sábado, 2 de abril de 2011

A biblioteca de Hitler

Fiquei muito interessado pela entrevista disponibilizada pelo Público sobre a biblioteca de Hitler.  Não fazia ideia que Hitler fosse um leitor tão voraz, como conta o investigador. No entanto, como dá para perceber, as suas leituras foram criteriosamente escolhidas para justificar e suportar as suas teses e convicções.

Assim, a minha sugestão hoje é que façamos as nossas leituras sem estas preocupações para não acabarmos como Hitler: lermos para nos reconstruirmos e reinterpretarmos como seres cognoscentes  que somos. Só assim podemos solidificar ou alterar, se necessário, as nossas convicções, sem dogmas nem absolutismos.

5 comentários:

  1. Também não fazia ideia, mas não me surpreende. Pena é que a maior parte das leituras que fez tenham sido distorcidas por ele próprio conforme lhe convinha.

    P.S. (Se bem que a imagem de Hitler a ler Karl Marx é hilariante, pelo menos para mim).

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  2. Não sei se vocês têm razão.... Alguns dos maiores intelectuais do final do século XIX e início do século XX eram anti-semitas ou, pelo menos, crentes em práticas eugénicas.

    Esta nossa necessidade de fazer de Hitler um monstro que vá ao encontro daquilo que consideramos imperfeito leva-nos a ignorar talvez a maior lição do que se passou. Hitler não era um atrasado mental inculto, grosseiro e violento. Era um homem lido, sensível com as pessoas que o envolviam, vegetariano e acérrimo defensor dos direitos dos animais. Caricaturá-lo com todos os nossos preconceitos do que é o verdadeiro monstro, só nos leva à incompreensão. E sem compreendermos um fenómeno, não conseguimos tentar evitá-lo eficazmente.

    É difícil acreditar... Mas tudo indica que ele era um homem que nós, se o encontrássemos, acharíamos agradável.........

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  3. Jesus! Nunca ninguém antes me tinha dito que eu ia gostar do Hitler se me tivesse cruzado com ele, Diogo! Parabéns! Lol!

    Concordo com oo dizes em relação a caricaturar a personagem histórica e as limitações que isso traz à compreensão do fenómeno. De qualquer forma, tal como eu disse, as suas leituras eram feitas com um enquadramento pré-estabelecido ou com uma distorção, como dizia a entrevista ao autor do estudo. Nunca disse que Hitler era um atrasado mental ou inculto - muito pelo contrário. Ainda assim, não podemos desculpá-lo dessa forma, pois eu estou-me borrifando se ele era defensor dos animais e depois pegava num deficiente e deitava-o a uma valeta! Que se lixem os animais e o vegetarianismo! Um homem daqueles FOI um verdadeiro monstro. Não foi o único, mas foi.

    Vivemos numa cultura tendencialmente homofóbica, aglumas sociedades são bastante xenófobas ou racistas. E é por esse contexto que vamos desculpar um indivíduo que surja dela e ponha em prática uma política de extremínio de pretos ou brancos ou amarelos ou gays ou protestantes ou o que seja?

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  4. André eu não o quis desculpar! De todo! Pelo contrário! Parece-me que ao caricaturá-lo se perdem argumentos quando alguém diz "ele até era defensor dos animais". Ele é bem mais parecido com o Louçã do que com Jack the Ripper. Era só isso que queria dizer!

    Eu quis salientar também que se calhar algumas das leituras não era distorcidas por ele mas pelo ambiente intelectual da época. E já agora relembro-te que toda a leitura é distorcida... Mais uma vez não quero desculpar! Só relembrar que ele tem de um contexto. Ah! E enquanto agora a homofobia é condenada pelos grupos "bem", na altura a eugenia era apoiada pelos congéneres...

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  5. Ah, claro! Mas isso todos nós distorcemos o que lemos.. ;)

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