quinta-feira, 18 de março de 2010

A Prova dos Nove no Médio Oriente

Regressando o Médio Oriente, a questão aproxima-se agora ainda mais dos nossos interesses, desta feita enquanto europeus. A Alta Representante para a Política Externa da União Europeia, sobre a qual já escrevi algumas coisas aqui, ao contrário dos parceiros americanos, decidiu não protelar a sua visita ao Médio Oriente com vista às hipotéticas conversações de paz naquela região a visitas a outros países próximos.

Para os mais distraídos, vão aqui as minhas dicas quanto ao significado deste acto para além de tudo o que possa significar em termos regionais: a visita de Catherine Ashton, em primeiro lugar, não seguiu, como de costume, os passos dos americanos. Os EUA adiaram a visita diplomática, mas a UE, contrariando essa constante tendência de seguir cegamente tudo aquilo que a diplomacia americana faz, manteve o seu plano. E inteligentemente: para mim, numa altura em que a ferida está novamente mais aberta, é crucial a presença de entidades estrangeiras que se interessam pelo processo (e mesmo que não se interessassem, estão até às orelhas metidas nele…), uma vez que a pressão diplomática pode ajudar a refrear os ânimos. Um ponto positivo desde logo. Por outro lado, esta visita é muitíssimo importante em termos internos – Catherine Ashton não foi ao Hiti (que eu me lembre), foi a Washington mas ninguém deu por ela (apesar da força das relações transatlânticas), faltou a uma reunião importante sobre Defesa e o Tratado de Lisboa para dar os parabéns ao novo Presidente ucraniano, as suas competências foram e continuam a ser muito contestadas, especialmente por eurodeputados, …

Enfim, uma prova dos nove, eu diria. Estaremos cá (e os eurodeputados estarão lá) para avaliar esta prova, desejosos de que a União Europeia marque a sua presença num momento chave e de que tenha alguns efeitos, consolidando internacionalmente a muito frágil imagem europeia enquanto potência global.

2 comentários:

  1. Andreuccio

    Adoro a tua modalização: "é crucial (...) uma vez que PODE AJUDAR A refrear".

    ResponderEliminar
  2. Sim, a diplomacia linguística tem destas coisas.. ;)

    Eu queria dizer que a presença de entidades estrangeiras com influência na região é fundamental. Ponto. Disso, não tenho dúvida. A minha dúvida reside no facto de eventualmente a importância teórica dessa presença não se concretizar na prática. Ela é fundamental porque ajuda a refear. Mas essa presença pode refrear ou não. E assim lá deita por terra a importância da sua função. Confuso, não?

    ResponderEliminar