nation and they call you Little Englanders ... This government thinks Britain would be alright if we had a different people. I think Britain would be alright, if only we had a different Government.
A Conservative Government that speaks with the voice of the British people.
A Conservative Government never embarrassed or ashamed of the British people.
A Conservative Government that trusts the people [...] This country must always offer sanctuary to those fleeing from injustice. Conservative Governments always have, and always will. But it's precisely those genuine refugees who are finding themselves elbowed aside.[10]

The speech was criticised in even traditionally Conservative newspapers such as The Sun and The Times[citation needed]. Former Conservative Deputy Prime Minister Michael Heseltine, a prominent One Nation Conservative, was particularly critical of Hague's allegation that Britain was becoming a "foreign land", and confessed in newspaper interviews that he was uncertain as to whether he could support a Hague-led Conservative Party.[11] With hindsight, the speech served to cement the portrayal of the Conservatives' as "the nasty party" in the run-up to the general election.”

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Não me vão ouvir

Provavelmente, o próximo país a aderir ao Euro será a longínqua Estónia. Não sei se será uma boa decisão que o adopte desde o próximo dia 1 de Janeiro, uma vez que sempre teve graves problemas de inflação e estabilidade de preços, mas a Comissão quer… E se nem o BCE a convenceu, também não me parece que eu vá ser ouvido por Barroso…

Novidades de Londres

Uma novidade que nos chega de terras de Sua Majestade e a primeira medida tomada em conjunto pelos dois partidos da coligação é a tentativa de promulgar uma lei que determine um maior mandato para o Parlamento. Assim, este, em vez de ser eleito por um período de quatro anos, passará a sê-lo por cinco.
Outra novidade anunciada a 13 de Maio foi a redução de salários dos novos ministros, resultado da primeira reunião do governo de coligação.

Alguns membros do novo Cabinet:

- Primeiro-Ministro: David Cameron;
- Vice-Primeiro-Ministro: Nick Clegg;
- Ministro dos Negócios Estrangeiros: William Hague;
- Ministro das Finanças: George Osborne;
- Ministro da Economia: Vicent Cable;
- Ministro da Educação: Michael Gove.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Já sei!

Li agora a posição de Clegg no governo. Para os Ingleses, ser o número dois do governo é ser "Deputy Prime Minister", que será um equivalente a um Vice-Primeiro-Ministro, que existe em vários países. Deixo aqui a explicação sobre o cargo que retirei da página da Wikipédia e que pode ser mais esclarecedora - pelo menos para mim foi, porque desconhecia o cargo...

"The Deputy Prime Minister of the United Kingdom is a senior member of the British Cabinet. The office of the Deputy Prime Minister is not a permanent position. It exists only at the discretion of the Prime Minister. The office is normally considered as an honorific title.

Unlike analogous offices in some other nations, including the United States Vice Presidency, a British Deputy Prime Minister possesses no special powers above those of his or her ministry. He or she does not assume the duties and powers of the Prime Minister in the latter's absence or illness, such as the powers to seek a dissolution of parliament, appoint peers or brief the sovereign. He does not automatically succeed the Prime Minister, should the latter be incapacitated or resign from the leadership of his or her political party. In practice, however, the designation of someone to the role of Deputy Prime Minister may provide additional practical status within cabinet, enabling the exercise of de facto, if not de jure, power.[clarification needed] When Gordon Brown became Prime Minister, he did not appoint a Deputy Prime Minister. However, in his third cabinet reshuffle in June 2009, Lord Mandelson was appointed as First Secretary of State effectively becoming the Deputy Prime Minister in all but name."

Um balanço para Londres

Os últimos dias têm sido marcados por diversos acontecimentos e anúncios importantes para o Reino Unido em termos de governação e eu não tenho tido possibilidade de os comentar aqui. Por isso mesmo, hoje faço um balanço desses dias.

A 10 de Maio, Gordon Brown, demitiu-se da liderança do Partido Trabalhista. Para sair com alguma dignidade e na desesperada tentativa de garantir aos Labour o governo de Londres, promoveu, simultaneamente, conversações com os Lib-Dem na esperança que a sua ligação com os conservadores fosse inviável. A grande cisão entre os dois partidos que tentavam a coligação era precisamente na área da política eleitoral e o então P-M aproveitou-se dessa fragilidade das conversações para se propor como alternativa. Miliband seria o mais provável sucessor de Brown, quer na liderança do partido, quer como Primeiro-Ministro da Rainha. Não podemos esquecer que a saída de Gordon Brown era uma das condições dos liberais para as negociações com os trabalhistas, com os quais sempre preferiram negociar. O então Primier foi acusado de ser oportunista e irresponsável pela imprensa tradicionalmente conservadora.

