quinta-feira, 31 de março de 2011

A demissão

A autora deste blogue falava deste assunto da demissão do Ministro da Defesa alemão como a “Queda de um anjo”. E é de facto disso que se trata: da queda de um dos mais populares ministros alemães.

O Ministro, apesar de não ter sido nomeado pelo seu grau académico, acabou por demitir-se no seguimento da acusação de plágio de parte da sua tese de doutoramento. Bem, na realidade, e segundo um relatório construído por inúmeros voluntários que percorreram a pente fino todo o documento que pode encontrar-se aqui, não foi uma partezinha da tese, mas uma coisa considerável.

Ninguém é imaculado e deslizes quem os não cometeu? Mas as várias desculpas dadas pelo ex-Ministro e toda a situação de precedente que se geraria em volta da sua manutenção do cargo são suficientes para eu apoiar, por mais brilhante que tenha sido Guttenberg, a demissão.

Estou, como sabem, a fazer o doutoramento; a redigir a minha tese. E é claro que tento, ao máximo, aplicar na prática a humildade académica e intelectual que tanto advogo. Espero que, mesmo depois de alguém se lembrar de me fazer tal revisão, não tenham que dizer e que eu respeite sempre as ideias que não forem minhas como tal. Mas, onde poderemos nós parar com tanta transparência que o mundo da Internet nos fornece? Não ficaremos, com essa mesma transparência, mais vulneráveis a certos perigos?

Guttenberg não foi o único visado: a campanha abrange mais gente.

(O filho de Khadafi anda na mira. Também, com um pai como o dele e um título de tese como aquele só dava para levantar suspeitas…)

quarta-feira, 30 de março de 2011

Evento: A União Europeia e a Turquia

Aproveito o meu blogue para divulgar a conferência que vai decorrer na próxima sexta-feira, na Universidade da Beira Interior, subordinada ao tema da União Europeia e da Turquia. Quem quiser assistir, reproduzo a notícia do site da Universidade que pode ser encontrada aqui, assim como o respectivo cartaz.


A ter lugar no dia 1 de Abril pelas 14 horas, no anfiteatro 7.22. da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas.
Analisar a relação União Europeia – Turquia, enunciar as consequências positivas e negativas da futura adesão da Turquia à União Europeia e debater alguns dos entraves a essa adesão são os principais temas que André Pereira Matos, doutorando em Relações Internacionais da Universidade Nova de Lisboa, debaterá na conferência “A União Europeia e a Turquia”, a realizar no dia 1 de Abril, pelas 14H, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da UBI, no anfiteatro 7.22.
Organizada no âmbito do 2º Ciclo em Relações Internacionais, a conferência é de entrada livre.  

Evento: La Union Europea en un mundo global

Conferência
La Union Europea en un mundo global:Fortalezas y Debilidades
6 de Abril de 2011, 18h30, Picoas Plaza, R. Tomás Ribeiro, 65, CES-Lisboa
Conferencista
Rafael Calduch Cervera

Nota biográfica
Rafael Calduch Cervera: Licenciado em Ciências Políticas e Sociologia, na especialidade de Estudos Internacionais (1974). Doutor em Ciências Políticas e Económicas, na especialidade de Política, pela Universidade Complutense de Madrid (1979). Diplomado em Altos Estudos Militares pelo Centro Superior de Estudos da Defensa Nacional (CESEDEN) em 1996. Foi Director do Instituto Complutense de Estudios Internacionales (ICEI) da Universidade Complutense de Madrid entre 2001 e 2003. Desde Maio de 2008 é o Director do Departamento de Direito Internacional Público e Relações Internacionais da Universidade Complutense de Madrid. 

