A Igreja Católica é, para além da questão espiritual que possamos associar a ela, uma ONG. Uma ONG com bastante influência, como se sabe, pois comanda mais de um bilião de almas pelo mundo inteiro, um sexto da população mundial.
Como tal, justifica-se que alguém preocupado com as RI se interesse por esta instituição - ela tem bandeira, um território, um líder e não sei se não terá um hino.
O Papa Bento XVI, figura não tão querida pelos fiéis como o seu antecessor, tem sido bastante polémico em algumas afirmações, nomeadamente a dos preservativos e da SIDA que comentei aqui no blogue; por outro lado, tem promovido, pelo pouco que conheço das actividades do Vaticano, alguma abertura ou transparência: foi entrevistado para o famoso livro em que defendia já o uso de contracecptivos, destacou o papel de algumas mulheres na Igreja e, mais recentemente, nas celebrações da Páscoa, aceitou responder publicamente, na televisão, a perguntas de anónimos sobre os mais variados temas - ainda que essas perguntas tenham passado por uma "selecção", naturalmente.
Assim, resta-me apenas dizer que, como instituição religiosa que é, é compreensível que a Igreja tente manter algum do status quo porque é expectável que uma instituição desta natureza se mantenha sólida e como ponto de referência ao longo do tempo; no entanto, são necessárias alterações no seu modus operandi, no seu modus vivendi, na forma como encara o mundo e os problemas deste século. Ainda que se mantenha fiel, como terá que ser, aos ensinamento de Cristo que é, afinal, o que caracteriza, os seus receptores não são mais os mesmos; a população mundial está mais culta, mais informada, mais actualizada; a tendência é para desconfiar de dogmas, é para questionar mesmo aqueles que há umas décadas pareciam ser inquestionáveis. E a Igreja tem que dar respostas e tem que se adaptar aos novos tempos e aos novos desafios, ainda mais numa altura em que o Islão reforça a sua propaganda e em que o ateísmo e o agnosticismo ganham a força que a Ciência, não religiosa, lhes dá.
Andreuccio,
ResponderEliminarNão gostei muito deste teu artigo. A posição dele de que falas não foi em relação a contraceptivos, mas em relação ao preservativo usado em situações particulares muito específicas (prostituição masculina) que ninguém de bom senso condenaria - nem ele nem Papa nenhum antes dele.
Discordo da totalidade do teu último parágrafo. A população mundial não está mais informada em nenhum sentido relevante para o dogma católico. Acha-se é mais informada - isso sim pode ser uma ameaça. Todos nós conhecemos gente que faz risinhos cínicos quando alguém diz que é Católico mas que Deus os livre de passar por baixo de uma escada. Outro ponto em que penso estares errado, é na relação entre a ciência e o Deus cristão. As tuas afirmações fariam bem mais sentido no século XIX do que no XXI. O agnosticismo e o ateísmo de plausibilidade científica eram ameaças bem maiores então do que agora.
Diogo,
ResponderEliminarObrigado pelos comentários, que me fizeram ponderar o que escrevi.
Pensava que a questão do contraceptivo fosse mais abrangente; sendo assim, retiro essa parte.
Não achas que a população mundial esteja mais informada? Mas há uma maior alfabetização, escolaridade e acesso a inúmeras e variadíssimas fontes de informação. Não digo que a informação seja relevante ou muitas vezes acertada, mas há uma maior consciência do mundo, do que acontece, do que se diz e se faz por aí fora.
Eu sei que a ciência dogmática já é passado e que o relativismo mudou essa posição da Ciência; no entanto, eu queria dizer que o agnosticismo e o ateísmo vao buscar forças, i.e. solidez aos pressupostos que defendem, à ciência, na qual baseiam as suas suposições.
Besser so?