domingo, 25 de julho de 2010

Síria - a secular?

A Síria quer continuar a afirmar-se como país secular numa região onde o secularismo é algo controverso. Uma das últimas medidas nesse sentido foi a proibição, nas universidades públicas e privadas, do uso do niqab - a vestimenta muçulmana feminina que só deixa visível a zona dos olhos. Defendendo a liberdade na escolha dos tipos de roupa e de apresentação em público, continuo a acreditar que a niqab é prejudicial à comunicação e que no contexto pedagógico deve ser completamente proibida, uma vez que impede a relação necessária entre professor-aluno e prejudica o processo de ensino-aprendizagem.

6 comentários:

  1. André

    Estou certo que tanto tu como eu achamos a niqab esteticamente feia. Mas como dizes e muito bem, a liberdade de escolha deve ser defendida. Contudo tenho pena que logo a seguir caias no etnocentrismo do "prejudicial à comunicação logo deve ser proibida no contexto pedagógico"... Achas mesmo que justificaste a excepção ou estás apenas a fugir com a pandeireta à seringa?

    Abraço

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  2. Acho mesmo que justifiquei a excepção, porque a niqab cria problemas de natureza prática numa aula. Desde logo o problema da identificação da aluna, por exemplo. É a eterna questão da liberdade de escolha e dos seus limites. Não me oponho ao seu uso em qualquer outro contexto, mas em termos pedagógicos a coisa não funciona mesmo. Já viste o que é meia dúzia de alunos enrolarem-se num lençol e mostrarem só os olhos e o impacto que isso teria na tua aula? Como os identificar e distinguir? Até que ponto é que a comunicação não seria constrangida por esse factor? Até que ponto não criaria, mesmo a nível do subconsciente, uma discriminação no tratamento ou mesmo na atribuição das notas? Não te esqueças que nós não controlamos totalmente todas as nossas percepções.. Por isso, acho que é anti-pedagógico e deve ser limitado.

    Abraço!

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  3. Tu pelo olhar e estrutura corporal e mesmo até pela limitada linguagem corporal que as niqabiadas emitem consegues reconhecer. Terás de desenvolver outras formas de comunicação, mas não me parece que haja nenhuma impossibilidade. E se a religião delas lhes comanda o uso, acho que desmotivam bem mais se forem sem niqab do que se forem com.

    Quanto às notas... As alunas que se sentirem prejudicadas têm de se manifestar. Não sei que te diga, excepto que é estranho que se obriguem as raparigas a irem nuas (para elas é nudez) porque há "percepções no subconsciente dos professores que podem reduzir-lhes as notas". Então proíbe piercings nas nossas escolas secundárias... É em tudo semelhante.

    Abraço

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  4. Diogo, parece-me um bocado rebuscada essa abordagem à comunicação. Também é proibido aos nudistas/naturalistas estarem nus em determinados contextos. E eles podem igualmente sentir-se constrangidos com roupa. Mas estamos a falar de normas adoptadas pela sociedade e que funcionam como padrão regularizador das interacções sociais. E uma vez que as niqabiadas estão num cultura diferentes da delas, têm que se adaptar - neste contexto específico da aprendizagem, por exemplo. Assim como as ocidentais, quando vão a algum país muçulmano, são levadas a usar um lenço e a tapar os ombros, como já aconteceu à Sara. E nós pomos o lenço, apesar de acharmos constrangedor. Querem usar lenço na cabeça nas faculdades? Muito bem, é perfeitamente compatível com os nossos padrões. Taparem-se completamente não.

    Abraço!

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  5. André

    Vou puxar do meu eterno argumento - se tudo for privado as instituições podem competir e este problema resolve-se por si mesmo. =)

    Só te critiquei porque me parece que fizeste uma divisão arbitrária de onde se pode ou não utilizar lá a peça. Porque essa da comunicação não me convenceu - não transferiste plausibilidade com ela.

    E tu não te queixes... Conhecendo-te como conheço ficaste felicíssimo por taparem os ombros à Sara. =P

    Abraço

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  6. Ah ah ah! Agora foste engraçado! Atingi já alguma maturidade, ok?! Loool!

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