No dia seguinte, a 11 de Maio, Cameron aborrece-se com as pressões de que os Lib-Dem estão a ser alvo e acaba por exigir uma decisão do partido do centro: ou os conservadores ou os tories – a decisão tinha que ser tomada. Mas entretanto, já Clegg afirmava que as negociações estavam a chegar a uma conclusão e que brevemente se anunciaria o plano dos dois partidos. Ainda assim, aguardava-se com expectativa. Nada garantia a coligações dos partidos, uma vez que poderia surgir cisões inconciliáveis no final das negociações, em aspectos fundamentais para a formação de um governo com ambos os partidos. Alguma tensão podia sentir-se entre os três partidos, especialmente os Labour, que torciam para o não funcionamento daquela junção.

Ontem, quarta-feira, 12 de Maio, David Cameron entrava no número 10 de Downing Street como Primeiro-Ministro do Reino Unido. Era já noite e um preenchido dia tinha passado. Treze anos depois do último conservador e pela primeira vez coligado desde a II Guerra Mundial, Cameron entrava, triunfante, como o mais novo Primeiro-Ministro da história daquele país.

A coligação: a coligação para o governo será uma coligação formal e completa, nas palavras do conservador, considerada a melhor forma de garantir a necessária estabilidade política para o país. Aos Liberais democratas, foram oferecidos vários ministérios e a promessa de um referendo sobre o sistema eleitoral. Depois de cinco dias de negociações, Clegg será o “número dois do governo”. Para mim, isso significa pouco e espero para ter a certeza de qual ministério ocupará. Os restantes ministérios devem ser anunciados entre hoje e amanhã.

Nos próximos dias, continuarei a comentar os últimos acontecimentos saídos destes interessantes dias das eleições inglesas.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Mas o que é isto?

Agora foi a resignação de Gordon Brown como líder dos Trabalhistas e a promessa de que o seu (ex-)partido negociará com os liberais democratas. Eu bem disse que Clegg tinha os dois partidos na mão, mas nunca pensei que fosse assim tão literal. As negociações com os conservadores não estão a correr como quer o partido de Clegg e, de facto, ele tem a faca e o queijo na mão, podendo rapidamente virar-se à esquerda.

O cómico da situação é que o Reino Unido pode vir a ser governado por um líder que não escolheu. David Miliband pode vir a substituir Brown até o partido lhe ter escolhido o sucessor... Miliband entra na corrida e Brown sai.

Que mais surpresas tirarão os ingleses da cartola?!

Política Externa Inglesa II

Meti-me num sarilho quando prometi fazer um breve comentário sobre a nova eventual política externa inglesa. Previsões são sempre perigosas, por isso prefiro falar de uma análise superficial a algumas ideias que apresentei no post anterior, excluindo desde já os trabalhistas para não tornar tudo ainda mais difuso e complexo. Para além daquilo que o Lourenço comentou ao meu post de ontem: muitas vezes diferentes nas perspectivas quanto a esta política, acabam todos por pôr em prática o mesmo. Questões como a ligação aos EUA não são, de todos, evitáveis.

Como é sabido, espera-se haver entre os dois partidos a formação de uma coligação. Essa coligação implicará cedências de ambas as partes e inflexões naquilo que defenderam durante a campanha e que é o programa dos respectivos partidos. Economia, Educação, Saúde, Obras Públicas e Política Externa são alguns dos temas que Clegg e Cameron (a dupla C&C) vão certamente falar nas próximas reuniões.

Quanto àquilo que me interessa particularmente, os tópicos são bastantes sensíveis. Repare-se que normalmente o presidente do partido que ficou em segundo lugar, em caso de coligação, é o que  se torna responsável pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros, como acontece actualmente com a Alemanha. Ora, a funcionar dessa forma, o Foreign Office passará a ser ocupado por Nick Clegg.

Como conciliar as políticas externas de ambos os partidos? Apesar de achar as ideias dessa política dos Lib-Dem mais próximas de Brown do que de Cameron, há alguns pontos que ligam os dois partidos que se coligarão; mas há também pontos de divergência que terão que ser tratados com a devida diplomacia, atendendo à sua natureza.

1. A promessa de um envolvimento cada vez mais profundo com a UE dos liberais democratas (LD) opõe-se nitidamente às intenções conservadoras (C), que passam por: 
       a) oposição ao Tratado de Lisboa (apesar de não o revogarem)
      b) promulgação de uma lei que defina que sempre que haja mudanças que façam desaparecer o direito de veto do Reino Unido, essas têm que passar pela aprovação do Parlamento (estamos a falar, muito objectivamente, de um entrave sério ao aprofundamento da supranacionalidade da União e de uma nítida valorização da intergovernamentalidade) 
       c) submissão a referendo de qualquer novo Tratado da União, etc.

2. Certamente que os conservadores até se arrepiam só de ouvir um ponto que os LD defendem: "Encourage greater European security and defence co-operation". Vai ser um verdadeiro trinta e um para resolver...