terça-feira, 29 de março de 2011

Evento: Lançamento de livro

Sentindo-se ostracizados

Os dinamarqueses (ou pelo menos as elites políticas dinamarquesas) parecem estar a sentir-se ostracizados na União Europeia por não poderem ter voto na matéria monetária e na definição de algumas políticas e decisões com ela relacionadas, uma vez que não se encontram na zona euro. Por este motivo, ainda antes do Verão, será realizado um referendo sobre a adopção do euro naquele país. Relembre-se que em 2000 já um tinha resultado num não popular a esta moeda. Sinceramente, desconheço o estado das contas dinamarquesas, mas, a concretizar-se esta entrada, penso que poderia ser positivo para a zona euro, relançando uma maior confiança na moeda.

segunda-feira, 28 de março de 2011

O poder do discurso

Tenho-me interessado nos últimos tempos por um campo da linguística que se chama “Análise do discurso” e que certamente utilizarei na minha tese como metodologia. A ideia, muito associada ao Construtivismo de que sou defensor, é que o discurso tem, em si só, bastante poder. Um acto linguístico muitas vezes usado para explicar esta teoria é o do casamento: quando alguém diz “sim” perante o padre, o cartório ou outra entidade com a mesma valência não está apenas a reflectir aquilo que pensa ou sente, não está meramente a falar; está, também, a produzir um efeito prático na vida – neste caso, a ligação matrimonial, com todas as implicações que daí advêm e que estão previstas na lei e nos hábitos das sociedades.

Lembrei-me hoje de escrever isto ao ver o título de três notícias do Público (esta, esta e esta)que podem ser compreendidas também neste âmbito que referi: Khadafi faz uso da palavra, do discurso, para dissuadir o outro; a sua produção discursiva não é apenas um reflexo dos seus pensamentos ou da sua posição política, mas também uma forma de persuasão e de modificação do comportamento do outro.

Por vezes, mais do que as próprias acções, o discurso é revelador e fundamental para a compreensão dos fenómenos. Há claramente um tom ameaçador nesta mensagem e a revelação das ligações daquele país com a Europa, para além de várias outras coisas que dela podemos inferir – como o carácter despótico e hipócrita de Khadafi.

domingo, 27 de março de 2011

Evento: UPMUN 2011

Vai realizar-se no próximo mês de Abril o UPMUN 2011 na Faculdade de Letras da Universidade do Porto. O evento vai já no seu terceiro ano e trata-se de uma oportunidade para pôr em prática conhecimentos das Relações Internacionais e de tornar mais real a teoria que se estuda. Deixo aqui o texto de apresentação desta simulação e o link onde podem proceder à inscrição ou à consulta de mais informações.

https://sites.google.com/site/upmun2011/


"O conceito Model United Nations (MUN) é reconhecido em todo o mundo como um evento académico que promove uma simulação da actividade da Organização das Nações Unidas (ONU) na qual os estudantes assumem o papel de verdadeiros diplomatas: representam um país, pesquisam sobre tópicos de interesse para as relações internacionais, debatem, deliberam e procuram soluções de facto para alguns dos problemas que perturbam a estabilidade mundial nos dias de hoje. A segunda edição do UPMUN surge de uma iniciativa da Associação de Estudantes da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (AEFLUP), em conjunto com alunos da Licenciatura em Línguas e Relações Internacionais (LLRI) desta mesma faculdade.
    Acima de tudo, este evento visa oferecer um espaço para que os participantes articulem as suas opiniões sobre questões da actualidade internacional, promovendo assim o espírito crítico, o sentido do universalismo e do humanismo. Estes são absolutamente fulcrais não só para os formandos em Relações Internacionais mas para qualquer jovem cidadão que tenha, ou pretenda ter, um entendimento mais profundo do multiculturalismo, em espírito de tolerância, cooperação e amizade."

sábado, 26 de março de 2011

Entrevista a Kenneth Waltz

Está disponível na sua versão integral aqui a entrevista que Bruno Cardoso Reis fez a Kenneth Waltz, conhecido teórico das Relações Internacionais. Aconselho a sua leitura (ainda que nem sempre concorde com os intervenientes...).

