Há uns tempos, escrevi um post aqui no blogue sobre a detenção (durante um ano sem acusação) de um dissidente chinês, veterano de Tianamen, crítico do status quo chinês.
Precisamente no dia de Natal, a 25 de Dezembro, foi notícia na imprensa internacional o resultado do julgamento de Liu Xiaobo, condenado a 11 anos de prisão e mais dois de perda de direitos políticos. A acusação foi clara: "incitamento à subversão do poder do Estado." Este julgamento durou alguns dias apenas, foi criticado por alguns países ocidentais e não pôde contar com a presença de jornalistas para fazerem o relato do mesmo.
A China clama que todos os outros países estão a meter-se em assuntos que são da sua soberania e jurisdição e ignora as críticas lançadas por vários líderes, tanto europeus, como dos Estados Unidos.
A pena, que poderia ir até os 15 anos de prisão, é ainda assim a mais pesada dos últimos anos para crimes deste género. Daí se possa concluir que o regime não esteja para abrandar na pressão que exerce junto da sociedade.
Como refere Jane Macartney, correspondente do Times na China, "o partido revela um medo quase patológico do seu próprio povo. Que ele possa ter medo de um professor de literatura de 53 anos virtualmente desconhecido entre os seus 1,3 biliões de conterrâneos é uma demonstração de fraqueza." E é-o, efectivamente. Mas porque o PCC sabe, perfeitamente, o perigo do exemplo, do precedente, da excepção, da fuga e da perda de controlo, num país constantemente ameaçado de desintegração.
Mas simultaneamente, como diz o mesmo autor, revela um sinal de auto-confiança, uma vez que se mostrou capaz e inabalável perante as críticas e os apelos das potências ocidentais. Parece uma China cada vez mais consciente do seu lugar de terceira potência mundial, que também lança as cartas na cena internacional, como foi visível em Copenhaga.
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