segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

China - que brilho? (VI)

TAIWAN: Calcanhar de Aquiles dos chineses ou ponto nevrálgico da sua capacidade militar e diplomática, Taiwan continua a ser uma situação mal digerida por toda a elite política chinesa e, quem sabe, também pela sua população.

Recentemente, ela foi mais um motivo para o azedar das relações entre a China e os Estados Unidos, depois de estes terem aprovado a venda de armas no valor de 6 biliões de dólares a Taiwan. A China enfureceu-se. Da última vez que isto aconteceu, em 1992, os chineses vingaram-se, vendendo mísseis de médio alcance ao Paquistão. Desta vez, e ainda sem nenhuma decisão tomada relativamente à venda de F-16 àquela ilha, a China já anunciou medidas de retaliação contra os EUA, nomeadamente a empresas americanas que lhes fornecem sistemas de armamento e aviação (como a Boeing), a par do cancelamento de vários programas militares partilhados pelos dois, sanções comerciais e ainda a possibilidade de Hu Jintao boicotar a cimeira sobre segurança nuclear agendada para Abril. No entanto, os chineses têm que ter cuidado com medidas como estas, uma vez que podem contrariar regras da OMC, que, por sua vez, poderá adoptar sanções contra a China, o que será muito negativo para este país, atendendo à sua dependência do comércio mundial - está a dar um tiro no pé, como dizia um artigo do Financial Times.

Alguns especialistas apontam estas medidas como teste a Obama, no sentido de perceber como é que o Presidente dos Estados Unidos vai responder a esta situação; por enquanto, a Administração americana tem continuado a sua oposição à China, não abdicando desta venda a Taiwan, pressionando-a em relação ao Irão, a questões de liberdade como a levantada pelo Google, etc.

O que a mim me parece pacífico é que nenhum país pode, de facto, com todos estes condicionalismos que apresentei nos últimos dias, ter a pretensão de dissolver a situação internacional actual, substituindo uma unipolaridade por outra unipolaridade. Não podemos esquecer outros actores importantes, como a União Europeia, por muito que não se defenda a sua importância em termos do contexto internacional, mas que não deixa de ser um contrapeso à China e com ainda alguma capacidade de lançar cartas. Muito menos se pensarmos que muitos advogam que este país é um “desafiador” aos Estados Unidos, quando nem sequer conseguem resolver um problemazinho caseiro com uma pequena ilha ali ao lado plantada.

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