sexta-feira, 25 de março de 2011

Evento: Curso Livre em Estudos Islâmicos

Evento: A gestão de crises: o caso dos Balcãs

Curso livre


A POLÍTICA INTERNACIONAL E O MÉDIO ORIENTE
Curso Livre
Ministrado por Manuela Franco
Datas: 2- 9 -16 -30 ABRIl, e 7- 14 Maio
Horário: 10.30-13.00, com intervalo de 20 minutos

O curso Política Internacional e o Médio oriente propõe uma incursão ao Médio Oriente moderno, que resulta da derrota e dissolução do Império Otomano na I Guerra Mundial e do subsequente aparecimento dos estados sucessores, dos Balcãs à Arábia Saudita, Egipto, Iraque, Israel, Jordânia, Líbano, Síria e Turquia.
Entre 1919 - quando Sua Majestade Britânica, “o maior poder maometano do mundo”, reinava sobre 87 milhões de muçulmanos - e o regresso do Reino Unido a Bassorá em 2003, serão também abordados o recuo das potências europeias, a influência crescente dos EUA, as tensões da Guerra Fria, e a riqueza petrolífera que no século XX trouxe nova importância económica e estratégica ao Médio Oriente. 
Serão observados os aspectos históricos e políticos característicos desta zona onde uma alta sensibilidade geoestratégica e a profusão civilizacional suscitam emoções poderosas, que produzem uma instabilidade crónica e hoje se traduzem em movimentos políticos e de massas com resultados de impacto directo no plano internacional.

As seis sessões serão estruturadas de forma cronológica, em torno dos seguintes temas principais:
I - As Guerras Balcânicas e o Fim da Turquia-na-Europa
O Crescente Fértil, o Levante, o Próximo Oriente - A formação do 
moderno “Médio Oriente“ - Breve história dos antecedentes, entre as campanhas napoleónicas e a I Guerra Mundial [WINDOWS-1252?]– Politica, Economia e 
Cultura – Decadência e queda do Império Otomano
II - A República Turca
As novas fronteiras da Europa e do Levante - A SDN - primeira vaga da autodeterminação dos povos - Os mandatos, as autonomias e independências do Egipto e do Iraque – Líbano, Síria, Transjordânia - Hashemitas, Sauditas e Sionistas.
III - A Partição da Palestina
A II Guerra Mundial – ONU, resoluções 181 (AG) e 194(CS)–Segunda vaga do direito à autodeterminação – Partições da Índia e da Palestina - A guerra da independência de Israel e os armistícios.
IV - Da Crise do Suez à Guerra dos Seis Dias
Descolonização - Pan Arabismo - Nacionalismo Árabe – Nasser – Nehru e 
Bandung- Golpe em Teerão - A guerra de 1956 – Recuo europeu e emergência dos EUA no Médio Oriente - Guerra Fria e rivalidades estratégicas - Golpe de estado no Iraque – Crises no Líbano e na Jordânia – A Guerra dos Seis Dias, a resolução 242 (1967)CSNU
V - Da Guerra do Yom Kippur à Revolução Iraniana
A OLP - Atentados de Munique - Guerra de 1973 – A arma do Petróleo - Visita de Sadate a Jerusalém – Acordos de Camp David – Khomeini em Teerão- Moscovo no Afeganistão
VI Depois do 11 de Setembro
Dissolução da URSS e do sistema Bipolar – I Guerra do Golfo - Terrorismo e fundamentalismo islâmico –O estado do mundo árabe - Competição estratégica – Guerras do Afeganistão e do Iraque - Emergência do Irão - Neo otomanismo e reconfiguração geopolítica no Levante.

