segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Segunda volta

Naturalmente, a campanha no Brasil polarizou-se: reduzidos a dois candidatos, os brasileiros tiveram que optar por um dos lados. Marina Silva, que contribuiu para que na primeira fase não sentisse tanto esta oposição, permaneceu neutra, recusando apoiar Serra ou Rousseff. Para mim, foi a escolha mais sensata por vários motivos: não desagradou a nenhuma parte dos seus apoiantes (que provêm da esquerda e da direita), não se comprometeu com um dos candidatos e não está ligada a eles por nenhum tipo de vínculo que isso implicaria, não tinha vantagem se apoiasse o vencedor (porque não estamos a falar de formar um governo), etc.

Ora, nesse sentido, tivemos os últimos dias e semanas bastante extremados e bem mais emotivos que a calma primeira fase. Alguma volatilidade também se notou. Dilma esteve em perigo de não alcançar a vitória logo após a primeira ronda com um Serra confiante; agora a distância que separa ambos é mais sólida e não dá azo a tantas hipóteses. Numa semana, de uma diferença de 5 pontos entre ambos, passou-se para uma de 15.

José Serra apanhou com um rolo de autocolantes; Dilma escapou a sacos com água. Aborto e religião suscitaram mais reacções. Lula foi multado várias vezes por apoiar Dilma de forma tão “efusiva”, usando instalações da Presidência e outros recursos.

O ambiente é de euforia e de muita tensão, apesar de o resultado ser já bastante previsível. Mas esta segunda volta foi bastante mais intensa e violenta do que a primeira. Infelizmente, a substituição da pacatez e do politicamente correcto do primeiro “round” não dignificou a democracia brasileira.

2 comentários:

  1. Andreuccio, gostava de saber tua opinião sobre as sanções que a Merkelzinha propôsssssss!

    Abraço

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  2. Economicamente não afirmo nada porque não possuo os dados suficientes. Mas em termos políticos, a única coisa que posso dizer é que é perfeitamente compreensível e expectável. Repara: a popularidade da Merkel baixou bastante na altura em que a Europa (entenda-se, grande parte a Alemanha) ajudou a Grécia; os alemães contestaram imenso essa ajuda. Depois, a Alemanha está já a sair da crise, já aumentou as exportações e aumentou os empregos. Precisa de tudo menos de um Euro em perigo. Além de que é típico da Alemanha este rigor nas políticas económicas. Que é puramente interesse nacional? É. Que ninguém se lembrou do espírito de solidariedade que levantou a Europa? Não. Que Sarkozy a apoiou também por interesses nacionais pelas contrapartidas que Merkel prometeu? Sim. Que eu concordo? Não sei! É complicado... Os países têm que zelar pelos seus interesses e a UE estava em risco de se tornar um fardo demasiado pesado para a Alemanha. Também é verdade que os médios e pequenos países não irão satisfazer-se com tais medidas e a questão vai levantar ainda muito tumulto. Mas é como funciona a União... Nobody is perfect. ;)

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