terça-feira, 15 de março de 2011

Era o que eu dizia…

Ora aqui está o que eu dizia! Os políticos europeus, os decisores, a população, enfim, deveriam ter mais atenção a quem decidem apoiar. Fuele fez mea culpa, o que já é importante, mas seria igualmente desejável que tal não se repetisse com tanto descaramento.

A União Europeia tem finalidades nobres – isso, para mim, é um facto. Promove a democracia, os direitos humanos, a igualdade e todo um conjunto de outros valores e princípios. Usa imensos mecanismos e diferentes políticas, quer seja com os seus vizinhos, com os candidatos ou com países terceiros com os quais tenha relações. Os países do sul do Mediterrâneo deviam, assim, não ter sido apoiados de olhos fechados, pois isso suporta muitas das críticas de subjectividade e interesses que se faz à condicionalidade política europeia.
Compreende-se o medo da Al-Qaeda e do perigo para qualquer cidadão se estes países caírem em mãos erradas; no entanto, há formas de promover uma democracia saudável, até porque ninguém garante que ao contrariaram os Mubaraks desse mundo, as suas respectivas populações vão logo gritar por Bin Laden ou pela Sharia. Uma democracia saudável, seja ela o que for, deve englobar uma cultura democrática e o enraizamento gradual de certas práticas no quotidiano popular. Mas gradual significa que não é repentino e que não pode estar-se à espera que, de um regime despótico, surja uma democracia desenvolvida. É necessário dar tempo ao tempo e apoiar a transição e a consolidação democrática dos países que considerarem esses caminhos.

2 comentários:

  1. André....

    Falaram-me sobre imposição legal de quotas de género na administração de empresas na Alemanha, rejeitadíssimo pela população mas agora repescado por uma comissária europeia qualquer sem nada para fazer, e sem nada a perder porque controlo democrático = 0. Diz-me, é impressão minha ou a Europa é um excelente meio para se fazerem coisas que o eleitorado nunca aceitaria?

    Quanto mais descentralizado mais asneirento.

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  2. Desculpa a demora! Só hoje vim ao blogue porque estive na convenção no Canadá.

    Desconhecia a situação das quotas de género na Alemanha ou a sua intenção em adoptá-las. É claro que se estamos a falar da UE, há várias lacunas do ponto de vista democrático que os últimos tratados têm vindo a corrigir progressivamente, mas cujas falhas são ainda várias e essa seria uma delas. Se a população rejeitou, não deveriam, naturalmente, ser propostas. Ainda que a Comissão seja escolhida pelo Parlamento Europeu que é directamente escolhido pelos cidadãos, acaba por ter uma legitimidade indirecta e essa situação da comissária é descabida.

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