sexta-feira, 19 de março de 2010

Será que Israel quer verdadeiramente ir a algum lado?

Eu continuo a dizer, muito pouco científica e profissionalmente, mas em jeito de desabafo, que Israel é um dos meninos mimados do Médio Oriente. Sempre com as costas protegidas pelo seu grande aliado americano, faz-me quase lembrar aqueles miúdos mimados a quem os pais fazem todas as vontades, mesmo tendo consciência daquilo que estão a criar e que pode vir a rebelar-se contra eles um dia.

Jerusalém tem sido palco de conflitos e do agravamento das tensões na questão israelo-palestiniana. O anúncio dos colonatos aquando da visita de Joe Biden ao país enfureceu a Administração Obama, que tanto apostava, durante a campanha, para uma pacificação da região, mas que se vê envolvida num conflito que não consegue, de todo, resolver. Curiosamente, e apesar de toda esta fúria americana, que até levou ao adiamento da visita de responsáveis dos EUA ao Médio Oriente, Hillary Clinton vem afirmar peremptoriamente que não há crise diplomática alguma com Israel e que os laços entre estes dois países são inquebráveis.

Laços inquebráveis? Em Política Externa? Em primeiro lugar, na política, nada é inquebrável, como comprova a nossa experiência. Amigos de hoje são inimigos de amanhã – veja-se o caso dos Taliban e a sua relação com Washington. Em segundo lugar, compreendo os interesses estratégicos de um aliado como Israel naquele ponto do mundo. No entanto, não será demasiado falar em laços inquebráveis? Ninguém vai puxar as orelhas a Israel?

Abbas já disse não negociar com os israelitas enquanto a construção dos colonatos não fosse suspensa; os EUA e toda a comunidade internacional criticam tal política; o processo de paz está cada vez mais difícil e inviável, apesar da aparente boa vontade dos palestinianos que aceitaram sentar-se à mesa das negociações, mesmo apesar da pouca vontade da outra parte.

Os Estados Unidos, enquanto promotores da democracia e da paz pelo mundo deveriam ter uma posição mais objectiva e fazer perceber aos seus aliados que assim não se vai a lado nenhum. O problema é mesmo esse: será que Israel quer ir a algum lado?

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