Inscrições em
http://www.museudooriente.pt/1193/a-politica-internacional-e-o-medio-oriente.htm

quinta-feira, 24 de março de 2011

Evento: "Política de Defesa da Turquia"

Vários Eventos e Call for Papers (Universidade Nova de Lisboa)


CONFERÊNCIAS
Relações Luso-Italianas nos séculos XV-XVIII
22 Março  | 17h30 | FCSH - Edifício ID - Sala Multiusos 2


Arg Lab
22 Março | 23 Março | 28 Março – FCSH – Edifício ID

The Bible in the Andes
23 Março | 18h00 | FCSH – Edifício ID – Sala Multiusos 2

Globalização: Segurança e Defesa no século XXI
24 Março | 18h00 | FCSH – Torre B - Auditório 1


A Dança e a Música nas Artes Plásticas do século XX
1 Abril | 09h00 – 19h00 | FCSH - Torre B - Auditório 1 - Piso 1
Inscrições abertas


Ciclo de Conferências Internacionais «Tratados de Arte em Portugal»
6 Maio | 9  Setembro | 16 Dezembro
Inscrições a partir de 1 de Março


CONGRESSOS E COLÓQUIOS
Velhos e Novos Mundos. Congresso Internacional de Arqueologia Moderna
6 a 9 Abril | FCSH – Auditório 1 – Sala Multiusos 2 – Sala Multiusos 3
Inscrições até 1 de Abril

II Congresso Internacional de Estudos Anglo-Portugueses
18, 19 e 20 Abril | Fundação Calouste Gulbenkian

SEMINÁRIOS
Tribo e outros "demónios”, a prevalência conceptual de alguns objectos antropológicos
21 Março | 18h00 | FCSH – Edifício ID – Sala Multiusos 2


Questões de Estética - Sessão 5: Anjos em Lugares Escuros: Heidegger, Rilke e o Tempo da Noite do Mundo
23 Março | Quarta-feira | 15h00 – 18h00 | FCSH – Edifício ID – Sala 07


Território e Desenvolvimento
25 Março | 1 Abril | 8 Abril | 15 Abril | 29 Abril | 6 Maio | FCSH –  Bloco 1 – Sala 28


Arthur C. Danto
Março a Junho | Quartas-feiras | 17h00 | FCSH - Edifício ID


CALL FOR PAPERS
Congresso Internacional de História dos Media e do Jornalismo
Submissão de propostas até 31 de Maio


CURSOS LIVRES
Filosofia do Corpo
25 Março a 4 de Junho | 18h00 – 20h00 |FCSH

BOLSAS
Bolsa no âmbito do Projecto Inclusão e Participação Digital: Comparação de trajectórias de uso de meios digitais por diferentes grupos sociais em Portugal e nos Estados Unidos.
Programa UT Austin-Portugal com apoio financeiro da FCT/MCTES (PIDDAC)
Candidaturas: 18 Março a 1 de Abril

Bolsa de Investigação (BI) no âmbito do projecto, Estuários e Deltas Urbanizados: Contributos para um Planeamento e Gestão Integrados. O caso de Lisboa, PTDC/AUR-URB/100309/2008, financiado por fundos nacionais através da FCT/MCTES (PIDDAC)

quarta-feira, 23 de março de 2011

Evento: Conferências do Estoril


«Com o objectivo de promover a reflexão e a participação académica nas Conferências do Estoril, a Organização tem o prazer de convidar os alunos (Licenciatura, Mestrado, Doutoramento) das principais Universidades portuguesas para participarem nesta segunda edição que terá lugar entre os dias 4 e 6 de Maio de 2011, no Centro de Congressos do Estoril.
Os estudantes podem assistir às Conferências por transmissão directa, num auditório contíguo ao auditório principal do Centro de Congressos do Estoril, e onde decorrerá presencialmente a sessão «Academia». Os interessados devem preencher a ficha de inscrição em anexo e enviá-la para universitarios@conferenciasdoestoril.org. As vagas estão limitadas ao número de 200 inscritos por sessão.
Para qualquer questão adicional, contacte-nos em www.conferenciasdoestoril.org

Evento: "Afeganistão e Paquistão - a fronteira do Ocidente"


