sexta-feira, 16 de abril de 2010

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Disse num dos meus últimos posts sobre a política externa americana, que algumas alterações se aproximavam, no seguimento daquela análise política feita no NYT. E um dos assuntos em que certamente veríamos mudanças seria o do conflito israelo-palestiniano.

Pois parece que é isso mesmo que vai acontecer. Cansado deste impasse entre israelitas e palestinianos, Barack Obama deverá tomar as rédeas deste tema, porque se trata de uma das grandes apostas de política externa da sua campanha e que os eleitores poderão cobrar caro – apesar do desinteresse americano por assuntos externos.

Mas este é delicado para os EUA, mesmo sendo do outro lado do mundo, no distante Médio Oriente. É que a paciência dos palestinianos tem limites e Israel tem arriscado muito, numa política muito pouco diplomática e moral: prossegue a construção de colonatos, ignora apelos dos eternos aliados americanos, expulsa palestinianos, ataca-os e não respeita normas internacionais. A situação é vergonhosa. E à semelhança da paciência dos árabes, também a paciência do presidente dos Estados Unidos tem limites. Um primeiro momento mais quente foi o aumentar das tensões diplomáticas com o anúncio da construção dos colonatos mal o Vice-Presidente estava a sair do país com promessas de esforços no sentido da paz dos israelitas. Não caiu bem, como se compreende. Apesar dos anúncios de ambos os lados de que as relações israelo-americanas continuavam de boa saúde, isso deixou marcas.

E como eu dizia, Barack Obama não pode permitir uma escalada de violência naquela zona: os EUA têm tropas em Israel, no Iraque, no Afeganistão,… Sangue e dinheiro seriam dois dos principais custos de um confronto entre os dois arqui-inimigos, como disse o próprio Presidente.

Obama tem interesses a defender, assim como uma importante promessa eleitoral. E, muito sinceramente, apesar da importância de um aliado fiel na região, os Estados Unidos têm que deixar-se de aparar os golpes de Netanyahu antes que seja tarde de mais. Ainda no outro dia os israelitas se queixavam que a Síria estava a fornecer armamento ao Hezzbollah e apesar de estarem muito calmos e optarem pela via pacífica a humilhação que têm sofrido pode estar para chegar ao fim e aí já não plantarão árvores, mas contarão com a ajuda de todos os árabes numa luta contra o usurpador dos seus territórios. Para mim, esta devia ser das prioridades da Casa Branca – uma guerra nestes moldes não pode dar bom resultado.

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