A expressão não é minha, mas de um professor de Relações Internacionais de Princeton; é retirada de uma notícia do caderno de Economia do Expresso do dia 7 de Novembro, onde é explicada esta posição de Stephan Kotkin.
Para o autor, este eixo, do Brasil, Rússia, Índia e China, não passa de um acordo temporário e de oportunidade e o acrónimo foi meramente criado pelos analistas económicos para mediatizar este grupo de países e tornar o investimento nestes destinos “menos arriscado, transformando-o em moda”. Na realidade, segundo o mesmo artigo e outros teóricos, cada um destes países “pedala a sua bicicleta” de forma muito independente e com trajectórias distintas, o que dificulta que sejam encarados como um bloco geopolítico único. Este mesmo autor sugere ainda a remoção do R do acrónimo, por considerarem a Rússia já fora de moda.
Parag Khanna prevê que a Rússia ou vai ser “um anexo da Europa ou um vassalo da China. Ou as duas coisas”. É ainda este escritor de “O Segundo Mundo” que não acredita num G2 (EUA-China), mas num mundo tripolar, que inclui a U.E., contrariando a teoria que apresentei num dos posts anteriores sobre a multipolaridade. A tese de Khana é que este é o primeiro mundo; há ainda um segundo mundo que são os países de segunda ordem que oscilam entre a influência das três potências, que as “cortejam”, como diz o autor. A diferença é que já não têm que escolher entre ideologias, como no passado, mas entre três modelos capitalistas. Os restantes são os países do conhecido terceiro mundo.
O artigo termina com uma imagem interessante: “Khana acha que o espaço do Oceano Índico vai voltar a ser (como quando os portugueses lá entraram a ferro e fogo nos idos de 1500) o mais ‘quente’ do globo.”
Adoro a futurologia nas RI. :P
ResponderEliminarAh Ah! Prefiro não comentar... :P Somos uma ciência nova, temos direito a certos devaneios, digamos, menos científicos... É o peso da idade!
ResponderEliminarAgora a sério: as RI são uma ciência muito recente e, infelizmente, com muitas lacunas em termos de rigor científico e epistemológico. Tenta, baseando-se muito no empirismo, construir cenários de futuro. Concordo que é sempre uma lotaria e que frequentemente não tem metodologias suficientemente sérias para tais previsões, mas temos que dar o desconto de, em primeiro lugar, ela estar ainda a definir-se enquanto corpo teórico e, em segundo lugar, de ter sido contituida como apoio à decisão. E, neste último caso, não interessava muito a cientificidade, mas sim a visão empírica do mundo e os resultados que a decisão iria acarretar.
Aceito a crítica. E tento, dentro das RI, combatê-la; nem sempre é assim fácil, quando não há uma tradição de questionamento, mesmo em termos da terminologia usada.
(Devias ter estado ontem num seminário aqui de RI. Aquilo é que foi desconstruir a ciência! Ou o saber, como preferirem)