domingo, 24 de outubro de 2010

Desabafo eleitoral

O "El Mundo" publicou uma sondagem que revelava que, se as eleições fossem hoje, o Partido Popular Espanhol as venceria com uma diferença de quase 13 pontos relativamente ao PSOE. Nada de escandalosa nesta informação. Assim como não é inesperada uma derrota dos Democratas nos Estados Unidos, uma eventual vitória do PSD numas próximas eleições em Portugal, uma estrondosa derrota de Sarkozy em França, a eventual derrota de Merkel, etc. Como ser percebe pelo panorama eleitoral internacional (se é que isso existe) é a vontade de mudança das populações. Aquilo que me questiono é se essa vontade de mudança se prende apenas com a crise ou com a falta de identificação do eleitorado com os seus políticos nos poder. Será Portugal menos de esquerda do que há alguns anos atrás? Será a França mais de esquerda agora? E serão os americanos mais conservadores?

Esta reflexão pode ser completada com aquilo que se passa no Brasil. Contrariando o resto do mundo, a tendência é de manutenção, de seguimento, de não rotura. Mas o Brasil e o resto dos países que mencionei têm que ser colocados em grupos diferentes: o primeiro, porque está em crescimento, com dinheiro para políticas sociais que atraem qualquer eleitorado; o segundo, porque está em declínio, a fazer frente a uma dura crise que os impele a cortes e mais cortes. E, para mim, são estes cortes que levam e levarão às mudanças que poderão a vir a ocorrer nos governos europeus e americano - exceptuando o de Angela Merkel que poderá fugir a este padrão.


As medidas de austeridade desagradam à população; os escândalos de corrupção e de falta de seriedade na política minam a confinaça dos eleitores que se afastam. Quando há prosperidade, mantém-se o executivo. Por isso, as eleições são efectivamente um lugar de "accountability" e "responsiveness", de pedir contas do que foi alcançado. Mais do que como foi ou deverá ser alcançado. Não é uma batalha ideológica. É uma batalha de resultados.

2 comentários:

  1. Não creio que seja uma questão de "mudança de direcção" na orientação política por si só (e estou a restringir-me ao caso português). Os eleitores tendem cada vez mais a votar nos líderes do partido e não na ideologia do mesmo (falta de consciência política/desinteresse - talvez no nosso caso mais este último). Assim sendo, parece-me normal que em situações de crise as intenções de voto mudem.

    Quanto aos americanos serem mais conservadores, sou obrigada a concordar (sobretudo se atendermos às reformas do tão famigerado sistema nacional de saúde que Obama luta por implementar numa sociedade cada vez mais relutante).

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  2. Sim, possivelmente será uma das explicações também.. :)

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