O Instituto Diplomático, em colaboração com a Associação dos Amigos do Arquivo Histórico-Diplomático
 convidam para a  conferência
 AFEGANISTÃO E PAQUISTÃO – A FRONTEIRA DO OCIDENTE
   Prof. Dr.  Bruno Cardoso Reis
 28 de Março de 2011, às 14h30,
 MNE, Sala das Conferências de Imprensa
 Tema
AFEGANISTÃO E PAQUISTÃO – A FRONTEIRA DO OCIDENTE
Esta palestra visa perceber primeiramente qual a importância estratégica desta região de fronteira (em vários sentidos) para a segurança do Ocidente. Para isso  procurará responder a algumas questões fundamentais, como sejam: O Afeganistão e o Paquistão são estados e se sim de que tipo? Qual é a estratégia dos grupos dominantes num caso e no outro, e é possível encontrar aliados do Ocidente entre eles? Qual é a importância da al-Qaida e quais os seus aliados nesta região? Em função das respostas iremos procura-se perceber quais podem ser os objectivos realistas do Ocidente nesta região e como os alcançar. Isso implica responder também à questão de saber se uma estratégia de abrangente de contra-insurreição, ou uma estratégia mais limitada de contra-terrorismo serão a melhor forma de lidar com os problemas que esta região coloca ao Ocidente.
*****
Informação 
“Dez Questões para o Conselho de Segurança”
O Instituto Diplomático, em colaboração com a Associação dos Amigos do Arquivo Histórico-Diplomático tem o prazer de anunciar que esta conferência sobre a "Afeganistão e Paquistão” é a segunda  de uma série de palestras sobre questões políticas de actualidade e relevância para o acompanhamento do desempenho do presente mandato de Portugal no Conselho de Segurança.
Visando  em primeiro lugar a integrar o programa de formação dos Adidos de Embaixada, as conferências serão também abertas aos demais funcionários e ao publico em geral.
Terão a duração de uma hora, aproximadamente; a periodicidade será mensal, com início em Fevereiro e termo em Dezembro de 2011
A Questão dos Novos Protectorados – Prof Dr. Ricardo S.de Oliveira
A Questão da Reforma do CSNU – Prof. Dr. João Marques de Almeida
A Questão da Coreia – Prof. Dr Nuno Santiago Magalhães
A Questão da Índia – Dr. Constantino Xavier
A Questão  das Missões de Paz em África – Dr . Victor Ângelo
A Questão da Rússia – Prof. Dra Raquel Freire
A Questão da  Alemanha – Prof. Dra Patrícia Daenhardt
A Questão de Chipre – Prof. Dr José Pedro Teixeira Fernandes
A Questão do Sudão - Prof. Dra Alexandra Magnólia Dias (Fevereiro 2011)

Evento

Back!

De regresso do Canadá, peço desculpa pela ausência! Participei na muito interessante International Studies Association Annual Convention e venho de lá com ideias renovadas para a minha tese!

Talvez comente nos próximos dias algumas coisas que ouvi por lá. Por agora, deixo-vos com eventos que podem interessar-vos.

terça-feira, 15 de março de 2011

Era o que eu dizia…

Ora aqui está o que eu dizia! Os políticos europeus, os decisores, a população, enfim, deveriam ter mais atenção a quem decidem apoiar. Fuele fez mea culpa, o que já é importante, mas seria igualmente desejável que tal não se repetisse com tanto descaramento.