2. LD a favor da adesão ao Euro, sem data marcada; C - Euro completamente fora de questão.

3. Ambos apoiam a entrada da Turquia para a União. Os LD apoiam ainda a Croácia e os restantes Estados balcânicos. Sem qualquer ilusão, a questão turca não passa mais do que o reflexo da política externa americana que tanto pressiona a União no sentido de acolher no seu clube aquele país euro-asiático. 

4. Ambos a favor da solução do problema israelo-palestiniano com a formação de dois Estados (gostava só de saber com que fronteiras...)

5. Quanto à questão iraniana, os liberais democratas falam em esforços diplomáticos mas recusam a utilização da força, enquanto esse aspecto militar não é posto de lado pelos conservadores (nem podem, porque caso os americanos assim o decidam, apesar de altamente improvável, os ingleses iriam logo atrás; foram-no com Blair, quanto mais com Cameron.)

6. Aumentar a ajuda estrangeira até 0,7% do PIB inglês até 2013 - esta é a medida sobre a qual nem vão falar porque é exactamente a mesma nos dois partidos (aliás, nos três, porque o valor era o mesmo nos Trabalhistas)

Como vimos, várias são as questões que ambos terão que debater. Não me parece que a solução seja fácil, especialmente em relação à Europa, com Clegg muito mais europeísta que o seu parceiro Cameron. No entanto, não podemos esquecer as grandes diferenças em termos de visões de política externa entre Hillary Clinton e Barack Obama e não deixam ambos de funcionar como uma equipa. O ponto nevrálgico está é noutro aspecto: é que Obama define a política externa quase unilateralmente e Clinton é sua funcionária. Agora Clegg pode (e vai) fazer exigências... Mas é de diplomacia e negociação que vive este mundo...

E tal como disse no comentário ao post de ontem, o que passarei a fazer será uma comparação das políticas inglesas neste domínio de facto com aqueles traços apresentados por ambos os partidos, tentando perceber em que momentos venceu a visão conservadora e em que outros momentos venceu a perspectiva liberal democrata. Auguram-se algumas confusões em Londres...

domingo, 9 de maio de 2010

Política Externa Inglesa I

Encontrei no site da BBC uma deliciosa comparação entre as políticas externas de cada um dos três maiores partidos candidatos e que não posso deixar de reproduzir. Esta mudança de partido no governo inglês trará certamente bastantes alterações em relação à posição do Reino Unido face aos EUA e face à Europa. Comecemos pelos perdedores trabalhistas.

Estes advogam, segundo aquele site: (a negrito alguns aspectos que quero salientar)

  • Support euro in principle, but only if approved in a referendum, and no current plans to enter
  • Support Turkey and Croatia for EU membership, and believe negotiations for accession of all Western Balkan countries should begin by 2014
  • Maintain social and employment rules like the Working Time Directive
  • Deepen Britain's relationship with emerging powers like India, China and Brazil
  • Support German, Japanese, Indian and Brazilian membership of the UN Security Council and permanent representation from Africa
  • Support a two state solution for Israel and Palestine
  • Seek diplomatic resolution of Iran's nuclear ambitions
  • Increase foreign aid to 0.7% of Gross National Income by 2013
  • Support campaign for a legally binding global arms trade treaty in 2012.
Os conservadores:


  • Opposed Lisbon Treaty, but will not reverse it
  • Pass a law to require a referendum on any future treaty that transfers power from Britain to the EU
  • UK Sovereignty Bill, to ensure ultimate authority stays in Parliament
  • Law to ensure any abolition of national veto would require MPs' approval
  • Rule out Euro entry
  • Support Turkish membership of EU
  • Would negotiate a full opt-out from the Charter of Fundamental Rights and the Working Time Directive
  • Expand UN Security Council to include Germany, Japan, Brazil, India and African representation
  • Support a two state solution for Israel and Palestine
  • Back concerted international efforts to prevent Iran from obtaining a nuclear weapon
  • Increase foreign aid to 0.7% of Gross National Income by 2013
  • Give British people a direct say on part of aid spending
  • Support humanitarian military intervention when it is practical and necessary.
Partido liberal democrata:
  • Strongly support continued EU membership
  • Would opt in to pan-European justice policies
  • Encourage greater European security and defence co-operation
  • Support Euro membership in principle, but no plans for early entry
  • Support the right of nations to intervene if foreign governments engage in large-scale violations of human rights, but force should only be used as a last resort and be authorised by the UN Security Council, in all but exceptional circumstances
  • Support a two state solution for Israel and Palestine and believe Britain and the EU must put pressure on Israel and Egypt to end the blockade of Gaza
  • Support diplomatic efforts to ensure Iran does not obtain nuclear weapons, but oppose military action
  • Committed to increasing foreign aid to 0.7% of Gross National Income by 2013.
(para o próximo dia, um breve comentário...)