segunda-feira, 29 de março de 2010

Relações Transatlânticas

Quando pensava num tema para a minha tese, ponderei muito seriamente o papel da UE enquanto actor global e as relações transatlânticas. Acabei por desistir do projecto, por vários motivos, e foquei-me (ou estou a focar-me) numa outra versão desse mesmo tema de genérica.

Hoje, há uma notícia do NYT (cuja versão on-line a partir de Outubro será paga...) que nos fala de uma conferência em Bruxelas onde essas mesmas relações EUA-UE foram discutidas. Ouve-se a opinião de Barroso, de Van Rompuy, de Ashton (do lado europeu) e, do lado americano, uns recados de Obama, de Gates e de Clinton, nenhum presente na conferência.

Os europeus falavam, essencialmente, da necessidade de dar uma nova forma às relações transatlânticas, quase numa atitude de pedir esmola aos americanos que tivessem em conta a sua opinião sempre, de forma concertada, e não apenas quando dava jeito. Os europeus querem ter um relacionamento privilegiado com um país que diz ter relações privilegiadas com quase todos os outros: pois Merkel foi a Washington e Obama falou de quão especiais eram as relações com Berlim, o mesmo se passando com Gordon Brown, Sarkozy, Netanyahu, etc etc. Os americanos, em Bruxelas, voltaram a dizer o mesmo, que sim senhor, terão muito em conta as preocupações europeias e cooperarão..

Há, claramente, um desequilibrio entre as duas potências, desde logo porque uma é um país forte, influente e uno, enquanto que a outra é uma amalgama de países, de capitais, de visões, de perspectivas, sem voz comum, sem um número de telefone, mesmo depois do Tratado de Lisboa. Obama adiou, como se sabe, uma cimeira UE-EUA, que enfureceu muitos europeus, mas que apenas reflecte o facto de o velho continente não ser propriamente uma das prioridades de Washington. No artigo, lia-se:




A Europa está, para o mundo, assim quase que adormecida. Vai-se ouvindo alguma coisa, intervém aqui e ali, está presente em vários cenários, é importante é muitos sítios do mundo que dependem da sua ajuda económica, humanitária e militar, contribui para a transição democrática de algumas regiões, mas, no limite, não é um actor global que se possa dizer fortemente influente, cuja palavra é indubitavelmente ouvida, cuja posição é sempre tida em conta, até porque a política externa europeia é quase sempre o reflexo da americana. Repare-se que em 2003 quando não o foi, por causa do Iraque, o resultado passou por uma longa crise entre os dois blocos...

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