A União Europeia tem finalidades nobres – isso, para mim, é um facto. Promove a democracia, os direitos humanos, a igualdade e todo um conjunto de outros valores e princípios. Usa imensos mecanismos e diferentes políticas, quer seja com os seus vizinhos, com os candidatos ou com países terceiros com os quais tenha relações. Os países do sul do Mediterrâneo deviam, assim, não ter sido apoiados de olhos fechados, pois isso suporta muitas das críticas de subjectividade e interesses que se faz à condicionalidade política europeia.
Compreende-se o medo da Al-Qaeda e do perigo para qualquer cidadão se estes países caírem em mãos erradas; no entanto, há formas de promover uma democracia saudável, até porque ninguém garante que ao contrariaram os Mubaraks desse mundo, as suas respectivas populações vão logo gritar por Bin Laden ou pela Sharia. Uma democracia saudável, seja ela o que for, deve englobar uma cultura democrática e o enraizamento gradual de certas práticas no quotidiano popular. Mas gradual significa que não é repentino e que não pode estar-se à espera que, de um regime despótico, surja uma democracia desenvolvida. É necessário dar tempo ao tempo e apoiar a transição e a consolidação democrática dos países que considerarem esses caminhos.

segunda-feira, 14 de março de 2011

“Moment of truth”

Santini escreveu no EUObserver  que o problema da Líbia e naturalmente a sua resolução era um “moment of truth” para Catherine Ashton. E eu digo: quantos momentos da verdade já teve a senhora e de quantos saiu ela com a dignidade da alta representante da diplomacia europeia?

domingo, 13 de março de 2011

Evento

I Forum de Ciências Sociais e Políticas

Através da Raia Diplomática, descobri este interessante evento:

Na próxima segunda-feira, dia 14 de Março, terá lugar, no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP), no Pólo Universitário do Alto da Ajuda,  o I Fórum de Ciências Sociais e Políticas , sendo que o dia será ocupado por temáticas relacionadas com a área de estudos específica de Relações Internacionais. Conforme o programa do evento estarão presentes personalidades de renome na área, como Adriano Moreira – Professor no ISCSP e de Luís Amado – Ministro dos Negócios Estrangeiros, e bem como docentes peritos do próprio Instituto nas diversas sub-temáticas abordadas.
A organização da iniciativa do dia 14 vai ficar ao cargo do Núcleo de Estudantes de Relações Internacionais (NERI) do citado instituto.
Programa
I Painel – Portugal e o Potencial Estratégico Marítimo(abordagem militar e académica à projecção e potencial para a mesma da maritimidade em Portugal)
10h00
Almirante Silva Ribeiro (ISCSP)
2º Comandante da Esquadrilha de Submarinos, Silva Gouveia
Moderador: NERI
II Painel – A Diplomacia Portuguesa e a ONU (análise detalhada sobre a estratégia diplomática portuguesa e a condução da nossa política externa face à ONU)
15h00

Ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado
Professor Doutor Emérito Adriano Moreira
Moderadora: Professora Doutoura Teresa Almeida
III Painel – A Crise Financeira e o Processo de Integração Europeu (análise por perspectivas sobre o corrente processo de integração monetário e económico europeu, assim como uma relação crítica entre a crise financeira e o impacto desta no mesmo)
 18h00
Professora Doutora Carla Costa
Professor Doutor Joaquim Ramos Silva
Moderador: NERI

Wikileaks IV

Já há muito tempo que não falava dos Wikileaks. Aliás, há bastante tempo que não se ouve falar dos Wikileaks. Já não terão a atenção do grande público? Ou, como sugere o seu logótipo, estão à espera para lançar mais uns quantos escândalos daqui a algumas semanas quando toda a gente já os tiver esquecido?

De qualquer forma, aqui ficam algumas das revelações Wikileaks (não necessariamente recentes, mas ainda assim interessantes):


          A mais recente (e bastante cómica) é reveladora da imagem que os EUA têm de Portugal – uma 
          imagem bastante realista, eu diria.

Os americanos mais uma vez atentos aos portugueses e à sua falta de chá na gestão de empresas e instituições.

A espionagem de altas personalidades da vida internacional parece uma cena saída de um filme hollywoodesco e revela aquilo que se suspeitava apenas que acontecesse. Faz parte do Job dos diplomatas, pelos vistos.

A revelação de muitos países árabes do medo que tinham do programa nuclear iraniano e o pedido de ajuda aos Estados Unidos para o pararem. Pelo contrário, Israel avisava que não era preciso muito para atacar o vizinho por causa desse mesmo programa de forma a evitar males maiores. Ahmadinejad deve ter-se sentido importante nesse dia; os árabes, envergonhados.

