O Times Online noticiou outro dia que um dissidente chinês, Liu Xiaobo, está no seu segundo ano de detenção sem ter sido oficializada uma acusação. Este escritor e professor universitário foi preso no ano passado por ter sido co-autor de uma petição online que alertava para as questões dos direitos humanos na China e para o sistema de partido único que está estabelecido no país. Justificaram-se as autoridades com a genérica frase do incitamento à subversão, que anda mais na boca das elites chinesas do que comida na da miserável população.
No dia seguinte, o mesmo jornal relatou os últimos desenvolvimentos deste caso: finalmente, um ano (e alguma mediatização) depois, a acusação foi formalmente apresentada: incitamento de subversão, com uma pena de prisão que pode chegar aos 15 anos. A mulher do também já presente em Tianamen e também já detido por isso, Liu Xia, leu o documento da acusação e não está optimista, pois é lá referido que foi um "crime grave".
No dia seguinte, o mesmo jornal relatou os últimos desenvolvimentos deste caso: finalmente, um ano (e alguma mediatização) depois, a acusação foi formalmente apresentada: incitamento de subversão, com uma pena de prisão que pode chegar aos 15 anos. A mulher do também já presente em Tianamen e também já detido por isso, Liu Xia, leu o documento da acusação e não está optimista, pois é lá referido que foi um "crime grave".
Isto, por ter acontecido onde aconteceu, não é surpreendente nem nos deixa de boca aberta; não causa assim um escândalo tão grande e merecerá apenas uma breve peça num telejornal. Contudo, e para além das questões dos direitos humanos, que este senhor tão bem passou a conhecer, a pergunta que eu coloco é a seguinte: quem é que se lembra de dizer que a China é o challenger dos Estados Unidos?
Como pode um país destes fazer frente aos EUA e desafiar a sua posição de líder mundial?! Convenhamos que para "liderar" a comunidade internacional, não basta só dinheiro; há uma ideologia, questões morais e de princípios; os Estados Unidos falham em muitas, assim como qualquer outro país, mas a China abusa! Lá por produzir quantidades astronómicas de sapatos de plástico (desculpem, mas eu não consigo deixar de usar esta imagem tão ilustradora), não quer dizer que possa começar a definir os caminhos do mundo... Tem ainda um longo caminho a percorrer e uma economia a crescer à custa do sacrifício da população não basta, nem bastará.
A não ser que a comunidade internacional vá ao encontro da China nesses pontos que enumeraste.
ResponderEliminarAfinal os direitos fundamentais, princípios e moralidade não são uma preocupação da UE, por exemplo. Aqui é cometido o mesmo tipo de abusos que lá, só que numa escala menor. Mas, no meu entender, com tendência nitidamente crescente!
Um exemplo vem da tua querida Alemanha: todos os indivíduos do sexo masculino são escravizados durante um espaço de tempo ao serviço da colectividade. Chamam-lhe serviço militar ou, se o rapaz preferir, civil... Pois...
Bem, eu espero mesmo que isso não aconteça. Penso que, apesar de acontecimentos pontuais que podem efectivamente corroborar essa sensação de um crescendo em termos de abusos pela UE, a tendência não será essa. Os esforços no sentido contrário também existem: o acervo comunitário, a chamada der atenção para situações de violações dos DH, as preocupações ambientais agora em Copenhaga, fundos de coesão e aproximação, etc. Mesmo nesse caso que referiste (e discordando, como sabes, dessa perspectiva de imposição ou coerção às liberdades individuais), e mesmo sendo eu contra a conscriação militar obrigatória, o que é certo é que há uma evolução: dessa mesma conscrição militar obrigatória para uma de natureza civil; certamente mais tarde ambas serão de natureza voluntária, não sei. Custa-me é, em relação à Alemanha ou à restante UE, afirmar que o processo é paralelo ao da China, quando estas duas realidades são astronomicamente diferentes...
ResponderEliminarAstronomicamente diferentes em dimensão mas não em tipo. Era sobretudo isso que pretendia dizer.
ResponderEliminarEntendo o teu raciocínio sobre a evolução, de militar para civil. Mas estou em completa oposição. Militar ainda tem aquela desculpa de que é para defender a integridade física dos cidadãos (e que é, porventura, A função do Estado). O serviço civil nem esta desculpa (esfarrapada) tem. De qualquer forma creio que não negas que ambos são escravatura.
Continua com o bom trabalho.