sábado, 6 de março de 2010

Teerão aperta o cerco

Teerão tem vindo a aumentar a pressão sobre a oposição. Desde a repressão das manifestações, à detenção, às execuções, tudo tem servido de motivo para o regime se defender da sua própria população. A notícia do NYT dá agora conta do encerramento de duas publicações de opositores de Ahmadinejad, que eram das últimas que circulavam pelo Irão. Segundo o Público, também um realizador iraniano conhecido internacionalmente e próximo do líder da oposição foi detido, juntamente com a sua família e alguns convidados que estavam em sua casa nesse momento, sem que os media estatais tivessem dado, até agora, conta do sucedido.

Para mim, todos estes sinais que recebemos no Ocidente daquele país são reflexo de um certo desespero iraniano. O regime tem consciência da amplitude do seu isolamento internacional e sabe perfeitamente que as manifestações mais frequentes são contra si e não contra os Estados Unidos, estrangeiros pouco afamados há várias décadas no país da Revolução de 1979.

No entanto, todos os iranianos defendem, regra geral, o desenvolvimento do programa nuclear. Isso significa, para o regime, que seria um erro abdicar desse trunfo perante uma sociedade insatisfeita e daí que não ceda perante o Ocidente e as inúmeras ameaças de sanções económicas. Só a China continua por convencer, mas não sabemos até quando. Na verdade, os chineses temem que Israel comece a fartar-se da ameaça iraniana na sua vizinhança e não avise ninguém quando planear atacar os centros nucleares do Irão. Isto originaria, naturalmente, uma escalada da violência no Médio Oriente. Uma violência que nem os países daquela região nem os restantes que dela dependem energeticamente estariam interessados. A China morre de medo que o Irão feche as torneiras do petróleo para o seu país (daí que Clinton tenha assegurado a Arábia Saudita como substituto dessas importações em caso de bloqueio do Irão). Mas nós sabemos como é o feitio isrealita, que ataca sem avisar e põe tudo em pratos limpos - não porque seja um herói, mas porque tem as costas portegidas pelos Estados Unidos.

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