Esta não era, certamente, uma novidade para os diplomatas de todo o mundo. Nem para qualquer pessoa que tivesse um bocadinho de mais atenção. Era bastante provável que estes dois países tivessem um relacionamento próprio. Daí até se confirmar que essa proximidade também acontecia em termos de armamento foi só um passo. E pequeno.

(Não adoram a imagem? Retirei-a daqui.)

sexta-feira, 11 de março de 2011

Lembraram-se!

A crise mais recente das relações transatlânticas data já da invasão do Iraque, no início da década, quando os EUA conseguiram dividir a Europa. Vários anos já passaram e Obama funcionou como bálsamo – o Presidente que se viraria para a Europa como parceiro. E apesar de o ter afirmado por várias vezes, mesmo durante a sua campanha, a importância que o presidente dos EUA tem dado à Europa é relativa. Compreende-se perfeitamente: nós somos aliados seguros de Washington e convencer a Europa para alguma coisa (veja-se, por exemplo, o caso da Guerra do Afeganistão) é uma dor de cabeça – continuamos sem número de telefone, Van Rompuy e Ashton deixam muito a desejar como líderes,…

Parece, no entanto, segundo esta notícia, que os americanos se lembraram da Europa e que querem “concertar estratégia”.

Algumas curiosidades saltaram-me de imediato à vista antes de ler a notícia: a) lembraram-se de concertar a tal estratégia num assunto em que os europeus estão relativamente unidos; b) a Europa está bastante próxima geograficamente, o que é uma vantagem; c) acho que encontraram aqui um belo testa-de-ferro; c) ainda assim, Obama ligou a Sarkozy, Cameron e Berlusconi (vários números de telefone diferentes, como se pressupõe).

Portanto, o paradigma que defendi acima continua a aplicar-se, assim como aquela característica típica da política externa dos Estados Unidos em que arranjam aliados ad hoc, dependendo do caso que têm em mãos.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Déjà vu

Há uns tempos, publiquei um post aqui  no blogue onde dava conta de certas medidas adoptadas por países diferentes para evitarem ou acalmarem as suas populações em fúria. Então e o que parece, por exemplo, esta aqui?

“Regime de Khadafi anuncia aumento de salários e subsídios alimentares”, aqui no Público.  Claro que isto não foi suficiente, assim como a repressão não o foi, e como temos visto nos últimos dias.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Academia e Política II

Como escrevia eu no outro dia, muitas vezes a Academia e a Política parecem duas áreas dissociadas. Continuo a afirmá-lo e os exemplos são variados. Mas falei também das condicionantes externas que limitam a acção e as decisões dos políticos.

Neste caso, queria deixar aqui apenas uma nota de agrado à posição que Durão Barroso, no seu papel de Presidente da Comissão Europeia, manifestou:

““Essa questão da migração ou da migração ilegal, ou mesmo dos refugiados, é utilizada como um meio de não apoiar a democracia e eu não estou de acordo com isso”, disse Durão Barroso aos jornalistas, após um encontro com a alta comissária das Nações Unidas para os direitos humanos, Navi Pillay.


“Devíamos apoiar os direitos humanos onde quer que estes estejam a ser ameaçados”, adiantou Durão Barroso, referindo-se ao caso de Itália, onde o líder da Liga do Norte Umberto Bossi, um dos principais aliados de Berlusconi, já se manifestou contra o acolhimento de imigrantes vindos da líbia ao dizer aos jornalistas: “Espero que não venham, e se vierem iremos mandá-los para a Alemanha ou a França.””



Pelo menos Barroso colocou a mão na ferida. É necessário que se acabem algumas hipocrisias políticas, especialmente em locais que se consideram grandes defensores e promotores dos seus valores e princípios, como é o caso da União Europeia.