Já desde Junho que o Irão vive, constantemente, tumultos e manifestações nas ruas, muito na onda do que se passou aquando da Revolução Iraniana de 1978/9. A diferença é que não está no poder um Xá com pouco vigor e uma população inflamada, mas um ultraconservador, apoiado por todas aquelas estranhas e rígidas hierarquias clericais que fundem a religião e o Estado, numa prática teocrática tão bem conhecida.
Essa diferença é suficiente para eu estranhar que a "aceitação" desta instabilidade nas ruas de Teerão se tenha prolongado desde Junho até agora; mas os líderes iranianos acharam que já chegava de brincar às democracias ocidentais no Irão e avisaram que se acabou a tolerância - notícia do Público de ontem.
Não obstante as duas centenas de detidos (números oficiais iranianos) na sequência destas manifestações pró-Mousavi, a situação vai deixar de ser uma brincadeira. Diz a mesma notícia:
“As forças judiciais e policiais têm agido até agora com contenção com o propósito que os inimigos [do Estado] sejam claramente identificados por aqueles que os desconhecem. Mas declaro que a partir de hoje não haverá nenhuma tolerância”, afirmou Gholamhossein Mohseni Ejeie, numa conferência de imprensa na capital.
Ora, o Times Online adianta outro pormenor destas novas regras do jogo no seu título: "Iran threatens to arrest opposition leader Mir Hossein Mousavi", precisamente na lógica da política de fim de tolerância aos opositores do regime.
Estou espantado com esta paciência iraniana; vamos lá ver o que vai acontecer daqui para a frente...
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