Os comissários propostos por Durão Barroso para constituirem a sua equipa passaram/terão que passar pela análise do Parlamento Europeu, a quem compete a aprovação dessa mesma equipa.
A notícia do Público dá conta que o comissário do ambiente até foi aplaudido durante as três horas de entrevista, o que denota uma grande empatia daquele órgão com o eslovaco que apresentou medidas concretas e uma visão clara para o papel da União relativamente a esta área que tem estado na ordem do dia.
No entanto, convém lembrar que há dias o Parlamento não foi tão condescendente com outra futura comissária - a baronesa Catherin Ashton. Devo começar por dizer que o título de baronesa em todas as notícias que leio sobre a senhora irrita-me solenemente e faz-me duvidar se estou realmente a ler notícias sobre a União Europeia ou sobre a Corte de Luís XIV de França.
Mas voltando ao Parlamento, a senhora não foi assim tão apreciada; os eurodeputados foram bastante críticos, acusando-a de não ter uma visão clara e estratégica para temas centrais da política externa, por ser demasiado vaga nas suas respostas e por se opôr frontalmente à ideia de um comando único de uma tropa europeia, assim com uns contornos dos quais já não me recordo bem. Ora aqui está: o seu sangue britânico trai-a; denunciou uma das suas principais fragilidades, que é, além da sua inexperiência internacional (que faz com que seguia demasiado o Foreign Office), as esquisitices típicas dos ingleses, num posto importantíssimo e que se antevia que pudesse vir a fazer sombra a Durão Barroso. Está visto que não faz nem vai fazer e que a política externa europeia continuará a ser tema para muitos debates académicos, porque continuará a não existir...
André duas coisas:
ResponderEliminarO título é resquício de uma sociedade de estatuto mas, neste caso, é de uma senhora de origens muito modestas. Não é baronesa porque assim nasceu, mas por eventual mérito. Só é baronesa desde 1999...
Segunda coisa, podes elaborar um pouco sobre as "esquisitices inglesas"?
Abraço
"Esquisitices inglesas" foi a expressão informal para aquilo que em RI se conhece como o "opting out" inglês. Ou seja, um estar e não estar na União Europeia. O Reino Unido é dos países da UE com mais cláusulas, com mais excepções, com mais possibilidades de fuga às directivas comunitárias. Por questões que eu diria culturais, acabam por estar dentro da União, sem, ao mesmo tempo, estar.
ResponderEliminarPor exemplo, agora com o Tratado de Lisboa, em termos de Justiça, enquanto que para (quase) todos os outros países todas as cláusulas se aplicam, podendo estes evitar uma ou outra que colida com o seu código penal nacional, já o Reino Unido decide, caso por caso, se aceita ou não essas leis da UE no âmbito da Justiça, o que cria uma grande burocracia e complexidade (desnecessárias) ao aparelho europeu.
Não falo já da libra, mas a questão do "exército europeu", por exemplo, é outro caso, como muitos.
Em suma, para mim, o Reino Unido não é um país da UE em pleno; legalmente, é-o, mas na prática, essas hesitações e o seu eurocepticismo mais acentuado que em qualquer outro lugar que eu conheça fazem que se tornem num caso muito especial dentro da UE.
AHHHHHHHHHHHHHHH fugiste um bocadinho ao que queria. De facto isso é tudo muito certo (um pouco enviesado ;)), mas não relacionaste, para além de analogia superficial, com as actuais motivações da baronesa...
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