terça-feira, 8 de março de 2011

Academia e Política

As revoluções a que assistimos no Médio Oriente – ou pelo menos as manifestações – têm sido muito debatidas em contextos distintos, mas hoje centro-me em dois que me preocupam especialmente e que estão, de certo modo, ligados: a Academia e a Política.

Quando digo que estas duas áreas estão relacionadas, refiro-me, como certamente perceberão, ao facto de a produção de conhecimento científico (neste caso nas áreas das Relações Internacionais e da Ciência Política) ter também como objectivo informar os decisores políticos para que estes consigam tomar as decisões mais apropriadas atendendo a um conjunto de factores que os condicionam e que são externos aos investigadores/teóricos.

Ora, no entanto, é legítimo colocar a seguinte questão (ignorando outras de natureza epistemológica): andarão os investigadores a informar mal os decisores políticos ou os tais factores que os condicionam é que impedem a tomada de decisões supostamente mais sábias?

Os estudiosos do Médio Oriente terão conseguido, através das ferramentas de que dispõem, prever os acontecimentos nesta região do mundo? E, se de facto a ciência triunfou nesse aspecto, terão sido seguidas as suas indicações por quem detém o poder?

Não sei o que falhou. Mas apoiar os regimes ditatoriais nestas zonas, permitir que as populações continuassem a passar fome e ignorar os crimes contra a pessoa humana que estes ditadores cometeram não foi um sucesso. Nem que isso significasse petróleo mais barato.

2 comentários:

  1. Achas que a ciência social consegue prever?

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  2. Muito dificilmente. Mas na maior parte dos casos nem chamaria a isso previsão; talvez coincidência. É muito difícil adoptar essa característica das ciências naturais, mas há a pretensão, claro. E é um desafio interessante.

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