A batalha que a coligação liderada pelos EUA no Afeganistão está a travar é, fundamentalmente, contra os taliban e a sua protegida al-Qaeda, a par com outras organizações extremistas islâmicas menores.
O que está realmente em causa nesta luta, para além de interesses subsidiários também menores, é a segurança internacional. Isto porque se os Taliban (grupo inicialmente formado por estudantes islâmicos que queriam governar no Afeganistão) têm uma tendência natural de circunscrição ao espaço afegão, a dimensão da al-Qaeda é essencialmente transnacional. E isto causa graves e sérios e preocupantes problemas a toda a comunidade internacional.
Enquanto organização moderna que é, a al-Qaeda funciona anonimamente em dezenas de países e espalha-se como perfeitas metástases de um cancro que é o fundamentalismo seja ele de que religião for.
Dois sinais foram visíveis nos últimos dias:
O primeiro, a tentativa de um nigeriano de fazer explodir um engenho num avião com destino aos Estados Unidos. É África como um dos principais acolhedores de visões extermistas de alguém que contraria e combate os ocidentais. Isto porque o autor da tentativa de crime, que resultou apenas em queimaduras suas, era filho de um banqueiro nigeriano e teria, com algumas suspeitas do pai nesse sentido, ligações àquela organização islâmica (ou seria, por enquanto, um aspirante). Não deflagrou, mas podia ter deflagrado; não matou, mas podia ter causado a morte a umas dezenas de pessoas.
O segundo é a notícia de que a al-Qaeda estará a planear ataques a partir da sua base... no Iémen. Pois, já não é só no Afeganistão e no Paquistão onde ela está mais activa, tendo-se estendido para um dos países árabes mais pobres, onde veicula os seus valores e ideologias anti-ocidentais e de violência, cada vez mais activamente.
Estes acontecimentos exigem uma reflexão profunda sobre as nossas concepções de guerra e de intervenção, especialmente, claro está, no caso do Afeganistão e do Paquistão e a necessidade de compreensão do conceito mais alargado de segurança, para lá daquele de curto-prazo e de imediato. Não é uma guerra ao terror, não é o eixo do mal; é, simplesmente, conter um dos actuais grupos mais perigosos porque eficazes, influentes, extremistas e violentes, que têm capacidade para pôr em causa a segurança internacional.
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