segunda-feira, 28 de março de 2011

O poder do discurso

Tenho-me interessado nos últimos tempos por um campo da linguística que se chama “Análise do discurso” e que certamente utilizarei na minha tese como metodologia. A ideia, muito associada ao Construtivismo de que sou defensor, é que o discurso tem, em si só, bastante poder. Um acto linguístico muitas vezes usado para explicar esta teoria é o do casamento: quando alguém diz “sim” perante o padre, o cartório ou outra entidade com a mesma valência não está apenas a reflectir aquilo que pensa ou sente, não está meramente a falar; está, também, a produzir um efeito prático na vida – neste caso, a ligação matrimonial, com todas as implicações que daí advêm e que estão previstas na lei e nos hábitos das sociedades.

Lembrei-me hoje de escrever isto ao ver o título de três notícias do Público (esta, esta e esta)que podem ser compreendidas também neste âmbito que referi: Khadafi faz uso da palavra, do discurso, para dissuadir o outro; a sua produção discursiva não é apenas um reflexo dos seus pensamentos ou da sua posição política, mas também uma forma de persuasão e de modificação do comportamento do outro.

Por vezes, mais do que as próprias acções, o discurso é revelador e fundamental para a compreensão dos fenómenos. Há claramente um tom ameaçador nesta mensagem e a revelação das ligações daquele país com a Europa, para além de várias outras coisas que dela podemos inferir – como o carácter despótico e hipócrita de Khadafi.

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